Relato 5

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"Uma noite, quando eu estava no meu primeiro ano do ensino médio, minha mãe e meu pai saíram, deixando-me em casa sozinho. Eu tinha muito dever de casa para fazer, então passei a noite toda sentado na mesa de estudos.

Meus pais saíram de casa por volta das 18h. Enquanto eu estava fazendo meu dever, coloquei meus fones de ouvido e coloquei a música no volume alto. Houve uma grande tempestade naquela noite e minha mesa ficava de frente para a janela, dava pra ver a chuva e os relâmpagos lá fora.

Meus pais voltaram por volta das 23h. Assim que vi o carro deles chegando, tirei os fones de ouvido. Assim que minha mãe abriu a porta da frente e entrou, eu a ouvi gritar meu nome.

-O que diabos aconteceu aqui !?
Ela exigiu em uma voz irritada.

Confuso, eu desci as escadas. Minha mãe estava em pé no corredor com um olhar furioso no rosto. Ela apontou para o chão e gritou:
-Foi você!?

Eu olhei para baixo e vi que o tapete estava coberto de pegadas enlameadas.

-Eu não tenho ideia de como isso foi parar aí", eu disse. "Passei a noite toda na minha mesa, fazendo meu dever de casa.

Eu assisti quando a expressão em seu rosto mudou de raiva para confusão e depois para medo. Nós dois percebemos isso ao mesmo tempo. Talvez alguém tivesse invadido a casa.

Seguimos o rastro das pegadas, tentando entender toda a situação. Eles começaram na porta dos fundos, que geralmente deixamos destravada. Então notamos outra coisa. As pegadas começaram na porta dos fundos, mas não havia rastro de pegadas saindo pela mesma porta.

De repente, ouvimos um barulho alto e forte que ecoou por toda a casa. Era o som da porta da frente sendo aberta e se fechando brutamente.

WHAM!

Todos corremos para a garagem e trancamos a porta atrás de nós. Minha mãe pegou o celular e ligou para a polícia.

-Por favor, venham depressa!, ela gritou. Alguém está em nossa casa!

Depois do que pareceram horas, um carro de patrulha chegou com dois policiais, um homem e uma mulher. Um deles ficou conosco na garagem enquanto sua parceira passava pela casa, vasculhando sala por sala. Quando ela voltou, nos disse que não havia ninguém na casa e era seguro voltar para dentro.

Quando todos já estávamos respirando aliviados, ela perguntou:
-De quem é o quarto no andar de cima, à esquerda?

Meus pais me olharam.

-É meu!, eu disse à oficial.

Ela nos pediu para seguí-la. Enquanto caminhávamos pela casa, podíamos ver o rastro de pegadas enlameadas que saía da porta dos fundos, atravessava a sala de estar, o corredor, subia as escadas, ia para o quarto dos meus pais e depois para o meu quarto. Eles pararam na minha porta.

A policial feminina apontou para a minha porta, que tinha ficado aberta a noite inteira. Nela estavam rabiscadas algumas palavras e números com marcador preto. Então cheguei mais perto e pude ler:

8:47 Eu vejo você

8:53 Você esqueceu de trancar a porta dos fundos

8:59 Você parece focado

9:24 Volte

9:47 Olhe para mim

10:15 Olhe para mim

10:37 Olhe para mim

10:49 Olhe para mim

Por mais de duas horas, alguém esteve em pé na minha porta, me observando. Até hoje, eu ainda estremeço ao pensar o que teria acontecido se eu tivesse me virado aquela noite..."

Relato: Jasom Corbim.
Título: "Olhe pra mim!"

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