Independence is Hapiness

Capítulo 6

*Ian POV on*

Ela aceitou o meu convite, até custa a acreditar. Pronto, não custa assim tanto acreditar, mas pela primeira vez tenho a sensação que vou sair com uma rapariga que não faz ideia de quem sou, não quer saber do meu dinheiro ou não sabe a influência que tem na sua vida só o facto de ser vista comigo na rua, ... O que, acreditem ou não, é algo que me deixa completamente intrigado em relação a Venus: como é que ela não sabe quem eu sou? Eu sou modelo e dono da agência Agnes Models, mundialmente famosa sem duvida, será que ela não conhece mesmo? Estou em 3º no pódio dos jovens adultos mais bem sucedidos dos Estados Unidos, é impossível nunca ter ouvido falar de mim... Enfim ... Melhor assim, não tenho de andar a fingir ser alguém que não sou, só para agradar os que me rodeiam.

Ainda não sei bem onde deva levar Vee a jantar... Quero que seja algo especial, mas não quero que seja demasiado exagerado para um primeiro encontro.

*Ian POV off*

*Vee POV on*

Neste momento são 20h30 e eu sinto o meu coração a mil. Tenho um medo horrível de dizer algo que não queira ou que ele não goste. Sempre fui terrível a travar novas amizades e sou perita em colocar-me em situações constrangedoras.  E se eu o afastar por causa de alguma coisa que diga? E se houver um silêncio constrangedor à qual eu não consiga por fim? E se afinal ele não tiver interesse em mim? Quer dizer, ninguém disse que tinha mas... para convidar alguém para jantar é porque essa pessoa não deve ser tão indiferente assim... certo? Tantas mas tantas perguntas...
Alguém interrompe os meus pensamentos. É uma voz familiar que eu tanto odeio.
- És surda ou quê? - A minha querida amiga Jane pergunta.
- E tu? Queres o quê?- pergunto de forma rude.
- Estou à meia hora a chamar-te para me tirares quatro cafés. A minha mesa está à espera.
- Ah... Desculpa então, não ouvi, estava perdida nos meus pensamentos.- digo enquanto pego em dois manípulos e coloco em cada um duas doses de café.
- Estás muito pensativa hoje, pareces ansiosa. Alguma novidade?
" Mas que porra Jane?" É a pergunta que me vem à cabeça
- Mesmo que tivesse alguma novidade, não era a ti que contava de certeza!
- Também não é preciso seres estúpida. Podemos não ser propriamente amigas mas ainda me preocupo contigo.
- Como assim? Desde o meu primeiro dia que implicas comigo por tudo e por nada e agora dizes que te preocupas comigo?- digo enquanto coloco duas chávenas de cada vez em cima do tabuleiro- Vai lá entregar os cafés, não faças a tua mesa esperar.
- O Ian não é quem tu pensas. Nunca conseguirás nada com ele por isso bem podes esquecer que ele existe.
A resposta dela deixa-me completamente de queixo caído. Então é por isso que ela estava tão simpática, queria saber informações acerca das minhas intenções com Ian. Mas... Como assim ele não é quem eu penso? Não deve ser nada. Apenas mais uma maneira de Jane me chatear a cabeça e tentativa de me enervar. Orelhas moucas, é sempre uma das melhores soluções.

Bem, o motorista de Ian deve estar cá às 22h e eu não queria ir com roupa de trabalho para o nosso jantar mas duvido que tenha tempo para me mudar... E... Se eu pedisse a Mrs. Marttino que me deixasse sair um pouco mais cedo? Poderia aproveitar e despachar-me nos balneários aqui do café. Trouxe roupa e maquilhagem, não era mal pensado... Mas não queria mesmo abusar e pedir alguma coisa a Isabella, ela tem sido tão compreensiva comigo por causa das horas de trabalho e a conciliação com a escola, penso que pedir para sair mais cedo seria de mais.

