Kate Hoyer
Primeiro dia de aula.
Para muitos, uma chance de recomeçar.
Para mim, o começo da tortura.
Infelizmente, neste dia, eu resolvi tentar ser igual às outras pessoas e dar uma nova chance a este ano escolar. Devido à morte de meu pai no começo do ano passado, eu me afastei de todos os meus amigos. Quase repeti a série e passava a maior parte do tempo no meu quarto.
Mas decidi que este ano será diferente. Chega de lamentação e sofrimento. A morte é algo inevitável e eu finalmente consegui aceitar isso.
— Kate! Eu preciso tomar banho também! — minha irmã bateu na porta já impaciente.
Desliguei o chuveiro e me enrolei na toalha. Olhei para o espelho embaçado e consegui ver as olheiras arroxeadas se destacando em meu rosto. Fazia duas semanas que eu não conseguia dormir.
Desde que eu voltei daquele bar no centro, um mesmo sonho vem me atormentando todas as noites. Aparecia sempre um mesmo garoto, de olhos azuis acinzentados e cabelos escuros e ondulados. Ele estava nervoso comigo por um motivo que eu não compreendia. Todo o sonho parecia ser uma memória escura e vaga. Talvez tivesse sido a bebida.
Talvez ele nem tivesse realmente existido.
Peguei minha nécessaire com algumas maquiagens e dei um jeito de cobrir aquelas olheiras.
— Katerina!— minha irmã gritou mais uma vez.
Argh! Eu odiava aquele nome.
— Pronto! O banheiro é todo seu, Hailey. – encontrei a menina, de cabelos loiros bagunçados e pijamas amassados, de braços cruzados para mim.
— Ei! – ela agarrou meu braço. — Você esta de... maquiagem? — sua cara era de surpresa.
Afirmei com a cabeça.
— Por quê? — ela arqueou as sobrancelhas.
— Precisa de um motivo?
— Não, eu acho. É só que... faz muito tempo que eu não te vejo assim. — seus olhos fitaram cada canto de meu rosto e ela fechou a porta.
Após vestir minhas roupas, desci para tomar café e encontrei minha mãe, já com seu uniforme de xerife, lendo um jornal.
— Bom dia — disse, mas a mulher me ignorou. — Mãe? Mãe!
Ela se assustou e deixou pingar um pouco de café no jornal.
— Desculpe, não te vi ai. – seus olhos continuavam vidrados no papel.
Abri o armário e peguei uma caixa de cereal recém-aberta. Despejei um pouco em uma tigela e cobri com leite.
— Posso saber o que aconteceu de tão importante? Já que isso esta tomando toda a atenção que você deveria estar dando para a sua filha.
Ela riu com meu comentário.
— Não é nada demais, não se preocupe.
Mas não parecia ser nada demais. Eu conhecia aquela expressão em seu rosto. Algo a preocupava.
— Xerife Hoyer? Esta na escuta? — escutei seu rádio comunicador.
— Sim, pode falar Sawyer. — respondeu minha mãe, apertando o aparelho para falar.
— A família da garota está aqui para falar com você. — ela olhou para mim e largou a xícara de café na mesa.
— Mãe? — perguntei na esperança de que ela me explicasse o que estava acontecendo.
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Os Segredos da Noite - Além das Sombras
VampirosDesde que visitou aquele bar, sonhos estranhos vêm atormentando Kate Hoyer todas as noites. Ela não sabia se aquele garoto, de cabelos escuros e olhos azuis acinzentados havia sido real ou apenas fruto da sua imaginação. Porém, ao vê-lo no primeiro...