Capítulo 06 - Medos se desfazem por entre meus dedos.

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    Minha cabeça é um hospital psiquiátrico. Meus pensamentos são loucos e meus desejos, genuínos. Reprimidos pelo remédio controlado chamado consciência, vagam por entre a escuridão à procura da luz... E esta luz sou eu mesma e estou perdida dentro de mim. No céu noturno, existe as estrelas e na escuridão existe beleza. Beleza essa que me encanta, beleza essa que me atrai. Mas há uma escuridão que me repele, a escuridão de alma e coração. Esta não me atrai, nela não há beleza. Na escuridão de alma só existe dor e angústia. Esta escuridão, ninguém deseja ter. Sempre começo à história pelas manhãs, mas hoje será diferente, pois hoje falaremos dela, a noite.
     De volta ao quarto com os olhos ainda avermelhados e cílios molhados, fiquei parada em frente à porta. Uma cama, uma escrivaninha de madeira, uma cadeira, um closet, uma penteadeira e outra cadeira. Um tapete com a estampa de um leão... Talvez o mesmo do corredor. O quarto do leão deve ser aqui... O chefe da família... meu avô?
      Um, dois, três passos lentos até seguir normalmente até a cama. Olhei para a lua através da janela e talvez tenha tido a breve sensação de ter me encontrado. Deitei-me na cama e me enrolei até acima do umbigo. A lareira estava desligada e eu não estava com frio, mas minha cabeça começava a me incomodar um pouco.

- Não se preocupe, Marie. É só fechar os olhos e o sono virá.

    Fechei os olhos, mas não consegui mante-los fechados por muito tempo. Parece que quando estava para dormir, algo sempre segurava minha mão.
     Quatro, cinco horas da manhã. O sol estava surgindo e meus olhos não pretendiam grudar-se. Decidi levantar-me e fazer algo, já que não conseguiria mais dormir. Levantei-me, calcei minhas pantufas e saí do meu quarto. Ao fechar a porta, senti minha visão escurecer um pouco. Resolvi ignorar e continuar meu caminho. Ao chegar na escada, tentei descer o primeiro degrau, mas minha visão resolveu escurecer novamente e eu acabei pisando em falso. Pisei de lado, meu pé entortou para a direita e eu estava prestes à cair de costas de escada à baixo, mas alguém, com muito bom reflexo, força e braços longos, conseguiu segurar meu braço. Ao levantar o olhar, pude ver Brian de casaco e calça moleton pretos segurando firmemente meu braço esquerdo com uma feição preocupada porém orgulhosa de ter conseguido chegar à tempo. Sendo puxada de volta para o começo da escada, meu rosto se chocou contra seu peito. Meu braço ficou marcado? Sim, mas poderia ser pior. O fato era que eu estava tão passada que podem até me chamar de molho de tomate.

- Cuidado quando for descer a escada, Antie.

- H-han... Obrigada, Sr. May, e-eu... Eu prometo prestar atenção da próxima vez.

- Ei, que cara é essa? Você parece muito cansada. Olha essas olheiras!

- Han... É... Sim... Pois bem... Sabe que eu não sei o que aconteceu? -Respondi rindo de nervosa, coçando a cabeça, tentando passar credibilidade, porém mentindo muito mal e falhando miseravelmente.

- Você e Roger são péssimos mentirosos... Por isso que são amigos. - Disse Brian me olhando sério e cruzando os braços.

- É que... Ah, você me pegou. Eu não consegui dormir a noite inteira.

- Acho que esta é uma boa hora pra você me contar o que acontece com você ultimamente.

- É que... - Disse para logo suspirar e tentar arrumar coragem para falar sobre. - São coisas que aconteceram... Naquela floresta... Eu achei que estivesse livre, mas... Estou escravizada à isso... O tempo todo.

- Entendo... Por isso não quis cavalgar lá.

- Sim e... Meu quarto ... A janela fica bem em frente à vista da floresta e...

- Antie... - Disse Brian tocando meu rosto e acariciando-o com seu dedão. - Por que não me chamou? Eu te deixaria dormir comigo... Eu dormiria com você ou no chão, do jeito que preferir. Você sabe, eu estou aqui por você... Nós estamos aqui por você.

What Every [QUEEN] WantsOnde histórias criam vida. Descubra agora