1 - Imprevisto

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         O céu de Nova York estava nublado, uma bruma fina cobria todo o horizonte cinzento e uma grossa camada de neblina impedia Lauren de ver a cidade perfeitamente. Ela bufou irritada e sentou-se no chão de mogno da varanda ao lado do tripé. Ela odiava quando alguma coisa interferia em sua inspiração, naquela semana, estava sendo o tempo. A dias o céu acinzentado de inverno havia chamado a atenção da morena, ela queria capturar a essência que a cidade tinha, além das fotos da Times square, sempre lindamente iluminada, ou do Central Park, lindo em dias de primavera. Ela queria que todos vissem o que ela, e todas as pessoas que se dignavam a prestar atenção, viam diariamente, a movimentação continua, as pessoas apressadas passando sem ver nada além de seus próprios mundinhos particulares, coisas cotidianas, coroadas pelo céu cinza claro. Mas a neblina simplesmente não a deixava capturar a cena que queria.

Ela fechou os olhos inspirando profundamente, e pegou um cigarro do bolso interno da jaqueta acendendo-o e levando aos lábios, tragou profundamente fechando os olhos e sentindo a nicotina fazer efeito, soltou uma cortina de fumaça pelos lábios entre-abertos e se deitou no chão de tacos de madeira escura. Ela tragou novamente, enquanto encarava o céu, e apenas soltou a fumaça quando sentiu os olhos ficarem turvos.

- Sabe que isso vai acabar te matando um dia, não sabe? – A voz de Dinah lhe invadiu os ouvidos e ela se permitiu sorrir de lado, vendo a polinésia entrar em seu campo de visão.

- Todos vamos morrer um dia, Jane. Eu talvez só esteja antecipando isso de qualquer forma... – Disse dando de ombros e tragando novamente.

- Teve outra crise? – A loira sentou-se ao lado de Lauren, que deitou em seu colo. – Teve, não teve? Por que outro motivo você levantaria as seis da manhã em uma segunda-feira, que você não precisa trabalhar?

- É, eu tive...foi das fortes, achei que eu fosse morrer. Não que isso seja novidade é claro, tive pelo menos três impulsos de me jogar dessa varanda só essa manhã, se descontarmos isso e o fato de que o clima e a minha inspiração não estão em sintonia nos últimos dias, eu estou perfeitamente bem. – Dinah acariciou os cabelos castanhos da garota, com um ar preocupado.

- Devia ter me acordado, você pode realmente fazer algo estúpido durante essas suas crises. – Lauren a olhou parecendo desinteressada.

- Como o que? Me matar? Nesse caso você teria um peso a menos com que se preocupar...não é? – A mais nova fuzilou-a com o olhar.

- Ora, cale essa boca, Lauren Michelle! Eu estou preocupada com você, preocupada de verdade, tá legal? Suas crises de pânico tem sido mais frequentes desde que Brianna foi embora, eu achei que com o tempo você ia melhorar, mas já fazem quatro meses e você, apesar de fingir não se importar, ainda chora pelos campos e estremesse como uma maldita adolescente toda vez que o nome dessa filha da puta, é citado. – Lauren sentou-se e virou para Dinah com o mesmo olhar entediado.

- Você veio aqui pra me dar um sermão de como eu devo superar minha ex, ou ia me dizer algo realmente importante? – A polinésia bufou.

- Verônica ligou, disse que uma amiga dela precisa de um fotógrafo de última hora, já que o dela furou. As fotos tem que ser entregues até amanhã, ela está desesperada e... – Lauren levantou, interrompendo-a.

- Eu vou. – Ela tragou uma última vez o cigarro e jogou-o no cinzeiro.

- Mas eu nem lhe disse pra quem, ou o que é! – Dinah exclamou.

- Não importa. – Disse guardando a câmera na bolsa junto com as lentes e o tripé. – Peça a Verô pra me mandar o endereço, estou indo pra lá.

Lauren pegou a chave de seu porsche 911 no chaveiro ao lado da porta e jogou a bolsa sobre o ombro esquerdo. Em segundos ela estava no elevador, descendo até a garagem do prédio.

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