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Jungkook não deixou passar, claro que não. Ele se inclinou sobre a cama e me encarou, os olhos brilhando tanto que eu quase vi tudo girar.

— Jimin, seja sincero. — Ele pediu uma das coisas mais difíceis do mundo.

A esse ponto, eu já tinha me levantado, praguejando minha boca frouxa.

— Esse é o você real falando isso? — Jungkook perguntou, exasperado — Não um personagem que eu redesenhei mas, você, mesmo.

Eu senti minhas bochechas esquentando. Tentei me lembrar que era Jungkook quem estava doente, e eu quem não agia racionalmente.

— Jimin, é você quem está dizendo que me ama?

Mesmo assim, ainda não consegui parar as palavras na ponta da minha língua de saírem.

Eu deixei a adrenalina escorrer até as pontas dos meus dedos, e quando ela chegou lá, agi por puro impulso. Peguei a almofada mais próxima de minha mão e joguei no rosto de Jungkook, logo puxando pelos cobertores da cama e os embolando junto dele.

Jungkook resmungou algo contra meu peito. Eu não ouvi porque meu coração batia alto demais.

— E daí se eu disse que te amo, você tem algum problema com isso?

Ele deu uma risada no meio dos cobertores, as ondas sonoras fazendo meu peito quentinho.

Ainda que eu segurasse os cobertores contra a cama com meus braços, Jungkook logo achou uma saída daquele redemoinho.

E meio segundo depois, eu vi-o arrastar a cabeça sobre o mesmo. Seus cabelos jorravam contra a montanha de travesseiros em que ele se apoiava antes, o rosto pintado de vermelho.

— Problema? Não, não muito. Na verdade, eu estou satisfeito.

O encarei, por meio segundo. Jungkook não me deu tempo de prendê-lo contra os cobertores mais uma vez.

Ele deslizou suas mãos sobre a cama e agarrou meus pulsos, trazendo-me estático naquele posição.

Se eu tivesse ficado quieto, nada daquilo teria acontecido. Se eu tivesse só calado a boca.

Mas eu não tinha. Agora, eu pegava fogo dos pés a cabeça. Se não parecesse absurdo, eu até diria de dentro para fora.

Jungkook me olhava com olhos semicerrados, um sorrisinho descansando nos lábios.

— Satisfeito para caralho.

Não tinha mais volta.

— Sabe...

Eu namoraria o resto do mundo, e Jungkook. E Jungkook seria meu.

— Eu também te amo.

Fechei meus olhos. Eu já não aguentava mais olhá-lo. Aparentemente, nunca aguentei.

Meu rosto derretia e pingava sobre Jungkook.

— Qual de você?

Jungkook deu uma outra risada. Seu tom de voz tão suave que me senti ainda mais envergonhado. Seu olhar praticamente acariciava meu rosto.

— Todos eles, e eu.

E eu, seria de Jungkook.

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