Os humanos planejam a vida e Deus ri, pensou Derek. O neurocirurgião estava exausto, havia planejado ficar em casa naquele final de semana, mas ali estava ele, parando o carro um pouco distante de casa como costumava fazer, após um plantão de 48h interruptas. Tinha apenas 4 horas de descanso antes da sua próxima cirurgia. Só queria tomar um banho, deitar na sua cama e dormir o sono dos deuses, mesmo que um sono curto. Abriu a porta de casa e estranhou as luzes estarem acesas. Olhou para o sofá e franziu o cenho ao avistar uma bolsa da Gucci. Desde quando Meredith apreciava aquele tipo de marca?
Ao começar a caminhar em direção ao corredor do quarto, tropeçou em algo. Um sapato da Gucci? O que raios havia acontecido com Merdith? Ele riu. Era como se estivesse chegando em casa em NY após um longo dia de trabalho e encontrando as coisas de Addison espalhadas pela casa.
Ouviu um sorriso. Era Meredith, provavelmente assistindo algo no quarto, mas ele não ouvia barulhos de televisão. Deu de ombros e continuou caminhando, mas algo lhe chamou atenção no canto do corredor. Algo branco. Abaixou-se para alcançar o tecido, estranhou que fosse uma blusa de outra marca cara que a ex mulher costumava usar. O cheiro do tecido lhe chamara atenção, o levou até as narinas e aspirou o cheiro. Chanel número 5. Lembrava-se perfeitamente daquele cheiro, pois havia o sentido durante metade da sua vida. Não conseguia entender, continuou caminhando até parar na porta do quarto, de onde podia ouvir alguns sussurros.
Sentiu o coração apertar. Estava acontecendo novamente. Reorganizando as ideias, de fato, era como se estivesse chegando em NY, mas em uma noite específica.
- Addie, por favor -, ele ouviu um gemido sôfrego da esposa.
48h sem dormir. Seu cérebro estava lhe pregando peças. Era óbvio que aquilo era uma mera ilusão. Riu de si mesmo antes de girar a fechadura da porta.
48h sem dormir, mas seu cérebro não estava lhe pregando peças. Meredith estava completamente despida deitada na cama, os seus olhos fechados e a expressão de prazer o fizeram sentir náuseas. Addison fazia sexo oral nela enquanto suas mãos estimulavam os seios de Meredith. A interna gemia aleatoriamente, mordia os lábios e segurava o emaranhado de fios ruivos.
Derek estava em choque. Uma pasta escorregou de suas mãos, despertando as duas mulheres ali na cama.
No mesmo instante em que viram Derek, puxaram o lençol para se cobrirem, como se o homem nunca tivesse as visto nuas.
- Derek... Calma! Derek! - Merdith chamou e cautelosamente pegou uma camisa do marido para vestir. Estava acontecendo novamente, como em NY. - Eu estava me sentindo sozinha, a Addison se aproximou, ela estava aqui e...
A mesma mulher.
A mesma desculpa.- Eu te encontro na cama com a minha ex mulher e tudo o que você tem pra me dizer é que ela estava aqui? - Ele gritou. Desviou o olhar de Meredith e encarou a ruiva. Ela estava destruindo a sua vida mais a vez. - Por que você tem essa compulsão de estragar a minha vida?
- Não é sobre você Derek - a médica respondeu. - Nós nos aproximamos e aconteceu.
- Sai daqui - ele começou a rosnar. - SAIAM DAQUI. DUAS PUTAS ADÚLTERAS.
A mesma cena.
A mesma mulher.
A mesma desculpa.Ele havia conseguido refazer a vida, estava feliz, estava finalmente amando novamente. Mas os seres humanos fazem planos e Deus ri.
- Derek, se acalma - Addison disse, levantando-se da cama. Estava procurando a sua calcinha. Onde diabos Meredith havia jogado?
- Cala a boca, Addison - ele rebateu. - Você deveria ter ficado em Nova York com o seu outro amante. Não pensei que você fosse capaz de uma vingança tão baixa.
Finalmente achou a sua calcinha. Meredith continuava imóvel, em choque. Chorava compulsivamente.
- Vingança? Você acha que eu fui pra cama com a Meredith por vingança? Você acha que eu fiz porque ainda te amo e não me conformei com o divórcio? - Ela questionou, incrédula. - Você não é Deus, Derek, o mundo não gira em torno de você - ela respondeu, irritada.
