As cenas começaram a se repetir. Eu não conseguia escutar sua voz ou decifrar o que ele estava falando, mas seu rosto estava mais nítido. Eu tinha certeza. O garoto do sonho era Henry.
E então, pela primeira vez, o cenário mudou. Não estávamos mais no Johnny's.
Meu sonho estava bastante escuro, mas eu conseguia ver um campo com uma grama queimada. Havia tiros e gritarias pelo local. Várias casas estavam sendo queimadas e pessoas corriam por todos os lados. Duas embarcações se aproximavam da costa. Estávamos em um cenário de batalha. Um oficial se aproximou de mim, mas não consegui ver seu rosto. Percebi que em seu uniforme estava estampado o brasão de Hayden Hills.
Quando ia perguntar para o soldado onde estávamos, um vento forte invadiu meu quarto e o bater das janelas me acordou. Olhei para o despertador ao meu lado e vi que era 4:37.
Não entendi muito bem meu sonho, mas então me lembrei da aula do Sr. Allen. Peguei meu computador, já que havia perdido o sono, e digitei nas buscas: "Batalha de Hayden Hills".
Pelo que eu havia entendido, havia sido uma batalha aonde parte dos franceses, que vieram para a Guerra Franco-Indígena, se deslocaram para Hayden Hills. O conflito durou apenas um ano, tendo a vitória por parte dos Ingleses.
O que mais me chocou foi o número de mortos. Mais de 500 pessoas morreram, mas isso era em uma época em que a população total da cidade não conseguia chegar a mil. Poucas famílias sobreviveram ao ataque.
Eu estava tão absorta em minha pesquisa que me assustei quando o relógio despertou as 6:00. Levantei rápido e entrei para tomar banho. Enquanto a água caia sobre meus ombros, um pensamento bastante curioso me veio à cabeça:
"Se Henry acabou de se mudar de Londres, como ele sabia com tanta precisão a data da nossa batalha? Hayden Hills não é uma cidade famosa, então como ele tinha conhecimento desse conflito?"
Desliguei o chuveiro e comecei a escutar passos que indicavam que minha mãe e Hailey estavam acordadas.
Peguei um vestido preto de mangas, que ganhei no meu aniversário de 16 anos de minha tia Ângela. Ele ia ate acima dos joelhos, e como estava frio, vesti uma meia calça escura por baixo. Todos na escola usariam preto para o memorial de Susan.
Peguei minha mochila e desci para ir à escola. Hailey veio atrás, também usando um vestido preto rodado, mas com botões.
— Estamos indo mãe! — gritou minha irmã, pegando seu cachecol que ficava pendurado perto da porta.
— Esperem. — ela veio até a porta com as chaves da viatura na mão. — Eu vou levar vocês hoje.
— Mãe, não precisa. Tomaremos cuidado. — disse.
— Eu sei. — a mulher passou a mão sobre meus cabelos. — Mas eu tenho que ir a escola por causa de Susan. Eu e Sawyer éramos os responsáveis pelo seu caso. É mais que obrigação nossa estar lá.
Eu não gostava muito de ir de viatura para a escola. Não era porque eu tinha vergonha, nem algo do tipo. Pelo contrário, eu tinha muito orgulho de ver minha mãe em um cargo importante como esse, que raramente era designado às mulheres. Eu apenas não me sentia confortável porque todos paravam para olhar.
Mas naquele dia, outra coisa estava chamando a atenção.
Enquanto minha mãe estacionava a viatura, um porsche preto passou por nós. Todos na porta da escola pararam para olhar enquanto a família descia do carro. Vi ate um menino pegar seu celular e fotografar o automóvel.
— Uau! — exclamou minha mãe surpresa. Não era comum encontramos carros tão extravagantes em nossa cidade. — Quem são?
— A família Mallory. — respondi.
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Os Segredos da Noite - Além das Sombras
VampireDesde que visitou aquele bar, sonhos estranhos vêm atormentando Kate Hoyer todas as noites. Ela não sabia se aquele garoto, de cabelos escuros e olhos azuis acinzentados havia sido real ou apenas fruto da sua imaginação. Porém, ao vê-lo no primeiro...