- Eu posso levá-la para casa - diz um garoto cuja voz não consigo identificar, ainda não consegui abrir os olhos.
- Obrigada Gabe - Grendha diz, fazendo com que eu descubra quem é que vai me dar uma carona.
Antes que eu pudesse protestar, sinto meu corpo ser erguido por braços fortes. Assim que atravessamos a porta, a brisa gelada da madrugada me atinge, fazendo com que eu desperte totalmente. Ainda um pouco tonta - e agora ficando enjoada - coloco o capacete que me é oferecido e subo na motocicleta que está a minha espera.
- Segura firme - Gabe diz, acelerando.
Permanecemos calados durante todo o caminho. Até que ele para em frente à minha casa e diz:
- Chegamos.
Desço da moto e tropeço em meus próprios pés.
- Opa, cuidado - ele me segura, reflexos rápidos - Você tem uma cópia da chave?
- Tenho.
- Vou esperar até que entre, é perigoso que fique aqui sozinha.
Abro a porta. Seus olhos fixos em mim.
- Obrigada por me trazer, foi muito legal da sua parte.
- Bem, eu não ia deixar uma garota bêbada sozinha por aí né? - ele diz bem humorado - Mas quando precisar, eu estou à disposição. De verdade.
- Obrigada mas uma vez - abro um sorriso simpático.
Assim que a porta se fecha atrás de mim, escuto a moto acelerar e seu ronco ficando cada vez mais distante.
Agora entendo porque as pessoas bebem. Isso faz com que elas esqueçam, mesmo que momentaneamente, daquilo que os angustiam.
Tiro rapidamente meus sapatos e, sem trocar de roupa, me jogo na cama, caindo em sono profundo logo em seguida.
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- Filha, toma esse remédio que vai te ajudar - minha mãe diz, me entregando uma cápsula e um copo d'água.
Confesso que tenho uma certa dificuldade em engolir remédios que não sejam líquidos, mas a necessidade é maior, então a gente toma, né?
- Hildegard, eu não entendo o motivo pra você ter bebido tanto - ela diz preocupada, mas logo seu semblante muda - Não vou brigar com você dessa vez porque lembro do meu primeiro porre e sei que está tendo a punição cabível com essa ressaca.
- Valeu, Dona Rose - digo rindo - Eu nunca mais quero fazer isso, mas acho que é meio difícil.
Antes que ela pudesse responder seu celular toca.
- É a sua avó no telefone - ela diz enquanto pega o aparelho e o leva até a orelha - Alô, mãe. Sim, sim. Tudo bem por aí? Eu acabei de chegar do mercado e...
Não consigo mais escutar a conversa, pois já estou no banheiro. Resolvi tomar um banho.
Enquanto olho a banheira encher, imagens da noite passada invadem minha mente.
O que passou pela minha cabeça? Por que eu agi daquela forma? Até parece que eu não sabia que ele estaria naquela festa e que ele iria ficar com alguma garota lá. Ele sempre fica com quem ele quer. Todas estão aos seus pés. Ele não se preocupa com ninguém que não seja ele mesmo.
E pensar que já confiei nele. Naquela época eu era pequena e inexperiente e sua lista de corações partidos estava apenas começando.
Ainda não sei por que achei que naquela noite seria diferente, por que me surpreendi com sua atitude. Pensando agora posso parecer boba, mas acho que ontem, me olhando no espelho, realmente pensei que fosse ser diferente.
Me perco nos meus pensamentos e volto a mim assim que a banheira transborda e a água toca meus pés. Me apresso para trancar a torneira e começo meu banho. Poderia passar horas aqui.
Meu momento de silêncio e relaxamento é interrompido pelo barulho do meu celular, notificando que eu recebi uma nova mensagem. Fico curiosa e resolvo dar uma olhada.
???: E aí Hild (posso te chamar assim né?) É o Gabe. A Grendha me passou seu número. Queria saber como você está.
Eu: Ah, oi Gabe. Tudo bem, tirando a dor de que um dragão está engolindo minha cabeça haha.
Gabe: E o que acha de darmos uma volta qualquer dia desses, se você não tiver ocupada?
Eu: Hã, deixa eu ver na minha agenda... Acho que eu arrumo um horário pra você, apesar de ser muito ocupada. Haha
Gabe: Mas que honra haha. Pode ser amanhã então?
Eu: Combinado! :)
Gabe: Até lá, então ;)
Só agora percebo que estou olhando pra tela do celular e sorrindo. Não sei por que, afinal é só um passeio. Nada de mais.
Céus! Eu preciso sair dessa banheira. Daqui a pouco viro um sapo - penso comigo mesma, quando percebo que já se passaram 3 horas.
Assim que termino de me vestir, meu telefone toca. Estou bem procurada hoje, pelo que parece.
- Oi Grendha... e Theo - parece que eles dois estão no mesmo lugar.
- O Gabe já falou com você? - Grendha pergunta animada.
- Sim, ele me mandou uma mensagem.
- E aí? Fala pra gente - Essa foi a vez de Theo se animar.
- Senhores, tenho um encontro.
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Revive
Teen Fiction"Quanto mais amados, menos afirmações precisamos" O que fazer quando se quer algo que pode acabar com você? Como fazer pra se levantar quando algo te derruba? Como lutar contra as dificuldades em busca da felicidade? Como encontrar o amor?