Vamos à caça!

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Estava escuro e o local, quente, cheirava a infecção e ferrugem. Podia sentir o sangue ainda úmido em minhas costas. Levantei a mão apenas o suficiente para apalpar o ferro a centímetros acima da minha cabeça e respirei fundo. Uma, duas, várias vezes até cansar e ainda assim continuava ofegante. O fogo tentava lutar em resposta a ameaça, porém eu chamava e nada vinha. Nem uma faísca.

Me movi um pouco para o lado tentando encontrar mais espaço mas parei com a dor latejando em meu corpo. Eu estava esgotada! O desespero tomou conta novamente e eu chorava enquanto tentava respirar, sem fôlego, próximo da perda da consciência.

Eles haviam me batido, chicoteado minhas costas ferindo a marca que eu fizeram para aqueles que eu havia perdido. Eles me trancaram e me colocaram em um caixão. Tateei a máscara quente sobre o meu rosto. Eu queria apenas morrer rapidamente. Queria apenas dizer a Rowan que não me procurasse, pois não encontraria nada de mim! Beijá-lo uma última vez antes de partir e gritar a ele que EU era sua parceira, e que mesmo que ela tivesse tirado isso de nós no tempo em que estivemos juntos, eu era grata pelo pouco que eu tive dele. Eu tremia e chorava conforme o gosto de ferro da máscara escorreu com as lágrimas até minha boca. Chutei e obtive apenas o som cruel de uma risada em resposta. "Ela está acordada! Vamos colocá-la para dormir." O macho disse me fazendo tremes e então a caixa foi ficando insuportavelmente quente. Talvez eu merecesse aquilo, por todos que eu não consegui salvar. Por todos que eu queimei até a morte. Eu não me importava com isso. Apenas queria queimar até morrer.

Acordei gritando com a mão presa à garganta e implorando por ar. Não conseguia respirar, eu estava sufocando! O que foi aquilo? Rhys se levantou no mesmo instante e colocou a mão em minhas costas enquanto pedia apenas para que eu respirasse com calma. Com um movimento de suas mãos a brisa fria entrou pelo nosso quarto deixando as janelas abertas. Eu apenas me encolhi quando a realidade do que eu tinha presenciado me atingiu. Aquela era Aelin e ela estava presa e ferida.

Como eu estive uma vez, presa e machucada pelos terrores do meu passado. O desespero... O medo de jamais vê-lo de novo, esse eu conhecia. Mas a dor física que ela sentia. Retorci o corpo ao lembrar-me das feridas nas costas. Como ela havia suportado e sobrevivido a aquilo?

- Está tudo bem. Eu estou aqui! - Disse Rhysand me tranquilizando. Eu apenas me deitei sobre seu peito, sem dizer uma palavra. Eu não sabia como explicar aquilo e não queria dividir algo tão pessoal de outra pessoa que eu havia visto sem intenção. Passei a mão pelo meu rosto uma única vez, apenas para me certificar de que não havia máscara alguma. Fechei os olhos e respirei lentamente absorvendo o cheiro de Rhys, do meu amante, do meu igual.

-O que aconteceu? - Ele perguntou.

-Foi apenas um sonho terrível. - Eu respondi ainda de olhos fechados. Um segundo depois eu senti Rhysand com suas garras arranhando minha mente suavemente. Pedindo permissão! -Eu não quero falar sobre isso. - Disse apenas uma vez, beijando sua face. Ele assentiu e me cercou com seus braços.

Uma onda forte de poder nos atingiu com tanta força que eu levantei assustada, em um segundo Rhysand estava em pé ao meu lado na cama.

-O que é isso? - Perguntei.

-Aelin! - Ele respondeu. - Ela parece estar agitada... Foi isso que te despertou?- Me perguntou. Fiz que sim com a cabeça e bati na cama chamando-o para deitar comigo.

Em um instante eu estava deitada e embalada nos braços de Rhys enquanto ele rapidamente pegava no sono, em outro eu estava no quarto no andar de baixo sentado na cama observando Aelin acender as velas, uma por uma ao redor do quarto.

-Você poderia fazer isso em um piscar de olhos. - Eu disse. - Ou poderia aceitar minha ajuda.

-É realmente muito bom ver você me assistir independente do que eu esteja fazendo. - Brincou Aelin.

CORTE DE ESTRELAS E CHAMAS!Onde histórias criam vida. Descubra agora