Oliver me consultou da melhor forma possível, com atenção, paciência e acima de tudo profissional. Tirou a carga da amizade e deixou apenas o profissionalismo trabalhar. Era ótimo ter um amigo psicólogo, principalmente um que é possível confiar e que ele será extremamente bom, naquilo que ele exerce.
Nos levantamos no fim da consulta. Novamente, ganhei o encaminhamento para o psiquiatra. É, eu não gosto nem um pouco. Só de pensar em poder voltar aos remédios, de me tornar novamente depende daquilo, eu me sinto mal.
- Vamos cara, como havia dito, Sam e Marie estão fazendo um bolo para você - Oliver dizia enquanto fechava a porta de seu consultório e sorria - E olha, xiu, deveria ser uma "surpresa" - Por conta das chaves em sua mão, que pareceram sinos, um som irritante saiu do balançar no momento em que ele havia feito as aspas. Eu realmente achava algo engraçado, aquelas chaves, em questão a do consultório, estava um pouco amassada com leveza em seu meio. Ele provavelmente teve trabalhos para abrir, acredito que seja por conta da fechadura enferrujada na sua parte interior. Como eu sei disso? Simples, havia um tom de ferrugem na chave. Observação é um bom ponto, ainda mais quando você é um jogador deste grande tabuleiro que chamamos de vida.
- A, Okay. - Sinalizei positivamente com a cabeça. Como Oliver era um homem que observava mais do que falava, aquilo havia sido uma boa resposta - Eu não vou te dedurar, caso era isso que te aflige. Se bem que você não ficou claro um olhar perdido de alguém preocupado, muito menos arregalados e não mudou a frequência de sua respiração. Então esquece - Gesticulei com a mão direita para cima e para baixo, com a munheca maleável, mas não mole em um gesto afeminado.
- Você fala demais - Ele me olhou, com a sobrancelha direita arqueada, demonstrando a sinceridade e a surpresa por ter sido mais uma vez superado. Ele sempre demonstrava esse tipo de atitude, era uma forma de admiração encubada. Só podia ser.
- Sua admiração por minha pessoa é lisonjeada. - Estufei o peito, meu ego havia sido enchido um tiquinho. Nada a se alarmar.
- Você é muito... Chatinho - Ele pensou duas vezes, ele iria me xingar, sim, ele iria. Porém pensou duas vezes, deve ter levado em conta o bem que aquilo acabara de me ver. Preferiu engolir o orgulho a querer tirar meu pedestal naquele momento.
- Obrigado - Sorri, levando as mãos aos bolsos, deixando com que minha bolsa acabasse indo parar para detrás de meu corpo, encostando nas minhas rechonchudas nádegas. Eu amava aquela mochila, preta e velha de apenas uma alça. Ela tinha uma mancha peculiar, branca, que muitos poderiam pensar besteira. Entretanto duvido bastante se chegariam imaginar que havia sido tinta para descido e depois sendo espalhada com água. Se você riu, você é uma pessoa ruim. Se me julgou por ser um burro que achou que água iria tirar uma tinta forte e branca, você é um amorzinho. Apenas espero que entenda a minha ironia.
- Chegamos - Oliver caminhou com dois passos da calçada até sua porta. Achava incrível como ele conseguiria passar com os pés sobres as rachaduras que haviam no chão. Caso eu pisasse, eu teria uma agonia suprema. Não esquente. Eu sei que sou um retardado.
Eu respirei fundo e caminhei com a ponta de meu pé, indo em direção a casa e já preparando uma feição de surpreso.
Oliver abriu a porta e no momento em que pisei na entrada, confetes vieram voando em nossa direção. Marie, a Menina sapeca e inteligente, saiu com um chapéu em sua cabeça. Com certeza era antigo. Era notável pelo flacidez do seu papelão, assim como seu cabelo altamente colorido deixava isso exposto - As cores eram o tradicional preto sem sua raiz, o castanho em sua franja e o roxa e o violeta em suas pontas, fazendo com que ficasse azul atrás de sua cabeça. Não liguem, ela também é especial - ela vestia uma blusa larga do game God of War, que pela estampa antiga e desbotada, ei diria que ela lavava na máquina diversas vezes, assim como ela havia resistido durante anos. O seu tom preto começava a desbotar, mas mesmo assim chegava quase a seu joelho. Ela vestia uma bermuda curta jeans clara que fazia ressaltar sua pele pálida como leite em pó. Tive pena de meus olhos, não por conta de sua bela perna, mas por conta de ser bem clara. Sim, seu leitor sem graça, eu tentei ser engraçado.
