Capítulo 3

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Jason

Se apressar meus passos fariam com que eu me livrasse daquele lugar imediatamente, era isso que eu faria. Apertei o botão do elevador algumas vezes, mas parecia que até ele estava contra mim. A porta não abria, o elevador parecia estar travado lá embaixo e eu tinha pressa, pressa para sair daquele edifício e me esquecer da breve conversa que eu tive com a oxigenada há alguns segundos.

Desferi um soco contra a porta de metal e o que veio a seguir foi uma dor lancinante percorrendo toda a extensão da minha mão, lembrei-me que eu não era o Super-Homem. Praguejei a mulher que me tirara do sério e decidi descer pela escada, gastaria mais tempo, mas eu sabia que descer a escada correndo tiraria um pouco da raiva que eu estava sentido.

A forma que ela falara fora de uma maneira tão cruel e perversa que só me levou a pensar em duas sugestões: Ou ela é louca ou ela é louca. Como ela trata um cliente daquela maneira? E aonde estava o senhor Borges que me deixou nas mãos daquela maluca?

Coloquei os meus pés no primeiro degrau enquanto varria com o meu olhar a recepção. Duas pessoas se encontravam sentadas nas cadeiras, pareciam cabisbaixas e desatentas a minha presença no local. Passei pela recepção, a secretária olhou-me com olhos atentos, notara o meu nervosismo e a forma como eu esfregava as mãos uma na outra, uma delas estava vermelha e inchada pelo meu ato de fúria provocado na porta do elevador.

— Você está bem? — Perguntou ela, mas não lhe dei atenção, nem ao menos olhei em seus olhos. Eu só tinha que sair dali.

Segui o meu trajeto e prometi a mim mesmo nunca mais colocar os meus pés naquele escritório novamente.

Meus olhos se movimentaram ligeiramente. Observei os movimentos dos carros e atravessei a rua. Tinha deixado a minha bicicleta trancada com cadeado em um bicicletário do outro lado da rua. Tirei a chave do meu bolso, colocando-a na fechadura do cadeado.

O sol forte queimava a minha pele embaixo da jaqueta. Meus pensamentos estavam a mil por hora. Quem aquela loira dos infernos pensava que era? Se ela não queria pegar o caso por que não recusou? Qual era a necessidade de me atacar daquela maneira?

Uma sombra de um homem se estendeu próxima a mim, coloquei-me de pé em um único movimento, as minhas mãos ficaram paradas no ar. Eu estava preparado para brigar. Pela primeira vez em anos eu estava preparado para brigar caso alguém estivesse ali para ofender-me, abaixei a mão ao notar o senhor Borges na minha frente.

— O que aconteceu? — Perguntou ele com uma voz pacifica, não estava ali para brigar. Voltei a minha atenção para o cadeado da bicicleta, para mim qualquer relacionamento que eu tivesse com alguém que pertencia a firma de advocacia Borges, estava encerrado. — Filho, precisamos conversar. — Pôs a mão no meu ombro, e eu a tirei em um movimento brusco.

— Não sou seu filho. — Ele piscou os olhos por trás dos óculos quadrados. Por frações de segundos vi medo neles. Eu não podia acreditar que ele estava com medo de mim, se o real perigo estava lá dentro, mascarada de advogada.

Destranquei a minha bicicleta, tirando-a do bicicletário. O senhor Borges segurou no guidão, impedindo que eu fosse embora.

— Tem uma cafetaria logo ali, podemos ir lá, tomar um café e conversamos. — Apontou para a esquina.

— Não tenho mais nada para falar com o senhor.

— O que a minha filha fez? — Olhei para o homem na minha frente, tentando achar alguma semelhança física entre ele e a mulher que me julgara com tamanha coragem e maldade. Eles não tinham nenhuma semelhança, nem física e nem em caráter.

Jason Stuart (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora