Neil havia adormecido com a cabeça nos ombros de Todd. Já estava assim há horas, desde que saíram do hotel, e Todd não se incomodava muito.
Ele tentara conversar com seus outros amigos, mas todos pareciam estar ocupados com seus assuntos próprios. Knox sonhava acordado sobre a Chris e esperava ansiosamente para sair do ônibus e poder ligar para ela de uma cabine telefônica; Meeks dava aulas sobre a história de Florença a Pitts e Charlie fazia piadas obscenas com um cannoli a ninguém em especial.
Todd dava risadas ao ver os garotos brincando, porém nunca participava da conversa.
"Eles já estão felizes sozinhos— não pertenço aqui." Ele pensava. Essa era a consequência de ser um poeta morto café com leite, ou de ser um jovem tímido demais.
Mas então tinha o Neil. Todd amava ouvi-lo falar sobre besteiras horas a fio como ele sempre fazia, mas havia algo especial em vê-lo dormindo, principalmente daquele jeito.
Neil tinha um sorriso nos lábios e seus olhos permaneciam fortemente fechados, sinal de sono profundo. Estava aninhado com Todd e seu corpo parecia estar numa espécie de posição fetal. Ele parecia mesmo um bebezinho, estava vulnerável. E saber que Neil estava assim perto dele era a melhor sensação que Todd poderia ter naquele dia frio.
Ou pelo menos era isso que Todd Anderson pensava até o Sr. Keating anunciar que já haviam chegado ao seu destino. Estavam a poucos quilômetros do belo centro histórico, o coração de Florença.
— Acordem, seus preguiçosos! — gritou o professor, fazendo seu entusiasmo infantil contagiar os garotos.
Os poetas mortos imediatamente pararam de fazer o que estavam fazendo e começaram a gritar "YAWP" o mais alto possível. Sem nem perceber, Todd os acompanhou e os meninos sorriram quando o viram gritar com eles.
Neil Perry abriu seus olhos aos poucos e bocejou alto. Ainda não estava completamente desperto, então se sentia um pouco tonto. Bocejou novamente e quase ia adormecendo, mas então Todd o cutucou.
— Chegamos, Neil — falou o garoto mais novo gentilmente.
O rapaz sonolento esticou os braços e bocejou por uma última vez. Estava com olheiras e seus cabelos grossos se encontravam bagunçados. Todd riu ao vê-lo assim e ajeitou os fios emaranhados de Neil. Este não estava esperando por isso, então olhou para Todd com uma expressão um tanto confusa, mas com um ar de riso.
— Me-me desculpa... É que... é... — Todd gaguejou. Manteve seus olhos fixos no chão e encolheu seus ombros, como sempre fazia quando se sentia ansioso.
Neil não conseguiu conter o riso quando percebeu a timidez de seu amigo. O menino mais alto deu uma tapinha no ombro de Todd e sorriu para ele.
— Tá tudo bem. Obrigado. — Ele deu risada mais uma vez. — Eu devo estar com uma cara de sono enorme, né?
— Tá sim. — Todd sorriu ainda envergonhado e estendeu a mão para Neil se levantar.
Todos os alunos estavam de pé e o Sr. Keating sorria de orelha a orelha.
— Lembrem-se: Todos têm de voltar a este exato ponto no horário combinado. Levem seus cadernos e anotem o máximo possível. Agora os deixarei livres — disse o professor.
— Obrigado, Sr. Kea... — começou a falar Knox.
— Obrigado quem? — Keating, boquiaberto, cortou.
— Obrigado, Ó Capitão, Meu Capitão. — Knox engoliu em seco.
— Muito bem.
Neil e Todd desceram do ônibus rindo do pobrezinho do Knox e falando com os outros amigos. Todos haviam combinado de ir de ir ao Museu da Galeria primeiro, o local onde estava a estátua do David de Michelangelo. Mas Neil tinha planos diferentes.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Carpe Diem |Dead Poets Society|
FanfictionTodd sempre sentiu que não pertencia a lugar ou a grupo nenhum. Mesmo com seus amigos da Sociedade, ele sentia que seu lugar não era lá. Porém quando Todd e Neil têm a oportunidade de se afastar um pouco do grupo numa excursão e passearem pelas rua...