What Every [QUEEN] Wants

Capítulo 07 - Pijama de Corações (Parte 01)

    Anos se passam, folhas caem da árvore, cabelos se tornam brancos, músicas vão e voltam, aparentemente pessoas ressucitam e hinos não morrem. Sempre tem aquela música que te faz se interessar pela a banda... Qual a sua?

Flash back on

    Eu tinha 19 anos e estava cursando psicologia em uma universidade aqui em Londres. Era um dia frio, estávamos chegando ao natal e teríamos missas, ceias e festas, mas eu não estava muito animada. Eu usava uma calça bege, blusa branca social e sobretudo. Eu nunca tive o corpo padrão, mas também não chegava à ser de fato gorda. Eu era uma "garota de quadril largo" como Brian diz na música. Não tinha espaços entre as pernas, minhas coxas eram grossas e cheias de celulites, minha barriga não era chapada e muito menos trincada. Tinha algumas leves varizes e estrias, mas eu não ligava, eu não ligava pra aparência ou beleza, nunca liguei. Me diziam que homens não gostam disso nem de aquilo, mas eu sinceramente não ligava. Eu não queria namorar, eu queria encher minha cabeça com a arte de entender a mente. Meus cabelos chegavam aos meus quadris todos encaracolados e eu andava cabisbaixa e depressa.
    Nesse dia em específico, haviam muitas pessoas nas ruas, o que dificultava minha caminhada. Eu odiava aquilo. Aquele barulho, aquela multidão, eu queria chegar em casa depressa.
     Finalmente, peguei um taxi. Entrei no mesmo e suspirei aliviada por estar finalmente em um lugar com menos gente. Apoiei meu corpo no acolchoado do assento e sussurrei para o taxista o local onde deveríamos ir.

— Rua Baker, por gentileza.

— Ok, senhorita. Quer alguma música? —Perguntou o taxista.

— Se tiver rock clássico, eu ficaria feliz. —Disse abrindo um sorriso sutil.

   Ao receber minha resposta, ele mexeu no som do carro e logo uma canção cujo o início parecia ser à capela de um coral cantando. Logo, iniciou-se um piano tristonho e uma voz majestosa. A música era uma obra de arte, mas o que realmente me chamou atenção foi a letra. Não sabia realmente o porquê, mas eu sentia como se ela se encaixasse perfeitamente em mim.
     Ao chegar em casa, encantada por aquela música, fui direto ao meu computador e pesquisei um de seus trechos que havia grudado em minha cabeça. Depois de um tempo, pude encontrá-la e despejar meu sentimento na mesma. Descobri que ela pertencia à uma banda britânica e mais tarde, percebi que aquela banda era a minha banda dos sonhos.

Flash back off

   "Abra os seus olhos, olhe para os céus e veja..."

— Roger?

— Eu!

   Levantei-me rapidamente sentando-me e olhei-o esfregando os olhos. Eu estava no início da floresta debaixo de uma árvore provavelmente dormindo. Roger olhou-me sorrindo amavelmente e me estendeu sua mão. Segurei sua mão e levantei-me quase caindo em cima dele, minhas pernas estavam bambas. Ele riu e me olhou com deboche.

— Mas o que diabos você está fazendo no meio da floresta dormindo às quatro da tarde, Marie?

— E-eu... Ora, não se pode mais dormir nesse sítio?

— Claro que pode, mas o ideal seria na sua cama. — Disse Roger para em seguida me encarar em silêncio fazendo aquela frase tão inocente tornar-se de duplo sentido.

— O que quis dizer com isso?

— Um artista não explica sua arte.

    Após dizer isso, Roger correu rindo suavemente em direção à casa e eu corri atrás dele. Quando quase chegamos à casa, pulei nas costas nele e ele me segurou pelas pernas me levando para dentro da casa sob suas costas.
    Entrando na casa, demos de cara com Brian que estava sentado sobre uma poltrona lendo um livro antigo de astrofísica, porém, ao nos ver entrar rindo igual à duas hienas, ele o fechou e nos olhou com um sorriso sutil em seus lábios.