Elarion - Recorte 1

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O vento deslizava por entre as grandes árvores derrubando folhas já alaranjadas dos galhos antigos, enquanto uma pena dançava sobre o papel guiada pelas habilidosas mãos de um rapaz, que pôr pouco não fora derrubado de seu aconchegante galho no meio das árvores como tantas folhas que tinham a mesma coloração que seu cabelo, as suas mãos velozes fizeram com que se agarrasse em uma forquilha a sua esquerda, mas isso lhe custou a pena que estava segurando.

Quando o jovem decidiu por voltar ao mundo real e descer de seu refúgio nas árvores para recolher a pena que agora jazia em destaque no chão, percebeu que a tarde já havia se tornado em um vivo por do sol que logo daria lugar as estrelas, mas a sua visão sairá da cativante paisagem para o som distante de um sino, o alerta o fez pegar a pena juntamente com poucas folhas e correr em disparada a uma colina ao norte, em direção ao que ele longe se pareciam com casinhas amontoadas perto de uma estrada de pedras.
Por azar ou sorte, assim que os últimos raios de sol se encontravam no horizonte, alguém que parecia ter corrido uma milha entrou com um pulo, não tão atlético, através de onde ficava uma humildade janela, mas agora era o lugar reservado para um buraco na parede de pedra, que pertencia a primeira casa do vilarejo, mas assim que aquela figura masculina passou metade do corpo para dentro da casa, acabou por se chocar com sua colega de quarto gerando um estrondo contra o chão de madeira, e eles girarem em direção a uma porta de madeira até a atingirem em cheio.

- Mas que loucura é essa Elarion? Não sabe que existe uma porta nesta casa? Não pode pular isso sempre que quiser, nem sequer temos uma janela porque você a quebrou e agora seu alvo sou eu?

O ruivo abaixou a cabeça em busca de sua pena na bolsa que carregava, ao abri-la despejou um punhado de folhas no chão o que foi o estopim para que a jovem gritasse novamente

- Mas não consegue ver que o chão está limpo homem? O que tens nessa cabeça?

Assim que encontrou a pena e uma tira de papel Elarion se pôs a escrever um pedido de desculpas e o entregou quase aos prantos

"Minha querida irmã não se aborreça com meus saltos em busca de abrigo, não posso estar no bosque sozinho. Eu estava buscando palavras antes do luar, mas quase me perdi quando fui voltar, minha única opção foi saltar, para evitar que você viesse a se preocupar, não queria incomodar"

- Você sabe que isso não é justo, e é claro que te perdoou, só olhe antes de pular na próxima vez irmão

A jovem que já estava de pé dobrou o pequeno papel e se jogou nos braços do irmão para encontrar um abraço apertado, mesmo sem voz Elarion dizia mais que todos através de um papel, e para ela, cada papel continha uma gravação daquela belíssima voz que não podia ser escutada.

Após algum tempo os dois já haviam esquecido o incidente e o jovem pode voltar a seu afazer favorito, os treino de esgrima, poderia parecer controverso, mas a mesma mão que controlava com leveza uma pena sabia da mesma forma desferir golpes mortais.
Elarion tinha exigências para sua espada  (as quais nunca haviam sido realizadas pela sua condição tão simples, mas os sonhos de um garoto podem criar asas na maioria das vezes) os ferreiros e artesãos da região acabavam sempre rindo de tais requisitos, que só as forjas reais seriam capazes de realizar, o cabo teria que ser envolvido em couro tingido de um vermelho vivo, seguido de uma única peça de aço, leve e resistente, dando espaço para a inscrição de seu nome na lâmina.
Mas enquanto sua hora de glória no exército real não chegava, Elarion se deleitava com uma simples espada para defender a casa que tanto amava.

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