CAPITULO III: MAIS UM DIA NO PARAÍSO

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−Rush, Rush, oh Rush! – Russell acorda com Hawk lhe chamando – Vamo Russell acorda cara!

−Ahn, que é droga? – Russell acorda com ressaca de uma noite de meio sono – Hahaha, caralho cara achei que cê não ia acordar, vamo logo que o Silas chamou a gente, ele aceito faze uma pilhagem naquela vilinha de boiadeiros.

Russell levanta da cama, seu quarto estava arrumado o máximo que ele pudesse deixar. Ele pega sua jaqueta e veste o colete de sua gangue. O símbolo dos Molotoves estava um pouco apagado, mas a caveira com um gargalo de garrafa na parte de cima e um pano em chamas ainda era visível. A sua arma estava no criado mudo ao lado da cama, um revólver de pregos com cano reforçado, prático, leve e versátil. Ele abre o tambor grosso da arma onde ficam os pregos, vê que dos oito buracos para munição estão dois vazios. Russell abre a gaveta do criado e pega dez pegos que estavam unidos por um cordão, tira dois e completa a arma, guardando os outros oito pregos no bolso da jaqueta. Ele pega também seu rádio comunicador, ele tinha um câmbio que se conectava em uma caixa de frequências de onde saia o som e onde eram captadas as ondas.

−Sabe se os moleques da ferrugem já arrumaram as espadas? – Perguntou Russell −Sim, acaba de se arrumar aí que a gente vai lá pegar elas.

As botas para a neve estavam bem ao lado da cama, com a sola reforçada e tecido impermeável. Russell pega um pingente com um espaço para fotos, coloca-o por baixo da camiseta e segue Hawk. Eles passam pelos corredores do quartel general que havia sido improvisado em uma prisão abandonada, que por mais que estivesse castigada ainda era firme o bastante para a gangue. Eram oito horas, os peões da gangue ainda estavam saindo de suas celas que haviam sido reutilizadas como quartos. As paredes dos corredores que passavam para ir até a forja estavam com os rebocos comidos por balas e por rachaduras. Ao passo que chegavam perto da forja o ar ficava mais quente, e os sons de martelo e água fervendo enchiam os ouvidos de Russell e Hawk. Ao chegarem avistaram dois dos garotos que trabalhavam na forja, um deles estavam manuseando uma pinça que segurava uma espada quase do tamanho dele, e dava para ver que o menino estava com dificuldades. Em um movimento errado, ele acaba derrubando a espada em brasa, e acerta seu pé, fazendo o garoto gritar de dor, se desequilibrar e derrubar um molde de espadas cheio de metal derretido que se espalha pelo chão. Vendo aquilo, Hawk fica vermelho de raiva, e vai para cima do pequeno ferreiro:

−Seu moleque desgraçado, incompetente, olha a merda que você fez! – O menino ficou pálido e paralisado, não conseguia nem imaginar o que lhe aconteceria – P-p-por favor me desculpa, e-eu não fiz por querer... – Hawk interrompe o garoto e lhe dá um chute na boca – Não fez por querer, seu bosta, isso não importa, tu vai pagar caro por isso!

Hawk pega o menino pela orelha e o arrasta aos berros por um corredor. O choro e os gritos do garoto se misturam com o som das motos e das conversas no quartel, fazendo com que o sofrimento daquela criança passasse despercebido por quase todos, menos para Russell que observava com agonia toda a cena.

− Hawk pega leva, foi só um acidente, não precisa de tudo isso – Hawk se vira para Russell – Não foi um acidente cara! O moleque foi descuidado – Responde Hawk, que continua – Eu quero só ver o que Igor vai falar disso – O garoto ao ouvir aquele nome se desespera e começa a gritar – Não, tudo menos ele, tudo menos ele, por favor, por favor... – o garoto é interrompido por um soco de Hawk – Cala boca seu lixo! – Russell chega perto de Hawk com uma postura intimidadora – Hawk, solta o menino! – Hawk tenta responder, mas é interrompido por Russell – Solta o menino Hawk, agora!

Os dois se calam e ficam se entre olhando. O garoto, com a boca sangrando olha aquela situação, tenta raciocinar o que irá acontecer, mas não tem concentração para elaborar nada muito lógico. Hawk enfim solta o menino, e por um momento a criança sente um alívio, mas é passageiro. Seu suspiro de calma é interrompido por uma voz rouca e pesada vindo do fundo do corredor.

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