- Alguma coisa te preocupa querida? - Pergunta Isabella, com a voz mais doce que conheço- Precisas de alguma coisa? Pareces muito tensa.

- Mrs. Marttino... Por acaso sim mas , ... ham ... não queria abusar. É que... Bem... Tenho um encontro hoje depois de sair do trabalho e estou um pouco nervosa. Nunca tive um encontro antes e não sei o que fazer, não sei o que dizer nem o que pensar. Sei que não deveria falar isto consigo como patroa mas sabe que a considero como uma segunda mãe para mim e como a minha não está aqui agora, precisava da sua ajuda.

- Ai Vee! Considerando-me tua segunda mãe ainda não chames que prefiro que me trates por tu? Sei que já estou velha, mas não me queiras por ainda mais!!

Gargalhei com a sua afirmação. Como adoro esta mulher! Só ela para me fazer rir a esta hora e com este nervosismo que tenho. 

- Penso desculpa Isabella. - disse ainda a rir - Não foi minha intenção. Mas sabe, quer dizer, SABES que vai ser complicado de tirar esse hábito.

- Sei sim querida. Acerca do teu encontro: do que tens medo?

- Para ser sincera, nem eu sei. Tenho medo de dizer algo que me envergonhe ou faça algo que o afaste. É a primeira vez que vamos sair, quero causar boa impressão.  Ando a sonhar com isto há meses, ficaria super triste e desiludida comigo se fizesse asneira.

- Deixa-me parar-te aí mesmo, antes que digas algo mais. Vee, tu és uma rapariga incrível, sempre com um sorriso nos lábios, uma simpatia inigualável, uma personalidade forte, imensamente bonita e especial. Qualquer pessoa que não veja isso, não merece nem um sorriso da tua parte. O melhor conselho que te posso dar é que sejas tu própria, não penses em agradar mas sim manter-te fiel a ti. Só um parvo te mandaria dar uma volta depois de te conhecer.

As palavras de Isabella aquecem o meu coração e para dizer a verdade acalmam um pouco os meus nervos. Ela tem razão! Tenho apenas de ser eu própria. Mas... E se o que eu sou não for suficiente?

- Mas... Isabella? E se o que eu sou não for suficiente para ele? Se ele quiser mais?

- Então é porque não te merece.

Que estou eu a pensar? É claro que Isabella tem razão. Eu sou uma mulher forte  e independente e não preciso que ninguém me diga o contrário ou me faça pensar menos que isso. Se ele não gostar de mim, se ele não quiser voltar a se encontrar comigo: problema dele, ele é que perde.

- Bem querida, que tal dares uma limpeza no balcão e ires te despachar para o encontro? Não te preocupes com o fechar que a Jane pode tratar disso com a ajuda do Sebastion. Certo Jane? - Mrs. Marttino reparou que Jane estava a ouvir a nossa conversa através da porta e fez questão de deixar isso bem claro.

- O quê? Mas Mr. Marttino, era suposto eu sair às 21h!

- Se tens tempo para ouvir conversas privadas às escondidas, também tens tempo para fechar o café e sair um pouquinho mais tarde não é verdade?

- Sim, Mrs. Marttino. Como preferir. 

Digamos que se o olhar matasse eu estaria morta mil vezes neste preciso momento. Jane olhava-me como se quisesse me enterrar viva. Culpa dela, ninguém a mandou ouvir a nossa conversa. Limitei-me apenas a sorrir vitoriosa para ela.

- Obrigada Isabella, muito obrigada mesmo. - disse abraçando-a e antes de sair do escritório virei-me para Jane sorrindo - E obrigada Jane, por me substituíres a fechar!

Bem, vou dar então uma limpeza rápida no balcão e deixar tudo mais ou menos organizado para Jane fechar o café. Apesar de não gostar dela, não quero deixar o espaço de pantanas e obrigá-la a fazer o me trabalho. Limpeza feita, está na altura de me ir despachar para o meu encontro com Ian. Seja o que Deus quiser.