Após a nossa pequena conversa um tanto emotiva no quarto, Sofia veio nos fazer companhia. E assim passamos boa parte da tarde, risos, brincadeiras e conversas. Após Sofia insistir muito, Callie acabou concordando em levá-la a pracinha próxima a nossa casa. Haviam se passado menos que meia hora quando ouvi a campainha, e estranhei o fato de voltarem tão cedo. “Será que Callie esqueceu a chave?” eu pensei. Afinal, eu havia lhe dado a chave que um dia a pertenceu, antes de ela sair com Sofia. Ao abrir a porta levei um susto, e ao mesmo tempo um leve desespero tomou conta de mim.
Carina?! – franzi o cenho ao ver a mulher parada na minha porta, com café e uma caixa em mãos, que julguei serem dunnuts.
Atrapalho algo? – perguntou já entrando e me dando um selinho.
Na... não – fechei a porta e a segui até a cozinha. – só não esperava que viesse aqui ainda hoje.
Oh, me desculpa vir sem avisar então. É que tive uma Cesária de emergência como bem sabe, mas acabei perdendo a mãe e ... – começou a chorar e eu podia entender muito bem aquele sentimento de incapacidade que a sondava no momento.
Ei – levantei sua cabeça e a encarei – está tudo bem. Quer dizer, não está, mas infelizmente nós não somos capazes de salvar todo mundo. Eu sei que você deu o seu melhor. – ela baixou a cabeça novamente – ei, olha pra mim – dirigi minhas mãos ao seu rosto e sequei suas lagrimas com o indicador – eu estou aqui agora com você e vai ficar tudo bem, ok? – ela acenou positivamente, lhe dei um beijinho no nariz e a abracei.
Obrigada, de verdade. – falou ainda abraçada a mim – Me sinto péssima.
Vamos esquecer isso, ok? - peguei as coisas de suas mãos e depositei na bancada – O que você trouxe para nós? – perguntei já abrindo a caixa e quando ia pegar um dos dunnuts senti um tapa em minha mão.
Vê se não come tudo – falou com cara de brava – os trouxe para Sofia.
Que pena que ela não está aqui então – lhe lancei um olhar travesso e comecei a comer. – É sério, pare de mimar Sofia.
Eu simplesmente não consigo, sua filha me conquista a cada sorriso que esboça naquele rostinho lindo. – Sorri abertamente e me sinto aliviada por conseguir distrai-lá. – Onde está ela já que não está aqui?
Callie a levou na pracinha. – dei de ombros.
Ah, tinha me esquecido que ela tinha voltado. – tomou um gole de seu café e me olhou curiosamente – Como você está com tudo isso?
Estou bem, eu acho. – olhei para o nada.
Carina era uma espécie de Mark para mim, nós nos dávamos muito bem na cama e fora dela, temos uma amizade maravilhosa e eu gosto demais de sua companhia. Eu sabia que se resolvesse voltar com Callie ela entenderia e me apoiaria. Mas, ela vinha agindo estranho ultimamente, como se realmente estivesse apaixonada por mim e eu não queria magoa-lá. Na verdade eu nem sei no que pensar no momento, estou confusa demais e também não seria legal de minha parte ficar com ela sabendo que meu coração pertence a outra.
Terra chamando Arizona – a vejo estalar os dedos em minha frente e sorriso fraco.
Me desculpa, o que estava falando mesmo? – voltei a olhar para mulher na minha frente.
Ela não voltou só pela Sofia, não é mesmo? – afirmei e a vi suspirar – Ela te disse isso?
Meio que disse – encarei minha mão que brincava com a planta em cima da bancada. – Não sei o que pensar Carina.
Não quero se prenda por minha causa, ouviu? O que nós temos é bom e se precisar acabar para você ser realmente feliz, vai acabar. – vi uma lágrima solitária escapar e meu coração se partiu – Eu gosto de você, gosto muito. Mas eu não posso ser egoísta ao ponto de fazer você abrir mão do amor da sua vida pra ficar comigo. E além do mais eu não viveria tão bem assim por saber que está comigo, mas amando outra. – revira os olhos e me lança um sorriso.
Você não existe Carina – Sorri para ela e a mesma sorriu de volta – eu também gosto muito de você.
