Felicidade passageira.

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(R on)

- Pra onde...vamos?

- Tem uma rua aqui perto sem zumbis. Meu pai vem fazer algumas rondas de vez em quando, por ser uma rua próxima da nossa cidade. Uma dessas casas deve ter comida.

Esta tudo vazio. Meio destruído. Parece um bom lugar pra se e esconder. Laura entrou na calçada e estacionou o carro na frente de uma casa. Nós entramos. Estava tudo escuro. Laura acendeu um lampião que havia lá.

- Eu vou lá em cima tomar um banho, estou com a mesma roupa a dias. - fala rindo.

- Tudo bem...eu vou ficar aqui em baixo.

Eu começo a observar aquela casa, me trás algumas lembranças, lembranças que eu não consigo descrever, apenas sinto. Pego em uma revista em cima de uma prateleira. "Contágio começa a se espalhar pelo mundo". Não me lembro desse dia. Não lembro com quem estava ou aonde estava. Acho que quando me transformei, já estava no aeroporto pois não me lembro de estar em outro lugar.

Não lembro se estava com a minha mãe, meu pai ou irmãos. Nem sei se eu tinha isso. Eu podia todos os dias passar por eles sem me dar conta. Isso é meio angustiante. Mas é o que eu sou.

Estava perdido em pensamento quando escuto Laura descendo as escadas.

- Eu...já vou me deitar. Tô morrendo de sono e o dia foi cheio hoje.

Balanço a cabeça.

- Boa noite R.

- Boa noite...Laura.

Estava subindo as escadas quando voltou e disse:

- É...se você quizer pode ir...deitar lá no quarto também. Infelizmente não tem mais quartos e acho que deitar no sofá não deve ser muito confortável.

- Eu...quero...obrigada.

Subimos para o quarto. Tem uma cama bem grande. Ela se deita na ponta me dando espaço pra deitar também.

- Pode deitar, eu não mordo. Kkkkk.

Sorrio. Me deito no seu lado. Cada um virado pra um lado.

- Você se lembra da sua vida antiga R? Tipo, antes do contágio?

- Não.

- Eu me lembro. De tudo. Me lembro de como era a minha vida com a minhã mãe e o meu pai. Éramos felizes. Minha mãe era a fonte de toda a nossa alegria. Depois que ela morreu, meu pai e eu não vivemos mais momentos felizes, não como vivíamos antes. E depois do contágio tudo piorou. Não via mais o sorriso no rosto dele. Só via preocupação, tristeza e medo. Sei que era por medo de me perder. Mais as vezes eu preferia ter o seu amor do que o seu cuidado.

- Eu não consigo...me lembrar de nada. Só do início do...meu nome.

- Lembrar da letra R não ajuda muito. - fala ela aos risos.

- Mais um dia eu espero lembrar de tudo, e de quem eu sou. Mas eu tenho medo de acabar descobrindo ser quem eu não gostaria. Ou não me orgulharia.

Um sentimento me invade, como se eu temesse que eu seja uma coisa ruim, um mostro. Laura nota meu semblante preocupado.

- Ei, eu sei quem você é. Você é o R. O zumbi mais legal que poderia existir. Você me salvou, me protegeu, até mesmo quando eu achei que não ia ter como. Você é especial. Eu sei disso. Eu consigo sentir. Você é bom, bom pra mim. E eu nunca vou ter como te retribuir tudo o que você me fez. Obrigada.

Sorriu, não estou conseguindo conter a minha alegria por ver ela falando isso. Eu estou muito feliz.

- Eu...estou sentindo de novo.

- O quê?

- O meu coração.

- Como assim? - fala se sentando na cama.

Me sento também. Ponho a mão no meu coração, e depois no seu.

- Batendo...por você.

- Que bom, que bom R, você percebe o que é isso? Você está mudando, está voltando a ser humano de novo.

Me alegro de pensar na possibilidade. Eu, humano de novo, podendo conviver com a Laura normalmente. Me deito de novo. Olhando para o teto. Laura se deita em meu braço. Sua respiração tão perto de mim, me faz com que eu me sinta vivo de novo. Ela me faz bem, preciso dela aqui comigo. Eu consigo fazer ela feliz.

Não pode fazer ela feliz, você matou o namorado dela, e comeu o seu cérebro. Acha que só porque viveu as memórias dele com ela, era você que estava lá fazendo ela feliz?

Esse pensamento me invadiu e me transtornou.

- Fui eu.

- O quê?

Pego o relógio que guardei e dou pra ela.

- Esse é...o relógio do Alex?

Não respondo nada. Mas o silêncio foi tudo o que ela precisava.

- Eu já sabia. - fala ela sentando na cama.

- Sabia?

- Na verdade...eu esperava que não tivesse sido você mas...é...eu preciso dormir. - ele deita e vira pro outro lado. Consigo escutar o seu choro.

- Me...desculpe Laura.

Não sei mais o que falar, só me viro e fecho os olhos.

A felicidade que eu estava sentindo minutos atrás...sumiu.

Oiii genteee. Tudo bem? Capítulo grandinho esse né? Mas foi preciso. Demorou um bom tempinho pra eu fazer esse. Espero que tenham gostado. Mereço votinho né? Um beijão e tchau tchau até o próximo capítulo.

Meu Namorado É Um Zumbi ( Completo )Onde histórias criam vida. Descubra agora