III

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Seguindo o impulso do meu corpo e mente, vaguei por entre os astros, temendo a beleza das nebulosas de Órion. As vezes sentia meu corpo caindo e precisava fechar os olhos para tentar me nortear. Não me sentia como um pássaro, mas parecia conseguir manipular a gravidade.

A escuridão me cercava de todos os lados enquanto os raios de estrela passavam rapidamente pelo meu campo de visão. Me sentia dirigindo na contramão de uma estrada movimentada. Depois de minutos sem rumo, pensei em ir para Acrux e, como se um gênio da lâmpada realizasse meus desejos, lá estava eu.
Acrux era a estrela Alpha da minha constelação preferida, o cruzeiro. Amava passar horas e horas admirando-as ao longe. Sempre denominava as constelações como Parceiras de Céu, unidas observando o universo. Queria ser uma estrela.

- Onde estão as outras?  - Perguntei já sentando no astro.

- Olhe ao redor, não verás. Estão distantes o suficiente para não as reconhecer daqui. - Procurei e não achei o restante da constelação.  Estavam a centenas de anos luz de diferença. - Nunca as vi.

- Vocês são tão bonitas da Terra, parceiras inseparáveis... - Fiquei desapontado.

- Parceria não significa estar próximo, garoto! Veja só, nós conseguimos ser unidas mesmo distante, e, se um dia uma delas se for, não fará mais sentido ser uma constelação, precisamos uma da outra. - Ela parecia ter ficado irritada com a minha afirmação. Invejei aquela fidelidade e companheirismo, era tudo o que eu precisava e não tinha.

- Eu também posso ser seu Parceiro de Céu, Acrux? - Perguntei esperançoso.

- Não é assim que as coisas são, garoto. Minha constelação já está completa, você deve encontrar a sua.

E assim segui a viagem.

E Foi Assim Que Conheci O Universo [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora