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E por que é que eu tentava meu máximo?

Namorar Jungkook era mais fácil que o resto da humanidade, de fato. Então, o problema não era eu, nem ele, e sim o resto do mundo.

Entenda, preste atenção. Quando você começa a namorar alguém, você hipoteticamente também começa a namorar todo o resto.

Você namora as opiniões de outras pessoas, seus sorrisos, suas palavras desgostosas, o preconceito, a desaprovação.

E se eu namorasse Jungkook, eu teria que namorar todo o resto.

Por aquele curto espaço de tempo, eu quis deixar aquela ideia para lá.

E se eu tivesse que namorar o meu queimar da pele e o meu coração batendo, valeria a pena.

Já que assim, quando eu estivesse preparado, Jungkook não teria que fazer o mesmo que eu.

Ele, Jungkook, acabou dormindo logo no finalzinho do meu programa preferido.

Fiquei encantado quando ele riu de minhas piadas, ou quando pelo menos as entendeu.

Mas Jungkook ainda teve que se esforçar para manter os olhos abertos, e a atenção na televisão, assim como eu.

Após meia-hora, com o programa terminado, eu percebia que ele dormia.

Desajeitado, na única poltrona que nós dois tínhamos no apartamento, com a cabeça pendendo, para trás, quase caindo.

Sua respiração era curta e ansiosa, como se tivesse febre. Quieta, porém, como a de um bebê.

Eu praguejei por não ter notado antes.

Engatinhei até o braço do sofá e me inclinei, puxando uma das mãos de Jungkook.

Vi-o escorregar, sem chance de segurar seu próprio peso. Então, puxei-o para mim e nos fiz cair de volta para aquele maldito sofá.

Senti a quentura da pele de Jungkook queimando contra a minha. Seu corpo, rígido contra o meu, e os fios de seu cabelo ocasionalmente arrastando contra meu peito.

— Jimin? 

Naquele momento, minha tese realmente fez sentido.

Segurei sua cabeça e enfiei meus dedos em seu couro cabeludo, pressionando-a contra meu peito. E naquele tempo, Jungkook provavelmente escutou.

Ele escutou-me derreter, e escutou meu coração bater e bater bem ao pé de seu ouvido.

Quando Jungkook mexeu-se minimamente, não quis deixá-lo se levantar. Não quis deixá-lo tocar-me, e não quis deixá-lo ver o rosto que deixava tão na cara o quanto eu estava apaixonado por ele.

Jungkook pode até ter percebido, mas ele não me disse nada. Fingiu-se de besta.

Seus braços se apoiaram ao meu lado e quando virou a cabeça, até mesmo me deixou tampar seus olhos.

Não quis deixá-lo ver minhas bochechas viajarem por tantos tons de vermelho.

Me escondi em sua quentura, e em sua gentileza. E suprimi para mim mesmo o desejo de fazer qualquer coisa mais.

— Você tem febre, sabia?

E menti, quando prometi a mim mesmo que seguraria tudo aquilo em minha goela. E se não, iria engolir.

Engolir uma ova. Deixei tudo óbvio demais, quando achei que tinha pego o jeito das coisas.

Com os olhos de quem realmente gostava dele, o olhei. E com as mãos que queriam o tocar, passei seus cabelos para trás das orelhas.

E Jungkook, pegou essa oportunidade para me passar para trás.

Ele deu risada e ergueu seu tronco, me fazendo ter a impressão de que ele gostaria de estar no comando.

— Eu acho que ambos temos.

Jungkook, obviamente tinha mais controle que eu. E sem que eu percebesse, já me tinha amarradinho na ponta de seus dedos.

characterOnde histórias criam vida. Descubra agora