Retratos - RaLu. (Esconderijo- a série)

Cap 9.Garrafa de Whisky.

*Esconderijo a série – Sílvia e Malu.*

*Malu Abre a porta do apartamento e encontra Sílvia no sofá.*

Malu: O que é isso? O que é que você está fazendo aqui?

Sílvia: A Faxineira... Eu falei pra ela que eu era sua amiga e ela falou que eu podia esperar.

Malu: Desde quando eu sou tua amiga, Sílvia?

Sílvia: Calma.

Malu: Fala logo, o que você quer?

Sílvia: Olha, em primeiro lugar... Que você se afaste da Raquel.

Malu: Oi?! Ela veio atrás de mim.

Sílvia: É, mas você não perdeu tempo, né?

Malu: É, e isso não é da sua conta, né?

Sílvia: Eu me preocupo com a Raquel.

Malu: Não Sílvia. Você não se preocupa com ninguém, não. Você gosta de fazer inferno, né? De se meter na vida dos outros.

Sílvia: Sem drama, ô Malu.

Malu: Eu tava aqui sozinha, sofrendo longe da Raquel. Com um apartamento e uma vida nas costas. E você falando: "Olha lá amiga, ela tá bem, viu? Ela tá feliz. Tá tocando a vida dela... Mas é para o seu bem que eu tô te falando isso." Pra quê?! O que você tem na cabeça Sílvia?! Por quê?!

Sílvia: Acabou?

Malu: Não! Claro que não! Você veio aqui, você vai me ouvir!

Sílvia: Foi o Zeca que falou...

Malu: Não fala do Zeca! Você não fala do Zeca!

Sílvia: Para de gritar! Ai que coisa chata! Vem cá, ô Santa! A Patrícia... Ela sabe o que a Raquel foi fazer em Paquetá?

Malu: Você não tem mais o que fazer não, hein garota?!

Sílvia: Não tenho. Não tenho, não.

Malu: A sua vida é tão chata assim que você tem que se meter na vida dos outros?

Sílvia: A Raquel é minha amiga.

Malu: Você não tem amigo, Sílvia! Você quer ficar bem com todo mundo e vai terminar sozinha!

Sílvia: Ô Malu... Vamos analisar aqui um pouco as coisas...

Malu: Que analisar?! Do que você está falando?!

Sílvia: Vamos analisar sim! Tá?! Um: Raquelzinha foi embora!

Malu: Ah que... Que cê... Cala a boca

Sílvia: Dois: Zeca Morreu. Sinto muito.

Malu: Não Fala! Não fala do Ze...

Sílvia: Três: Sua avó também morreu! Quatro: Amiguinhas, né?! Não trabalhamos com elas! Cinco: Mãe não tá nem aí pra você!

Malu: Você não sabe o que você tá falando!

Sílvia: Seis: Gente, pelo amor de Deus! Mas nem a songa monga da Patrícia te aguentou.

Malu: Cala a boca! Cala a boca!

Sílvia: E sete, pra finalizar: Requelzinha, né?! Raquelzinha foi embora de novo!

Malu: Vai embora! Sai daqui! Vai embora você! Sai daqui!

Sílvia: Malu, meu amor. Ninguém te aguenta!

Malu: Vai embora!

Sílvia: Olha, eu acho, mas só acho, tá? Só acho que quem vai ficar sozinha aqui é você.

Malu: Vai embora Sílvia. Vai embora!

Sílvia: Eu vou.

Malu: Sai!

Sílvia: Eu vou, mas sabe por quê? Porque eu tenho mais o que fazer.

Malu: Sai daqui!

Sílvia: Tô indo, amor!

Malu: Vai embora!

Sílvia: Tô indo. Calma.

Malu: Vai embora, vai embora!

Sílvia: Calma... Oh, com a Raquel você não fica, tá Malu? ... Ca.

Malu: Sai daqui!

Sílvia: Beijo, querida.

Malu: Vai embora!

Sílvia: Tá, tchau, tchau. Nervosa não, não fica nervosa, não.

*Sílvia sai deixando Malu sozinha no apartamento.*

***

*Sílvia.*

  Whisky... Forte, quente e que desce rasgando a garganta... Se for ruim, traz uma ressaca terrível, se for bom, nos traz memórias.

  Ah Raquel, você foi o meu pior melhor whisky... Os seus olhos esquentaram os meus, a sua boca embebeceu a minha me deixando dormente.
Suas pernas, suas mãos abrindo os botões... Seu cheiro impregnado em minha pele, o seu calor, a nossa falta de ar...

  Ah Raquel... Minha melhor memória e minha pior ressaca. Eu te bebi quente, te congelei com pouco gelo e então você derreteu escapando de mim. 

  Dor de cabeça, olhos de olheiras fundas e um mundo que não para de girar te levando para longe de mim.

  Toda garrafa acaba, seca, se quebra... Você me quebrou outra vez... Era o nome dela que você chamava ao dormir... Malu, Malu, Malu... Era sempre Malu. Eu? Eu nada! Sempre a segunda opção, a única opção... A falta de opção, a dor de cabeça, o cigarro apagado esquecido no cinzeiro.

  Agora que você não precisa mais de mim, você me joga fora, você me vomita como se nunca tivesse me bebido... Eu sou a sua pior ressaca e como o seu único remédio, você escolheu partir.

  Sabe Raquel, te ver saindo pela porta, foi a certeza de que eu te vi saindo da minha vida, porque não bastou sair, não bastou a ausência... Você tinha que me deixar saber que era de novo por causa dela... Malu, Malu, Malu, sempre Malu...

  "Não é pela Malu, Sílvia. Você não entende? Eu preciso ir... Por mim! Eu preciso recomeçar por mim. Adeus... Eu nunca quis te iludir." – Você disse.

  Mentira! Era por ela, sempre por ela, porque você ainda não entendeu... Raquel você não existe sem a sua preciosa Malu... Sem ela, é como se você estivesse pela metade... Eu queria ser sua outra metade, mas não... No fim das contas, meu amor não resistiu... Porque desde aquele dia em que você se assumiu, eu nunca tive chances...

  Sempre foi você e a sua preciosa Malu... Egoístas e cegas demais para se darem conta do que eu percebi desde a primeira vez em que eu as vi... Juntas numa história de amor patética e sem fim.

  Sozinha, eu me encontro novamente aqui com uma garrafa de whisky tentando esquecer as memórias, tentado me curar da ressaca que você causou em mim.

***

Ps* Os trechos dos diálogos presentes na primeira parte do capítulo foram transcritos a partir das cenas originais da websérie "Esconderijo- a série", disponível no site youtube, no canal "Esconderijo- a série".