(use headphones, and play the song, please.)
No Japão, prostituição define-se como "relação sexual com um indivíduo desconhecido em troca de pagamento".
Assim, por interpretação livre, várias pessoas podem pagar para conversar, receber danças, tomar banho, namorar, e qualquer outra coisa que não esteja ligada ao coito. Essa forma de comércio pode ser chamada de indústria do sexo.Mesmo assim, em todo país existe prostituição, e por mais que a indústria do sexo cresça cada vez mais no país do sol nascente, quando o sol se põe e luz da noite domina, nenhum crime pode ser testemunhado em algum beco escuro, um canto escondido.
Em um desses cantos, estrategicamente localizado, saindo de Tóquio, uma espécie de mansão no meio da estrada, era um dos lugares mais conhecidos entre a alta sociedade. Por fora visto apenas como uma bela casa, com vidros gigantes nas paredes de seu segundo andar e sua construção moderna e elegante, porém, por dentro apenas as pessoas da mais alta sociedade poderiam saber, e aproveitar de seus mais luxuosos serviços.
— Finalmente, esse terminou. Nunca imaginei que fosse tão difícil ficar uma noite inteira fingindo que eu sentia alguma coisa.
O jovem, de cabelos acastanhados olhava para o teto, depois de ter se jogado na cama, suspirando alto. Os pensamentos de como ele teria parado ali vinham em sua mente, como toda noite acontecia. Logo, seus olhos se voltaram para outra coisa.
Levantou-se, com um pequeno -porém sincero- sorriso em seu rosto, andando em direção até seu celular, conectando-o em um outro aparelho, para a música que pretendia ouvir espalhar-se pelo lugar.
E assim o fez, fechou os olhos, suspirando fraco, ao ouvir o início da melodia –The Last Day, Moby– ecoar pelo seu quarto, excluso de todo o caos que acontecia fora do cômodo.
O corpo (perfeitamente alinhado por curvas, aliás) do moreno seguia a dança da forma mais pura e calma, se entregando ao ritmo da música, com movimentos leves, apenas ouvindo e se soltando, sem ter que se preocupar com mais nada.
Qualquer gemido, qualquer grito, barulho de risadas ou de desastres de pessoas embriagadas. Nada poderia ser percebido, por alguns minutos, pelo menos, ao trancar a porta.
Uma pena que ele tenha esquecido.
— Jimin, você tem horário extra, cliente especial, vamos.
Ao se virar, vendo a espécie de secretária da casa, com seus óculos de armação fina de metal, segurando seu IPad com suas informações de agenda e trajada com um terninho elegante, o olhar de cansaço lançado era facilmente perceptível. Tinha acabado de voltar dessa noite cansativa, e do nada, ao amanhecer, algum doido vem procurar sexo. O menino– agora com nome, Jimin, já dizia para si mesmo pelo caminho que se fosse algum velho ou um certo babaca que sua chefe deve favores ele nem se prestaria o serviço.
— Seguinte, Sara, o cachê é de quanto? Você não imagina do desastre de cliente que acabei de voltar, é melhor que esse no mínimo não babe enquanto fala ou começa a gaguejar no meio da foda.
— Eles só me disseram que é um cliente especial, VIP. E pelo visto, tem forte preferência, só quer saber do seu serviço e ponto. Eu vi qual foi seu último trabalho, oh dó. Você é meu coreaninho preferido da agência, acha que eu não tentei te limpar a barra dessa, não?
Preferência? Oh, essa era nova. Os olhos amendoados de Jimin chegaram a se arregalar, minimamente.
Em três, quatro anos que havia chegado ali, isso nunca acontecera antes.
— Ah! Mais um detalhe, primordial. Ele vem te buscar exatamente 4:30, você tem que estar da forma mais normal possível, conforme ele disse. Resumindo, Park Jimin, você tem cerca de quinze minutos para se vestir normalmente.
Por mais que o pedido fosse direto e curto, era, sem dúvidas, o mais estranho que já havia recebido.
Seu psicológico já estava acostumado em se arrumar para diferentes fetiches, até mesmo por o virem como um rosto de feição delicada, meiga e pura, tão acostumado que o "normal" para ele era uma incógnita. Aliás, quem paga um garoto de programa para ser normal?Distraindo-se de sua própria distração, escolheu uma roupa que para ele, podia ser comum.
O conjunto era composto por um jeans escuro com um desgaste proposital em seus joelhos, uma camisa de fundo cinza claro, com um escrito em letras garrafais e em estilo vintage: "You become responsible, forever, for what you have tamed." Então, ele era finalizado por uma jaqueta de couro preta, básica em geral.— Isso é normal o suficiente, não?
Questionou-se, uma ou duas vezes, olhando para si mesmo, no espelho. Seus pensamentos voavam pelo quarto vazio, porém era altamente notável os altos gemidos dos quartos vizinhos, já que às vezes são feitas algumas festinhas aqui na casa, ou melhor, agência, e então, alguns já aproveitam do que é oferecido aqui mesmo.
Os devaneios foram interrompidos, por uma instantânea vibração no celular.
— Uh, merda, cinco minutos atrasado.
Para sua surpresa, não era a Sara, desesperada, e sim um número desconhecido, provavelmente algum interessado.
Jimin desbloqueou a tela do celular, já pronto para explicar que negociações eram feitas apenas pelo telefone central, não tendo tempo, pelo mesmo número ter começado a ligar para o aparelho.
— Senhor, desculpa, por aqui você não pod...
"Cinco minutos atrasado? Achei que fosse mais pontual, senhor Park. Já está pronto pelo menos, uh? Temos que aproveitar o amanhecer ao máximo, eu já planejei tudo, não temos tempo a perder. Aliás, uma punição pelo atraso seria de bom grado, eu penso."
A agência havia dado o número dele para o cliente? Sara havia feito isso? Nunca fizeram isso, o jovem sentia algo estranho demais naquele moço, que aliás, não aparentava ser mais velho que ele do que três, dois anos, pela voz, um tanto quanto rouca.
— Desculpe, senhor. Já estou pronto, andando até a porta para seu encontro. Espero que o meu visual normal seja o suficiente para você.
"Tenho certeza que sim, Park. Ah! Consigo ver você daqui, e sim, está mais do que suficiente. Agora eu que lhe pergunto, isso é o suficiente para um bom cachê?"
Jimin, olhando para os lados, procurando um carrinho escondido, não conseguia achar nada. Até que... Wow.
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angel | vmin
Fanfictionaté que ponto você se venderia? até onde você aguentaria se entregar? até quando você conseguiria viver dependendo de alguém, se não você mesmo? até chegar onde, sendo que você não manda nisso? Onde Taehyung descobre seus limites, e Jimin os quebra.