Oblívio

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Memórias são arrancadas
Passado que não me recordo mais
Contam-me histórias
Pessoas que não conheço contam-me coisas
Esses meninos estranhos com cabelos arrepiados ali, sabe?
Eles me chamam de pai
E aquela mulher linda
Quem dera fosse minha mesmo
Não sei quem é, mas finjo saber
Não sei que gosto tem, mas vou experimentar
Aquele cachorro meio tristonho
Eu lembro dele, de algum lugar
Ele nem me olha direito
Parece não se importar
Estou escrevendo nesse caderno
Alguém já escreveu aqui
(Alguém que copia minha letra, inclusive)
Eu não sei nem onde estou
Dizem que é minha casa
Me deram um remédio há algumas horas
Acho que estão me mantendo preso
Mas quem faria tão belo cativeiro?
Escrevo para passar o tempo
Vai que você, que me conhece mesmo, lê
Talvez me salve
Mas não sei se quero ser salvo
Aqui sou alvo de regalias
Me tratam bem, sabia?
Mas não lembro do dia de ontem...

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