Sam por outro lado, saiu assoprando uma daqueles papéis estranhos de festas que eu não sei o nome. Ela vestia sua blusa de regata preta, que estava amarrotada nas pontas, com certeza veio dobrada em sua mochila, do lado de um bloco de notas, pois havia uma migalha de papel em sua blusa. Ela estava com o cabelo cheio e bonito, aquele lindo cacheado preto de se apaixonar, assim como a sua pele negra, que brilhava como chocolate e mostrava o seu grande poder em uma pele lisa e hidratada. Por conta do brilho que a mesma causou na luz, acredito que ela havia passado o creme a vinte minutos atrás. Ela ainda se deu o luxo de permanecer com a mesma calça que havia usado em seu dia de trabalho. O respingo de sangue perto do seu joelho esquerdo não deixava negar.
Leopold estava lá, ainda com a mesma roupa do serviço. Sendo que sentado e jogando "JoJo" no vídeo game de Oliver, viciado da forma que era, ele estava massacrando Ead. Dava para ver na cara dela de irritada, principalmente em seu cabelo bagunçado, que apenas na raiva, é capaz de proporcionar.
- SURPRESA - Todos gritaram para mim. E eu, bem...
- Não dá - Dei as costas e sai, batendo a porta com força e respirando fundo do lado de fora
Acredito que todos se entreolharam lá dentro, era óbvio que isso iria acontecer. Até que Oliver abriu a porta, olhando-me preocupado
- Você esta bem cara? - Ele segurava o riso, desgraçado.
- Sim, eu estou bem. Sendo que não conseguiria forçar uma surpresa, em algo que ja sei. Não sou o cara das mentiras, sou o cara que desvenda as mentiras. - Estava com uma mão ao peito, enquanto a outra estava a parede, minha respiração estava pesada. Sim, óbvio. Mas consegui me acalmar e voltei para dentro.
- Esta bem, Leon? - Perguntou Marie ajeitando seus enormes óculos em seu rosto. Com um tom calmo e sereno, que me fez relaxar no mesmo instante.
- Sim, obrigado a preopa-
- LEON - Sam havia pulado em meus braços. Abraçando-me com força e sorrindo com muita alegria. - 27 anos, cavalinho. - Ela sorriu
- Muito engraçado a sua piada. - Eu forcei uma risada irônica, que acabou arrancando risadas da mesma e de Marie.
- Eu também quero meu abraço - Disse Marie abrindo os braços.
- Tá bom, avantajada - A abracei, após ter abraçado Sam. Fazendo com que um sorriso se formasse em seu rosto.
Depois de conversar bastante com as duas, resolvi comer um pedaço do bolo que as duas havia se esforçado para fazer. Não seria surpresa alguma ser um bolo bom. Samantha e Marie eram duas garotas extremamente talentosas quando querem, é algo surreal e bem invejado. Rimos, brincamos e depois resolvi conversa um pouco com meus amigos que estavam entretidos com o game.
- Olá pessoas
- SAÍ DA FRENTE - Gritou Ead como um monstro assustador. Eu pulei com o susto e me sentei ao lado de Leopold. Estiquei-me e deixei a minha bolsa ao meu lado, fazendo meio que uma barreira entre eu e Leopold.
[ Sem Leon percebe, o envelope saiu de sua mochila e foi parar sobre a coxa de Leopold]
- Quem esta com o Dio? E por que raios alguém jogaria com o Jonathan!? O Joseph existe para o que?
- Calado - Disse Ead, era claro que havia escolhido o Jonathan Joestar.
- Era óbvio, não cara? Pois - Leopold soltou uma de suas mãos do controle e apontou para si com o dedão. Ele estufou o peito e me olhou com um ar soberano e então disse - Eu sou o DIO!
Eu Gargalhei, era referência demais.
Graças aquilo, eu acabei abaixando o olhar e vendo tal envelope. Achei aquilo meio estranho, resolvi pegar pela ponta e então analisar quem seria o remetente.
- "De: Jogador
Para : Cavalo"
Eu gelei, não era comum nenhum deles ali fazer aquilo. Nenhum deles se nomeavam como um jogador, pois, apenas eu fazia isso e com convicção.
"Espero que não aja nada ruim" - Tentei afastar os maus pensamentos
Rasguei o envelope, no mesmo instante puxei o que havia dentro e infelizmente não queria ter visto
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Xeque
Mystery / Thriller"Nós, os seriais killers, somos seus maridos; somos seus filhos" - Ted Bundy A história passa em torno de Leon, um agente federal de apenas 27 anos de idade. Por problemas no passado, o rapaz acabou trazendo alguns traumas para a sua turbulenta vida...