Abri os olhos há mais ou menos 15 minutos, mas acho que não acordei direito ainda. Por enquanto a coisa mais interessante que estou fazendo é encarar o teto.
— Hildegard, querida — minha mãe bate na porta — hora de levantar.
— Já estou indo — finalmente levanto.
Vou ao banheiro e me arrumo ao som de Shape of you. Nada como uma música animada para começar bem o domingo.
Desço, abro a geladeira e pego minha vitamina de frutas que já tinha sido preparada pela minha mãe.
— Bom dia — dou um beijo na bochecha do papai e um abraço na mamãe — Precisam de ajuda com o almoço?
— Obrigada querida, pode ir colocando a mesa, por favor? — meu pai fala enquanto mexe o molho das panquecas.
Assinto e realizo minha tarefa.
Perto do meio dia meus parentes começam a chegar. Abro a porta e me esforço para ser simpática com todos.
Em poucos minutos a casa está cheia e me vejo em uma daquelas típicas cenas de almoço em família aos domingos. Cheio de tios repetindo a sobremesa e tias perguntando sobre os namoradinhos.
"E os namoradinhos?"
Detesto quando fazem essa pergunta. Não pelo simples fato de que não devo satisfações da minha vida amorosa, mas pelo fato de que meus antecedentes não são os melhores.
Algumas pessoas podem pensar que, por eu ter apenas 15 anos, minha vida amorosa é curta e sem complicações. Não concordo totalmente. Na verdade, ela é meio... problemática.
Meu problema tem nome e ontem mesmo esbarrei com ele.
Nicholas Fremont.
O típico jogador do time de lacrosse, o Royal Tiger, e o famigerado "rei" da escola. O que fica com todas e depois quebra o coração delas. Mas minha história com ele é bem mais antiga que o começo de seu reinado.
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— Ele me chamou pra sair hoje Grendha — falo animada.
— Não acredito que você tem um encontro com Nicholas Fremont, o mais gato da escola — acho que ela estava mais animada que eu.
Grendha me ajuda a escolher a roupa e fazer maquiagem e penteado. Eu estava super empolgada, íamos em uma sorveteria que eu amava.
Chego lá exatamente no horário combinado, às 15:00. Mas ele não estava ainda. Sentei em uma mesa. A cada minuto que passava, minha ansiedade e nervosismo aumentavam. Depois de 4 sorvetes, já estava quase desistindo e indo embora, quando ouço o sininho de cima da porta tocar, indicando que um novo cliente chegara.
Olho animada pra entrada, mas fico confusa porque não era Nicholas, e sim seus amigos Peter e Tobias. Eles vêm falar comigo e dizem que Nicholas me espera do lado de fora.
Então vou ao seu encontro.
Quando o vejo, abro um enorme sorriso. Não acredito que entre todas as garotas ele quis sair comigo.
— O-oi — digo tímida e muito nervosa — seus amigos disseram que estaria aqui.
— Sim, eu queria te dar isso — ele diz e me entrega uma caixinha rosa e cintilante.
— Pra mim? — me surpreendo.
Naquele momento, a felicidade não cabia dentro de mim. Meu coração batia tão rápido que quase saltava do peito. Quando abro a bela caixinha me deparo com um cartão que continha os seguintes dizeres:
Para que você consiga dar
um jeito nesse seu fedor.
Aprenda a tomar banho.E em baixo vinha um sabonete.
— Pensou mesmo que eu gostava de você? — ele diz entre risos — Que ridícula!
Um nó se forma em minha garganta. O choro é inevitável. Olho para ele com lágrimas escorrendo pelo rosto. E, ao som das risadas dele e de seus amigos, saio correndo do lugar que eu nem deveria ter ido.
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Aos 11 anos, meu coração foi partido pela primeira vez por Nicholas Fremont. Foi difícil superar. Eu era apenas uma criança e nem tinha mais vontade de ir pra escola. Passado um tempo, eu me acostumei com os olhares e cochichos. Alguns de pena, outros de deboche. Comentários do tipo "Coitadinha, como tem coragem de aparecer na escola?" ou "Esperava o que? Pensou que era alguém de quem Nicholas gostaria?" eram comuns.
Aos 13 tive alguns paqueras, mas nada sério. Não me apegava com ninguém e tinha problemas para confiar demais.
Meus amigos dizem que já faz tempo e que preciso superar isso de uma vez por todas, e conhecer gente nova. É difícil, mas eles estão certos.
A partir de hoje eu, Hildegard Chandler, estou determinada a esquecer Nicholas Fremont e voltar a ser feliz.
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Revive
Teen Fiction"Quanto mais amados, menos afirmações precisamos" O que fazer quando se quer algo que pode acabar com você? Como fazer pra se levantar quando algo te derruba? Como lutar contra as dificuldades em busca da felicidade? Como encontrar o amor?