the darkest night

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Não faziam nem algumas horas desde que ele soube que seu melhor amigo de infância fora dado como desaparecido e Luke fez o que fazia de melhor desde pequeno:

Fechou a janela, trancou a porta, apagou as luzes e se jogou na cama querendo que tudo aquilo fosse uma grande ilusão do universo e que quando ele abrisse os olhos novamente tudo seria perfeito.

Seu pai estaria discutindo algo bobo com sua mãe que acabaria em uma crise de riso de ambas as partes.

Ben estaria lendo algum de seus grossos livros em seu quarto enquanto ouvia uma música calma.

Ouviria um barulho de vaso quebrando e saberia que era Jack novamente com sua amada bola de futebol.

Seus amigos estariam enchendo a memória de seu celular com memes novos e fazendo o aparelho tremer a cada mensagem nova em que eles estavam planejando um encontro.

Ele se levantaria, abriria a janela e lá estaria ele, acenando com as mãos e pulando em animação com um sorriso que poderia facilmente ocultar o sol.

Mas então ele abriu os olhos e a realidade o atingiu de forma bruta e pesada, como um soco no estômago ou um tapa na cara.

Sua mãe não tem uma crise de riso desde que ele se lembra, Ben estava ocupado demais com a faculdade para se dar o luxo de procrastinar em seu quarto, Jack não joga mais bola, seu celular está quieto, seu pai está morto e Michael desapareceu.

— Luke? – Uma voz familiar veio por de trás da porta – Posso entrar?

Então, juntou todas as pequenas forças que ainda existiam dentro dele e levantou, saindo de suas cobertas quentinhas, para abrir a porta para seu melhor amigo.

— Oi.

— Você tá um lixo – Calum comentou passando por ele e adentrando o quarto do outro.

— Eu vim junto – Sierra comentou o óbvio dando um sorrisinho e abraçou o loiro que retribuiu.

— Quer contar o porquê de estar trancado em um quarto escuro enquanto tudo isso acontece a nossa volta?

Luke apenas deu de ombros e se jogou novamente na cama, Calum abriu a janela ouvindo as reclamações do mais novo e Sierra sentou no chão com o violão do amigo no colo.

— Sem querer ser rude, mas por que estão aqui?

— É sábado e eu não tenho nada pra fazer.

— Eu vim como espiã da minha mãe que queria saber como estavam as coisas na casa ao lado – Isso fez com que o moreno soltasse uma gargalhada alta e Luke apenas sorriu com o canto da boca.

Eles ficaram em silêncio por um tempo apenas apreciando as notas que Sierra dedilhava no instrumento, ela tocava blackbird dos beatles.

A quietude foi quebrada por Liz que gritara da sala que havia um bicho estranho perto do sofá e que alguém tinha que matar.

Os três se entreolharam.

— Eu não vou – Luke disse rapidamente erguendo os braços.

— NEM EU! – Calum disse antes que a menina abrisse a boca.

— Vocês não servem pra nada mesmo né? – Ela se levantou do chão e colocou o violão apoiado na parede – TO INDO TIA LIZ – Gritou já com o chinelo na mão.

Os meninos riam da cena e se entretiam com os barulhos que ouviam do andar de baixo.

"ELE TA ALI" "NAO TA NAO" "TIA CUIDADO" "ALI SIERRA PEGA PEGA PEGA" "AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA"

— Eu quero muito que um dos seus irmãos chegue pra ver essa cena ou que alguém que esteja na casa ao lado venha até aqui achando que realmente aconteceu algo.

Luke sorriu pro moreno enquanto imaginava a situação até sentir seu celular vibrar em seu colo.

michael: a noite mais escura nunca pareceu tão brilhante.

Mas que porra?????

— O que? Isso não pode estar certo.

— O que não pode estar certo?

eu: michael???

aonde você tá??

tem uns mil carros da polícia aqui

você tá bem?

michael eu tô vendo você vizualizar

o que quis dizer com essa frase?

mike?

gone, gone, gone. [muke]Onde histórias criam vida. Descubra agora