Fui Eu

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Na manhã seguinte Carla tomou café, arrumou seu quarto e ligou pra uma de suas amigas para perguntar sobre o garoto misterioso, mas como já deve imaginar, não deu em nada.

Procurar um caucasiano de cabelo comprido vestindo um moletom em uma festa, é como procurar uma agulha no palheiro.

Depois disso Carla fez o almoço como fazia quase todos os dias, voltou ao seu quarto e assistiu um seriado. Alguns episódios e logo adormeceu. Quando acordou eram quase 18:00, mas não se importou já que era domingo e ela havia dormido pouco noite passada.

Carla estava se esforçando ao máximo para tentar esquecer de toda a história mas os pesadelos a perseguiam e ela estava cada vez mais perto de perder a cabeça. Naquela noite ela viu mais uma vez o rosto de Bob nos noticiários, ele já estava desaparecido há tempo demais e sua família estava devastada.

Quando Carla viu a mãe de Bob chorando em frente as câmeras o sumiço do filho, ela tomou uma decisão que naquele momento parecia ser a mais adequada. Aos prantos, saiu de casa às pressas, com os cabelos despenteados e um pouco de rímel escorrendo pela face.

Alguns quilômetros depois, desceu do carro também as pressas e entrou correndo na delegacia, causando certo espanto em quem estava ali presente.

- Eu preciso confessar. Eu não aguento mais, isso está me corroendo por dentro - disse a jovem enquanto soluçava de tanto chorar e apoiar e pressionava uma mão sobre cada ouvido, como se dentro de sua cabeça houvessem vozes ensurdecedoras. E haviam.

Depois de ser acalmada por um dos policiais ao ponto onde pudessem entender o que a jovem tinha pra dizer, Carla foi levada à uma sala privada, onde os policiais perguntaram se ela havia algo à confessar. Eles não esperavam que a confissão de um crime tão cruel saísse pelos lábios da jovem.

Os policiais tinham suas dúvidas a respeito da sanidade de Carla, mas não podiam ignorar uma confissão desse porte. Se ignorassem e fosse mesmo verdade, seria o fim da carreira de todos ali presente e se não ignorassem e fosse mentira, ainda assim teriam feito seu trabalho.

2 policiais acompanharam Carla até sua casa, foram eles nos bancos dianteiros da viatura e ela na parte traseira, como a criminosa que de fato era.

Chegando a casa da família Ford, João se surpreendeu ao atender a porta e dar de cara com sua filha chorando e acompanhada de 2 policiais. Até então ele achava que a filha estivesse no quarto descansando ou passando o tempo. Um pouco surpreso e preocupado, além de extremamente culpado, João ainda foi capaz de manter intacta a máscara que vestia. Logo chegou Beatriz, que ficou assustada mas foi acalmada pelo marido.

Os policiais explicaram do que se tratava e pediram para entrar e olhar o jardim. João poderia ter dito que não tinham o direito de entrar sem um mandado, mas preferiu deixa-los entrar para que não levantassem ainda mais suspeitas.

Não foi encontrado nada que parecesse estranho ao olharem a casa, chegando ao jardim perceberam que a terra havia sido remexida onde Bob foi enterrado, os policiais perguntaram do que se tratava e João disse que havia retirado algumas plantas dali e que ainda não havia plantado novas. Os policiais reviraram a terra e pra surpresa de Carla, não havia nenhum corpo enterrado ali, era apenas terra revirada e isso não era causa suficiente para levar nenhum deles presos.

João acompanhou os policiais até a calçada e se desculpou com os mesmos, disse que a filha tomava remédios por que já não tinha noção da realidade devido à um problema psiquiátrico; o que era mentira. Os policiais foram embora e ele pôde finalmente deixar a máscara que vestia na cabeceira ao lado da cama, e deitar-se na esperança de que todas as suas mentiras tivessem sido suficiente para acalmar a situação em que sua filha os havia metido.

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