O Grande Carvalho

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Um homem sem rosto perseguia uma garotinha, ele a pegou e tentou tirar suas roupas, ela gritava mas ninguém ouvia. Ela se debateu e lutou com todas suas forças até conseguir se soltar, suas roupas ficaram rasgadas e marcas vermelhas e roxas começavam a surgir pelo seu corpo.

- socorro, alguém me ajude... - ela gritou o mais alto que pode, uma figura alta com asas de anjo negras se aproximou.

- está tudo bem agora, ele não pode mais te machucar - a figura disse, lhe dando um abraço.

Ela sorriu aliviada e fechou os olhos, imagens confusas começaram a tomar conta de sua mente, sangue, a figura alta com asas de anjo negras segurando uma faca, o homem sem rosto caído no chão com os membros espalhados em volta do corpo, uma agonia intensa tomou conta de seu corpo e ela começou a gritar.

- Dawn, acorda, você tá tendo um pesadelo - Sirius sacudia a menina com força, ela abriu os olhos.

- anjo... - ela sussurrou.

- o quê? - ele a encarou, confuso.

- nada... É... Eu tive um pesadelo... Desculpa... - ela esfregou o rosto com as mãos e se sentou, ela não estava mais fora do carro onde dormira, ela estava dentro dele.

- te coloquei ai porque estava muito frio lá fora, aqui, não é muita coisa, mas pode comer - Sirius segurava uma sacola de supermercado cheia de frutinhas.

- obrigada... Você não quer? - ela pegou a sacola e olhou pra ele.

- eu já comi, essas são suas - ele sorriu e sentou do lado da garota.

Dawn apenas sorriu em resposta e e começou a comer, sem saber de onde ou como, o carro ficou cercado de mortos vivos, Sirius pegou a katana que estava embaixo do banco e, antes que ele pudesse retira-la da capa, Dawn pegou o objeto da mão dele e sorriu.

- dessa vez, eu quero fazer algo útil.

- eu não posso deixar, você pode morrer - ele tentou pegar de volta, ela segurou mais firme.

- não temos tempo e eu não sou mais nenhuma criança - ela abriu um pouco o vidro.

Dawn tirou a katana da capa e começou a perfurar os crânios dos zumbis, quando restavam poucos ela subiu rapidamente no teto do carro e continuou a matança, um deles quase a derrubou. Quando parecia ter acabado, olhando por entre as árvores ela percebeu mais um grupo de criaturas, mas dessa vez tinha pelo menos o dobro da quantidade que ela acabara de matar.

- Sirius, vamos embora, tem mais deles vindo - ela guardou a arma e voltou pra dentro.

- vamos então - ele deu a partida no carro e arrancou.

- isso foi divertido - ela disse depois de um tempo em silêncio.

- admita, você sempre quis a chance de poder matar todo mundo - Sirius revirou os olhos e riu.

- realmente, mas espero que encontremos pessoas vivas, não é tão legal se sentir uma das últimas pessoas na terra - Dawn pegou o saco de frutinhas do banco de trás e continuou a comer.

- pega o mapa e vê onde estamos, acho que não falta muito... - Sirius jogou um papel dobrado no colo da menina.

- deixa eu ver... - ela abriu o mapa e procurou - olha... Sinto informar... Falta mais um dia inteiro pra chegarmos.

- o quê? Ta me zoando né? - ele parou o carro e pegou o mapa - Caralho, você não podia pelo menos gostar de alguém que morasse mais perto?

- para de reclamar e dirige, eu não te pedi pra vir comigo - ela revirou os olhos.

- ta, quando começar a escurecer vamos parar em algum lugar e passar a noite de novo - ele retomou a direção e acelerou.

Dawn passou o resto da tarde em silêncio jogando em um velho PSP que encontrou no porta luvas do carro. Sirius apenas dirigia, mantendo seus olhos imóveis na estrada. Depois de um certo tempo em silêncio um grito chamou a atenção dos dois.

- por favor, me ajudem, parem o carro - uma voz feminina dizia, Sirius freiou.

- quem é você? - Dawn encarou a mulher que se aproximou, parecia não ter mais de 25 anos, seus cabelos castanhos claros e seus olhos verdes eram realmente bonitos, davam um destaque especial à sua pele clara.

- sou a Elizabeth, eu estava fugindo dos zumbis quando acabei perdida... - ela disse, um sorriso de dentes brancos e perfeitos se mostrava em seu rosto.

- você está soz... - Sirius foi interrompido.

- como você se perdeu se estamos à kilometros de qualquer cidade? - Dawn enfiou a mão no bolso e segurou firme o canivete.

- estou correndo desde que isso começou, com sorte consegui encontrar pessoas vivas - ela ainda sorria.

- pode entrar, estamos indo para Hawkings - Sirius sorriu de volta, seu rosto corado.

- hum... Eu vou no ali e ja volto - Dawn pegou o arco e saiu.

Ela caminhou pela floresta que cercava a estrada por cerca de 20 minutos ate decidir que estava longe o suficiente e escalou um grande carvalho. Chegando alto o suficiente para que nenhum bicho ou pessoa pudesse vê-la ela se sentou entre alguns galhos de modo que ela não pudesse cair e ficou por lá.

- sua irmã é um pouco estranha... - Elizabeth comentou.

- ela não é minha irmã e a melhor qualidade dela é ser diferente dessas pessoas "normais" - Sirius pegou a katana e a colocou nas costas.

- aonde você vai? - a moça o encarou.

- vou procurar por ela, ela já devia ter voltado - ele se preparava para sair quando ela o segurou.

- ela deve estar bem... Vamos esperar mais um pouco... - ela mal disse isso quando ele a agarrou pelo pulso.

- não, eu disse que ia cuidar dela, e eu vou cuidar dela - Sirius saiu andando enquanto puxava Elizabeth pelo pulso.

Eles caminharam por algum tempo até encontrarem o grande carvalho. Sirius não precisou pensar muito para saber que Dawn estaria ali, ele pensou em gritar, mas talvez não fosse uma boa ideia. Ele subiu silenciosamente até encontrar um corpo imóvel em meio aos galhos.

- Dawn? Dawn, acorda... - Sirius tentou acordar a menina de todo jeito, mas nada parecia adiantar.

Ele a colocou sobre o ombro e desceu cuidadosamente da grande árvore e voltou em silêncio para o carro, Elizabeth o seguia. Chegando lá ele apenas deitou o corpo da menina no banco de trás e continuou viagem.

A Dança dos Mortos VivosOnde histórias criam vida. Descubra agora