- Cala a boca, Addison - ele gritou, segurando a mulher pelos ombros. - Saia daqui, saia daqui!
Addison olhou para Meredith, que sinalizou que queria que ela saísse. A ruiva, ainda que não quisesse deixar a outra mulher sozinha, saiu do quarto. Sabia exatamente como Derek se comportaria, por isso vestiu-se e ficou esperando Meredith do lado de fora da casa.
Sozinhos no quarto, Derek caminhava de um lado para o outro. Sentia uma raiva lhe consumindo e sabia que não iria agir tão calmamente por muito tempo.
- Me desculpa - ela sussurrou. - Me desculpa. Eu estava me sentindo sozinha.
Mas Derek não escutou. Andou até o closet, pegou as roupas da esposa e caminhou furiosamente até a porta da frente. Jogou as roupas fora, como havia feito em NY. Era tudo tão igual, seu coração estava quebrado igualmente. Uma privilegiada vagabunda e uma interna vagabunda. Meredith chorava pedindo para ele parar, mas Derek estava no automático.
- Vai embora! Saia da minha casa - ele esbravejou. - Não consigo olhar pra você, Meredith. Em NY, eu saí da minha Brownstone porque ela também era da Addison, mas essa casa aqui não é sua, então saia daqui.
- Derek, para! Eu não vou sair... Derek, foi um momento de fraqueza - ela chorava desesperadamente. - Derek, você precisa acreditar em mim. A Addison estava aqui e aconteceu, mas eu...
Ela se interrompeu. Queria falar que o amava, mas não conseguia.
- Você transou com a minha ex mulher e quer me culpar? Você é igual a ela - ele esbravejou. - Sai da minha casa, Meredith. Sai daqui! - Ele caminhou até ela, furioso, Meredith se encolheu, mas ele a puxou pelo braço e arrastou até a porta, empurrando-a para fora de casa.
- Derek, por favor, eu não quero ir embora - ela implorou, porém ele já havia fechado a porta.
Meredith batia na porta, gritava o nome do marido compulsivamente, mas ele a ignorava. Havia sumido no corredor. Sentia-se devastada e sozinha, queria entrar e resolver aquilo, sabia que se a entrasse naquela noite, poderiam superar. Mas ele não abriu a porta, a chuva molhou as roupas dela. Estava sozinha. Quer dizer... Sentia-se sozinha até que alguém tocasse no seu ombro, um toque família, perturbadamente familiar. Addison. Ela ainda estava lá.
- Meredith, eu ainda estou com as chaves do seu carro, vou te tirar daqui - Addison disse, suavemente enquanto abraçava o corpo de Meredith. - Derek não vai abrir a porta. Eu sinto muito!
Mas Meredith esperou. Esperou que o marido abrisse a porta, porém a porta permaneceu fechada. Com a ajuda da outra médica, Meredith recolheu suas roupas e colocou dentro do carro. Acomodou-se no banco carona e Addison começou a dirigir para longe dali. Sua vida com Derek havia acabado.
Derek sentou na poltrona do quarto, encarou a cama com os lençóis bagunçados, permitiu-se chorar apenas naquele momento. Estava devastado. Sentia-se perdido e estava sentido a mesma sensação de anos atrás. Quando conheceu a Addison, sentiu como se a vida tivesse começo. Ela era como uma linda manhã após um tenebroso inverno. Era tão linda que o fazia perder o fôlego. Naquela noite em NY, algo nele se quebrou e ele jamais foi o mesmo. E ele se sentiu perdido num oceano e ele estava se afogando. Quando conheceu Meredith, ela foi como um ar. Estava respirando novamente. Tinha sido salvo. E agora estava, mais uma vez, quebrado. Aquilo era tão sujo e cruel. Suspirou profundamente quando ouviu o barulho de um carro se afastando.
Meredith havia ido embora.
Ele havia se quebrado mais uma vez.
Estava se afogando.A mesma dor.
A mesma cena.
A mesma mulher.
A mesma culpa.///
Risos. Eu estava conversando com a minha amiga e me veio à mente essa situação. Eu não critico a Meredith, se Addison me quisesse, a resposta era sim mesmo sem pensar. E é isto.

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I want you all.
RomanceEra uma noite igual as outras quando Derek saiu do hospital. Contudo, quando entrou em casa, era uma noite como aquela que ele jamais queria reviver. "But you'll never be alone. I'll be with you from dusk till dawn"