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O cheiro de laranja que vinha das plantações se misturava com o cheiro de terra molhada graças a grande chuva que havia ocorrido durante a madrugada

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O cheiro de laranja que vinha das plantações se misturava com o cheiro de terra molhada graças a grande chuva que havia ocorrido durante a madrugada.

As minhas botas de plástico afundavam na lama e podia ouvir a voz alegre de meu avô enquanto saía da porteira da fazenda e corria para um abraço.

A cidade toda provavelmente faria uma grande festa para celebrar a primeira chuva durante 3 meses de seca. A chuva salvou milhares de plantações e gado que não durariam mais algumas semanas sem água, inclusive as plantações de meu avô que jurava ter sido abençoado com a tempestade.

Abracei o homem grisalho na minha frente, ele sorriu e podia ver seus olhos azuis brilharem ao olhar para a plantação.

"Nós conseguimos" Disse e sorri apertando as mãos ásperas de meu avô.

"Nós fomos salvos Sky"

Ele tirou as botas de cowboy e arrancou as meias colocando os pés descalços na lama, ele começou a cantarolar e a dançar. Assim que sua voz ficou mais alta reconheci "My Way" de Frank Sinatra.

"Regrets I have a few but then again too few to mention, I did what I had to do, and saw it through without exemption"

Me permitir rir quando ele começou a dançar conforme cantava a música arrastando o seu sotaque sulista, se algum de seus amigos o vissem agora ele provavelmente iria ser atormentado pelo resto da vida mas ele estava tão feliz que o deixei.

"I planned each chartered course, each careful step along the by way, and more, much more than this..." Ele apontou a mão para mim e eu balancei a cabeça em um sorriso completando a música.

"I did it my way".

"Venha Sky dance com seu velho"

Tirei as botas e me juntei a ele, deslizávamos e dançávamos feito dois idiotas no meio da lama, eu não me sentia genuinamente feliz assim em anos.

Graças ao amor incondicional dos meus avós consegui aos poucos preencher o lugar de minha falecida mãe, a três anos atrás nós a perdemos para o câncer. Essa doença é traiçoeira leva o ser humano ao seu limite, as lembranças dos últimos meses de vida dela me atormentam, a doença tirou seu bom humor e todo o brilho no seu olhar ela não era a mesma no fim, a pele antes pálida estava amarelada graças às sessões de quimio e não existia sequer um fio de cabelo em sua cabeça, ela estava cansada e eu compreendia apesar de nunca ter admitido pra mim, sentia sua dor de continuar lutando contra a doença a cada palavra e sorriso forçado que ela me deu naquele quarto de hospital.

EsquecidaOnde histórias criam vida. Descubra agora