Jensen corria o mais rápido que suas pernas permitiam enquanto carregava Dawn no colo, seu coração batia rápido e as gotas de suor escorriam pelo seu rosto, mas ele sabia que, se parasse de correr, ambos seriam comidos pelos mortos vivos que os perseguiam, caminhando desengonçados.
- Jean, nosso pai ficou preso em casa, precisamos voltar para buscá-lo!
- não podemos, prometi a ele que cuidaria de você, temos que achar um lugar seguro.
- mas... Ele vai morrer se o deixarmos lá... - a garota se debatia nos braços do irmão, ele tropeçou.
- para de se mexer senão quem vai morrer somos nós - ele correu até um carro parado no meio da rua, jogou Dawn para dentro do veículo e entrou rapidamente, fechou a porta com um barulho violento e acelerou, a horda de criaturas ainda os seguia.
Jensen dirigiu até que o tanque ficasse vazio, quando o carro parou no meio de uma estrada deserta. Lá fora a cor laranja do céu dizia que logo mais anoiteceria e, como ambos já sabiam, ficar lá parados seria morte certa. Dawn examinava uma sacola no banco traseiro Enquanto Jensen vasculhava o resto do carro.
- demos sorte, a sacola está cheia de comida - a garota pulou para fora levando a sacola consigo.
- mas ainda não temos armas - Jensen fechou o porta malas com força e se virou para a irmã - vamos continuar caminhando, talvez encontremos algum lugar pra passar a noite.
E assim Jensen e Dawn caminharam por mais alguns quilômetros até chegarem à um posto que parecia abandonado. Ambos entraram, os últimos raios de sol iluminavam à loja de convivência, a menina pegou uma lanterna que encontrara atrás do balcão e a ligou.
- boa, agora podemos procurar outras coisas - Jensen pegou a lanterna enquanto Dawn ainda vasculhava o balcão.
- o que mais tem aqui é dinheiro, doces e... Encontrei alguns canivetes, devem servir... - a menina jogou um para o irmão e colocou o outro no bolso.
- perfeito, agora vamos à borracharia ver se achamos algo.
Os dois irmãos foram devagar e cuidadosamente até à borracharia, suas paredes eram encardidas e o lugar fedia a bebida e graxa, Jensen acendeu a lanterna e vasculhou o lugar a procura de qualquer coisa, uma porta trancada o impediu de prosseguir.
- merda...
- tem um pé de cabra aqui idiota, é só usar - Dawn entregou o objeto ao irmão.
- ah, valeu - Jensen o pegou e com um pouco de esforço abriu a porta, um fedor ainda mais forte encheu seus canais respiratórios.
- caralho, o cara se matou - a menina pegou o cadáver do homem com o cérebro estourado e o arrastou para fora.
Jensen abriu um pote de manteiga de amendoim e um saco de pão de forma que encontraram na loja de convivência. Dawn não dormiu naquela noite, a visão do morto arrancando a perna de seu pai não sairia tão rápido de sua mente.
Na manhã seguinte os irmãos comeram mais pão e manteiga de amendoim e se preparam para partir, a garota de cabelos negros e olhos fundos estava decidida a encontrar seu amigo, isso nunca fora possível antes, mas era o fim do mundo, certo? O impossível já tinha acontecido. Dawn pegou sua mochila e encheu com tudo o que pode e saiu à procura de outro veículo, a manhã levemente fria à dava uma sensação de calma.
- seja lá o que vai fazer, eu vou com você, mas antes vamos voltar à cidade procurar por armas ou algo do tipo - Jensen colocou a mão sobre o ombro da irmã com um sorriso gentil.
- então vamos, não temos tempo à perder... Mas... Onde vamos achar outro veiculo? - a menina olhava ate onde sua vista permitia procurando alguma coisa.
- podemos pegar o mesmo que usamos, só precisamos achar uns galões e encher de gasolina, besta - o jovem ainda sorria, Dawn revirou os olhos.
- fica quieto vai, vamos procurar.
Não levou muito tempo para que Jensen encontrasse dois galões com tamanho suficiente para ter gasolina o bastante para voltarem à cidade, encheram os galões e ambos saíram a caminho de onde haviam deixado o carro. Poucos minutos depois o moço já ligava o veículo e logo estariam de volta.