Pena que não o suficiente – sorriu fraco – mas se Callie der uma bola fora eu estou aqui para curtirmos muito. – piscou para mim e soltei uma gargalhada.
Como nos velhos tempos – pisquei para ela – parece até que nós deixamos de nos pegar a anos e anos.
Você me entendeu bobinha – me deu língua – Venha aqui – abriu os braços em um convite e desci do banco em que estava para abraçá-la.
Vai dar tudo certo – sussurrou em meu ouvido e me apertei ainda mais ao seu abraço.
Logo após o nosso momento na cozinha, resolvemos ir a sala assistir um filme e acabei fazendo uma pipoca. Sentei na ponta do sofá e pus uma perna em cima do mesmo, Carina deitou entre minhas pernas e comecei a fazer um cafuné em sua cabeça. Eu gostava dos nossos momentos assim e sabia que ela precisava de carinho naquele momento. Após quase uma hora de filme ouvi a porta abrir e uma Sofia saltitante entrar na sala.
Tia Carina! – ela gritou e se jogou em cima de nós.
Oi meu amor, que saudade! – disse abraçando minha filha e ainda deitada em minhas pernas.
Mas a gente se viu hoje de manhã – ela ria das cócegas que Carina fazia nela.
É ... – parou como se estivesse refletindo em algo muito importante. – Isso é verdade, mas mesmo assim a tia sentiu saudades. E trouxe uma coisa pra você.
O que? O que, tia? – quando Carina ia responder a pequena, Callie entrou na sala e ao vê-la deitada ali e com Sofia nos braços seu sorriso desmanchou, e sua expressão passou a ser confusa.
Oi, boa tarde... – disse Carina sem graça e já se levantando, Callie apenas acenou para ela – Por que não vai lá na cozinha ver? Está em cima da bancada princesa. – E Sofia saiu correndo para cozinha.
Calliope, essa é Carina. E Carina essa é Callie a outra mãe de Sofia – disse me levantando e parando ao lado de Callie.
Boa tarde Carina, prazer em conhece-la. – estendeu a mão para Carina que a pegou a cumprimentando.
Bom, eu já vou indo... – disse se levantando e pegando sua bolsa no sofá – E Zona – parou próxima a porta – Pensa no que eu te disse. – piscou para mim e gritou um “Tchau, princesa” para Sofia.
Legal essa Carina – disse se sentando no sofá – São mesmo apenas amigas?
Eu não tenho obrigação de te responder esse tipo de pergunta, mas sim. – sentei no sofá em que estava. – Nós somos apenas amigas.
Me desculpe, eu não queria... – suspira e abaixa a cabeça – sei que não devo me meter na sua vida.
Está tudo bem! – Sorri fraco e voltei a dar atenção ao filme.
O que está assistindo? – seus olhos intercalavam entre mim e a TV.
O quarto de Jack, é muito bom por sinal – disse olhando para ela. – Vale a pena ver.
Se importa se eu te fizer companhia? – disse receosa e bati no espaço ao meu lado no sofá.
Depois que o filme acabou levei Sofia para um banho pois a mesma estava colando de tanto que brincou com sua mãe na praça. Pedimos comida em um restaurante próximo para o jantar já que nenhuma de nós estava disposta a encarar a cozinha e preferimos apenas passar o resto do dia vendo filmes. Vez ou outra eu olhava para Callie e nossos olhares acabavam se encontrando e sorriamos. Fiquei pensando nas palavras de Callie mais cedo e nas de Carina, realmente eu estava precisando ser feliz novamente e sabia que só conseguiria isso ao lado das mulheres de minha vida. Estava disposta a conversar com Callie, mas não seria hoje.
Eu tinha uma escolha em mãos para fazer e isso era importante. Afinal, ficar ou não com Callie? Essa questão martelava em minha mente e eu sabia que não poderia responder isso sem ter ao menos uma conversa descente com ela. Mas, acontece que basta só seus olhos encontrarem os meus, e eu já perco os sentidos, e vem a necessidade de me entregar a latina. Que vida mais ferrada essa minha.
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Infatuation
FanficArizona se vê perdida ao ter a chegada de Calliope Torres em Seattle. Deveria ela investir em um novo amor, ou apostar todas as suas ultimas fichas naquile amor que nunca envelhecia?