Susan Carter

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As aulas seguintes foram entediantes. Não vi nenhum dos Mallory na aula de Educação Física, mas fiquei na mesma sala que Henry e sua irmã durante o quarto período, que era Química. Os dois sentaram em uma parte afastada do laboratório, quase que do lado oposto a onde eu e Amber fazíamos duplas.

Na hora do almoço, o refeitório estava uma bagunça. Todos os alunos estavam cumprimentando seus amigos que não conseguiram ver durante os intervalos das aulas, havia gente rindo, conversando, gritando e reclamando da comida fria e industrializada que estavam servindo.

— Então, o que acharam deles? — perguntou Jeff, apontando para a família sentada em uma mesa perto da janela.

A luz do sol que invadia o espaço conseguia deixar suas peles ainda mais brancas. Todos estavam próximos uns dos outros, mas ao mesmo tempo, pareciam muito distantes. Ninguém conversava ou comia. Eles apenas ficavam lá. Parados. Olhando as pessoas com um notável tédio.

— Eles são lindos. Principalmente os garotos. — disse Amber suspirando.

— Eu não sei bem o que acho. Não fui muito com a cara deles. — disse Ethan. Vi que as meninas na mesa se viraram chocadas com o comentário dele. — Eles chegaram de repente e ninguém sabe nada a respeito deles. Isso é estranho.

— Bom, eu sei que a mais nova é uma freshman, ela se chama Ivyrina. – explicou Stacy. Amber fez uma cara de desgosto ao escutar o nome dela. — A "loira modelo" se chama Diana. Ela é a mais velha, mas repetiu o ano e agora esta na sala dos dois irmãos, Henry e Mikhael. Eles são gêmeos.

— Esses nomes são horríveis. Eles vieram de outra época por acaso? Acho que nem minha bisavó os usaria. — reclamou Amber.

Não sei o motivo, mas seus nomes me atraiam. Eram antigos, assim como o meu. Era difícil conhecer alguém que também tinha um nome diferente e ultrapassado.

— Como você sabe disso? — perguntou Jeff um pouco espantado.

— Escutei Mary e Elise comentando na aula de trigonometria, mas não faço ideia de como elas descobriram. — explicou Stacy, dando uma mordida em seu hambúrguer.

Mary e Elise eram consideradas o portal das fofocas da escola. A tia delas era diretora e por isso, elas tinham acesso a qualquer informação estudantil antes de qualquer um. Lembro-me de uma vez que Ethan e eu colocamos um rato na maleta do Sr. Allen e elas contaram para toda escola.

— Eles não podem ser gêmeos. Olhe só para os dois. Eles não são nada parecidos. — disse Amber.

Não pude deixar de rir junto com o pessoal ao escutá-la.

— Eles são gêmeos bivitelinos, Amber. — Ethan tentou explicar carinhosamente, mas a garota continuou com uma expressão confusa no rosto. — Significa que eles são gêmeos não idênticos. — Ele simplificou.

Enquanto eles entravam em uma discussão tentando explicar biologia para Amber, me permiti olhar para a mesa dos Mallory discretamente. Vi que Henry, assim como seus irmãos, possuía um sorriso no rosto, como se alguém tivesse contado algo engraçado recentemente.

Mas o estranho era que eu não havia visto nenhum deles conversar entre si ate agora.

A mais nova, Ivyrina, parecia absorta em um mundo só dela. Olhava as árvores perto da janela e de vez em quando, sorria sozinha. Ela poderia interpretar alguma fada em um filme da Disney se quisesse.

Diana, ao contrário da irmã, parecia focada em alguma coisa. De vez em quando, era possível vê-la fechando os olhos impaciente ou cerrando os pulsos. Não entendi muito bem o motivo, afinal, ninguém estava conversando com ela. Mikhael também estava sério, observava com atenção as pessoas do refeitório e de vez em quando esboçava um sorriso.

Os Segredos da Noite - Além das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora