CAPÍTULO I: SANGUE E GASOLINA

33 3 0
                                    


Fazia frio no deserto congelado de Mikhail, uma fina brisa carregava a neve que moldava a paisagem a cada segundo. O lugar era repleto de dunas de neve, sendo possível avistar também algumas pedras amontoadas em meio ao gelo. As estrelas da noite deixavam aquele inferno com um tom de azulado, lindo, porém o lugar consegue matar com facilidade. Poucos seres vivos vivem nessa região, todos que estiverem no local devem estar somente de passagem, caso contrário terão suas vidas sugadas pelo frio.

No meio da paisagem é possível ver uma figura, um homem alto, com uma jaqueta marrom avermelhada. Tinha cicatrizes no rosto, produto de alguma briga. Ele caminhava a passos lentos, parecia estar bem cansado, afinal, caminhar em uma noite de nevasca deve ser algo difícil. Seus olhos estavam quase para se fechar, porém parecia haver um brilho no seu olhar, algo que não o deixava desmaiar, um motivo, uma razão. As pernas bambas e as costas que pareciam pesar uma tonelada, aquela pessoa devia ter passado pelo purgatório, e agora que estava no meio do inferno não podia descansar.

Ele caminhou, caminhou pelo azul do deserto gelado. Aquela silhueta pequenina e solitária do homem fazia o lugar ficar ainda mais melancólico. Ninguém deveria estar ali, mas se estivesse, era mais provável que haveria uma companhia, um grupo, mas não, esse era um pássaro sem alvora, um lobo sem alcateia, um ponto escuro em meio a neve.

Conforme foi andando, ao longe pode-se ver uma fortaleza. Estava encoberta pela neve, e que só podia ser vista por causa da luz das lâmpadas do lugar. Ele se aproximou, chegando mais perto do lugar, e dado uma certa distância ele começou a andar abaixado, se escondendo e procurando ficar em uma posição mais defensiva. Procurou alguns montes de neve para que pudesse se esconder, e assim observou o forte. Ele tinha algum assunto a tratar naquele lugar, mas pelo jeito só ele sabia disso. A fortaleza era enorme, chegava a dar medo só de chegar perto, tinha cinco andares, e uma torre bem alta no meio, com uma enorme cúpula no topo. Parecia um misto de arquitetura moderna, medieval e gambiarras de algum pedreiro, e mesmo assim, o lugar parecia forte apesar dos pesares.

Na frente do portão principal havia dois guardas, um com um fuzil de pregos, e o outro com uma estoura fragmentos (uma arma a curta distância que dispara vários fragmentos de metal). O homem foi até eles, andava calmo, mas com o olhar focado, não desviava o olhar dos guardas de jeito nenhum. Ao chegar no portão ele foi rendido pelos dois:

− Mãos na cabeça! − O homem então levantou as mãos, e reparou que havia um terceiro guarda no local também, ele estava sentado em uma torre de guarda atrás de uma parede das várias camadas do muro que circulava o castelo.

− Eu só quero uma coisa minha de volta, vocês roubaram, é justo que eu pegue ela de volta – falou o homem gritando − Abaixa esse tom seu idiota ­– falou um dos guardas - Acha mesmo que isso vai acontecer, anda logo, vaza daqui antes que a gente faça você virar uma peneira – ouvindo isso o homem olhou para o homem na torre que lhe dava um certo olhar de dúvida.

− Eu não vou voltar, se-e-e vocês não me devolverem o que roubaram... – um dos guardas então chega perto do homem e fala perto de seu ouvido – Se não devolvermos você vai fazer oque? – O homem aperta os olhos e tomando coragem dá um soco no queixo do guarda, não foi um soco muito forte para quebrar seu queixo, mas foi suficiente para deixa-lo irado – Seu bostinha! – Grita o guarda, que vai para cima do homem derrubando-o e acertando vários chutes.

Enquanto isso o guarda que estava na torre se levantou, ele assistiu à cena, e após ver o intruso ser imobilizado facilmente pelos demais ordenou: "Parem de criancice! Tragam-no aqui, vamos levar ele para dentro"! Enquanto era algemado por eles, olhando para baixo o homem dá um sorriso sarcástico, e pensa consigo: "Ótimo, deu tudo certo".

Pós-MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora