Capítulo não indicado para menores de 14 anos
Silêncio
Pausa para um café amargo
Engolimos desesperadamente
E sorrimos
Na tentativa falha de nos mostrarmos fortes
Olhares trocados feito bala
Trocamos tiros compostos por saudades futuras
Deixamos marcas
Ela continua a engolir aquela bebida
Engole sem demonstrar o quão amargo está
E eu a observo atentamente
Tentando o máximo de detalhes passíveis gravar.
.
.
.
Minha perna toca a dela, levemente. É imediata nossa reação. Tentativa falha de trocar umas três palavras.
Sua mão se encontra perdida na mesa, assim como nossos pensamentos, eu a seguro forte e o gosto amargo do café aparece novamente me tirando da nuvem de lembranças onde eu me encontrava.Restam somente três minutos. Eu iria partir para sempre, quando me lembrei de nossas histórias nesse lugar. A biblioteca do colégio sempre foi nosso esconderijo perfeito, já escrevemos vários contos sem sequer preencher uma linha e eu estava a poucos minutos de destruir todos eles.
Dois minutos e sairíamos dali como desconhecidas, apertei ainda mais sua mão e pude sentir uma lágrima escorrer em sincronia com a dela.
Mel me mostra seu doce sorriso mais uma vez ao nos tocarmos acidentalmente em baixo da mesa, novamente. Retribuo, entregando à ela nosso primeiro bilhete, feito no dia em que os contos começaram a ser escritos. Ela lê rapidamente e me olha, como quem está certa do que quer.
Mel se levanta e vai até o fim do corredor, me olha e sabe que já entendi o recado. Junto nossas coisas e me dirijo até ela.
Menos de um minuto para as luzes se apagarem. Ouvimos uma voz familiar avisando que iriam fechar a biblioteca. Nos olhamos e ficamos paradas, cuidando para não fazermos barulho. As luzes se apagam e eu deposito nossos materias em uma cadeira, cautelosamente.
Observo Mel se sentando em cima da mesa enquanto aguardamos a certeza de que estamos sozinhas. A porta se fecha e ouvimos barulhos de chaves. Pronto, será agora nosso último conto?
Me aproximo de minha princesa calmamente, toco em seu rosto e o sinto molhado, beijo sua testa e ela me envolve no seu abraço quente e demorado. Me afasto com calma e sinto seu corpo com minhas mãos.
"És a imperfeição mais perfeita que conheço" - pronuncio, como de costume.
Seu pescoço está quente e convidativo. O beijo com cuidado enquanto meus dedos deslizam em seus seios. Ela suspira e então sinto livre para te-la mais uma vez. Nosso beijo é mais quente que o normal, ela percorre meu corpo com suas mãos e me encosta na parede. Sua boca agora repete o caminho já conhecido por ela e sinto arrepios incontroláveis. A seguro forte e a deito no chão, escrevo um poema em seu corpo com meus lábios. Dois corpos iguais se fundem. Sinto o gosto de nossos contos, doce como ela por inteiro. Nossos corpos estão no chão e nossos cabelos unidos. Como uma tregua, acendo a luz do celular para admirar a obra de arte que mais gosto. Mel sorri. Continuo a passear pelo seu corpo incansavelmente. Sinto seu gosto indescritível e ouço o som de seu prazer, o melhor que já ouvi.
"O mel de Mel" - sempre repito essa frase, é como o "felizes para sempre" dos contos de fadas.
Trêmula ela sorri e continua seu show. Me perco em suas luzes, reviro meus olhos e nos abraçamos. Foi como um grito de despedida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dúvidas, medos e incertezas.
PuisiUm misto de poesias, prosas e amor (uma crônica ou outra pode se perder por aqui). O cotidiano às vezes assusta, não é mesmo? Vamos mergulhar em um amor tenebroso e sombrio, repleto de lágrimas e vidros quebrados? Boa viagem!