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Amarrado nas pontas de seus dedos não foi a palavra certa usada para me expressar. Percebi isso enquanto encarava Jungkook e as milhares de folhas em sua mão, trocando o pano molhado em sua testa.

Me pediu para ouvi-lo. Me pediu para ficar ali e ouvi-lo enquanto ele estivesse acordado, e não acreditasse que tudo foi um sonho na manhã seguinte.

Eu não estava amarrado nos dedos de Jungkook. Ambos de nós estávamos amarrados um no outro.

— Eu acho que estou fazendo um ótimo trabalho. — Ele disse, apoiando-se na nossa pilha de travesseiros — Em te transformar num dos meus personagens, digo.

Eu não o respondi. Eu não ousei o responder. Imagina-lo escrevendo sobre mim me fazia doente no estômago, quentura acariciando minha pele como um churrasco.

— Ei, como meu personagem, — Jungkook começou a falar, meio groge — Será que você consegue me surpreender?

Tentei engolir o nó em minha garganta. Fingi não perceber o olhar de Jungkook sobre mim, brincando de boiar o pano no balde dágua.

— Eu não sou seu personagem.

Jungkook não me deu tempo de complementar minha frase. Ele grunhiu como uma criança mimada e empurrou uma de suas folhas em minha direção, como se não as quisesse mais.

— Vamos lá, Jimin! Por favor! É importante.

E eu desisti. Se fosse para namorar com o resto da humanidade, eu namoraria. Mas Jungkook também seria só meu.

— Eu te amo.

Eu só devia pensar mais, talvez duas vezes, antes de fazer decisões com a cabeça quente.

— ... Huh?

Mas foi tarde demais e eu tinha me chamuscado em minha própria fogueira.

characterOnde histórias criam vida. Descubra agora