Viajaram por cerca de quatro horas até finalmente retornarem, à cidade estava menos movimentada que antes mas ainda assim, algumas daquelas coisas caminhavam pelas ruas. Pararam em frente à delegacia que, coincidentemente, era perto de onde moravam e um dos mortos em especial chamou à atenção de Dawn.
- é o papai... Jean... É o papai...
- não olhe, Dawn, não olhe - algumas lágrimas escorreram dos olhos dele, Dawn saiu do carro correndo.
- pai... De tantos jeitos de te perder teve que ser assim? - a menina fitava o homem, sua pele pálida cheia de mordidas sangrentas à fazia querer vomitar.
Dawn tirou do bolso o canivete que encontrara na loja de convivência, seu coração batia rápido e ela sentia como se estivesse em um pesadelo no qual não se consegue acordar, tudo aquilo era irreal demais para ser verdade. Seus sentidos se perderam, insanidade foi tudo o que a garota tinha naquele momento e isso bastou, com um golpe ela acertou a cabeça do homem morto e ambos caíram.
- Dawn, você está bem? Dawn? Dawn? - Jensen chorava mais intensamente agora, seu rosto adquiriu um tom avermelhado e seus olhos estavam inchados.
- Je...an...? - a garota virou lentamente a cabeça para encarar o irmão, seus sentidos começavam a voltar - Jean, o que... Aconteceu?
- você... Nosso pai... Você... - Jensen soluçava tanto que mal conseguia falar, Dawn olhou para suas mãos, estavam cobertas de sangue.
Sem dizer uma palavra ela se levantou e correu para longe, a realidade acabara de lhe dar um soco com toda à força, a menina acabara de matar o próprio pai. Dawn correu até que suas pernas vacilaram e ela caiu, uma mistura de suor e sangue exalava um cheiro nojento, cheirava a medo.
Enquanto a menina tentava respirar um pequeno grupo de mortos se aproximava, Dawn estava indefesa e incapacitada de correr então ela apenas fechou os olhos e ficou esperando pela sua morte.
- acorda, Dawn - um jovem alto empunhando uma katana estendia a mão para a menina.
- Sirius? - Dawn se levantou com um pouco de dificuldade enquanto encarava o moço.
- eu mesmo, agora cala a boca e vamos, seu irmão está preocupado - Sirius guardou a katana e saiu correndo com Dawn.
Andaram por cerca de quinze minutos ate chegarem à delegacia da cidade, lá dentro, um grupo de pessoas vasculhava o lugar, Jensen não estava, Dawn saiu e foi até sua casa, Sirius a seguiu. Na casa dos Walker tudo continuava arrumado e limpo, na sala Jensen estava sentado no sofá, segurando uma velha fotografia, seus olhos inchados de tanto chorar.
- Jean... Eu sinto muito... - a menina abraçou o irmão.
-você o libertou Maninha... Você conseguiu... Pelo menos agora ele não tem de ficar vagando por ai... Só... Sinto muito que tenha sido você - Jensen abraçou a menina com toda força que lhe restara, Sirius encarava Dawn com um semblante triste.
- não... Vamos esquecer isso... - Dawn apertou a cabeça com força.
- er... Venham, vamos passar a noite na delegacia e pela manhã vamos viajar para o norte - Sirius se colocou em meio à conversa, tentando descontrair.
- vão vocês, vou arrumar roupas limpas e sair procurar uma arma - a menina subiu às escadas em direção ao banheiro.
- vai na frente, Sirius, vou ir com ela.
- vá pra delegacia e fique com o pessoal, você tá péssimo cara...
- não.... Eu to bem... - Jensen se levantou com cuidado, estava cansado e fraco.
- pegue tudo o que encontrar de útil, coloque em um saco e leve pra delegacia, eu cuido dela - Sirius deu um tapinha no ombro do amigo e sorriu, Jensen consentiu.
- obrigado, de verdade - o jovem sorriu e saiu à procura de suprimentos.
Alguns minutos depois Dawn voltou, trajava roupas limpas e carregava uma mochila nas costas. Jensen já havia ido até à delegacia e Sirius a esperava sentado no sofá, ele foi até a menina e ambos saíram.
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A Dança dos Mortos Vivos
Ciencia FicciónJensen, Dawn, Sirius, Zeta, Alec, Isabelle, Sr. Woodstone, Laura, Vick, Tony e os outros eram apenas cidadãos comuns vivendo suas vidas pacificamente, quando a notícia sobre uma estranha epidemia que transformava humanos em canibais virou o mundo de...