Uma última vez.

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— Quando? — A pergunta foi direta, dita sem gaguejar, fazendo com que ela se surpreendesse com seu tom de voz. Aguardou a resposta, mas tudo o que ouviu foi um pequeno ruído, porém este foi seguido da voz dela.

— Sansa, Sansa, Sansa...

Ela buscou ar de seus pulmões, falhando miseravelmente na tentativa de formular uma frase, ou uma palavra coerente, pois nada conseguia sair de sua boca, fazendo com que sua preocupação com o que a mulher do outro lado da linha pensaria de si, aumentasse. Por um segundo, acreditou que começaria a chorar, despejar toda a sua dor em lágrimas, contudo engoliu seco, empurrando sua tristeza para o fundo de seu coração.

Quem sabe, caso desligasse agora o telefone, não precisaria ouvir as palavras. Seria bom que sua última lembrança dela fosse seu nome, saindo de forma provocativa pela voz de Dany, como se a loira tivesse acabado de falar algo sobre Theon a convidando para sair, desafiando o controle da jovem, querendo que ela demonstrasse seu desconforto, o ciúme. Não, agora já era outubro. O verão havia acabado. Os passeios à noite, a piscina durante o dia, os biquínis, o azul, o vermelho, tudo não passava de uma lembrança vagando por sua mente.

Sansa sempre soube que seria assim que Daenerys se despediria de sua família, acenando e sorrindo, com um "Até depois!" despreocupado. Foi assim que ela fez quando as duas foram para Porto Real, mudando seu hábito apenas para deixar um beijo no topo da cabeça de Missandei, dizendo que ligaria para ela, e como sempre seria a garotinha mais inteligente que conheceu; e assim foram passar os dias finais dela. Não era sua vez, mas breve elas estariam apertando as mãos, prometendo que não perderiam contato.

Uma doce mentira, que não acalmou o coração da adolescente.

— Próxima primavera. — Curta, sem enrolação. Sansa mordeu o lábio, encarando a parede cinzenta de sua sala, ansiando que seu Deus possuísse misericórdia, enviando algo que a matasse naquele segundo. — O nome dele é Drogo. Deveríamos ter parado de enrolar faz anos, mas só tivemos coragem agora.

Garotinha estúpida, pensou consigo mesma; você foi uma distração.

Caso fechasse os olhos, conseguiria sentir o cheiro de limonada, as cordas do violão entre seus dedos, tocando algo enquanto o sol aquecia a pele, mas podia perceber o olhar em si, e quando subitamente ergueu o rosto para ver se ela estava gostando do que tocava, lá estava: cruel, como uma lâmina reluzente recolhida no momento exato em que sua vítima a percebe. Ela deu um sorriso sem graça, como se dissesse que não adiantava mais esconder.

— Isso é bom. Maravilhoso, para falar a verdade!

Sansa poderia ter uma reputação de atrevida, cortejadora, entre outras coisas, mas tudo o que ela tinha certeza havia desaparecido no segundo que aquela mulher saiu do táxi, com um chapéu de palha, blusa azul e shorts jeans, tanta pele à mostra. Daenerys, com os cabelos brancos voando, olhos violetas tão fascinantes, parecendo que poderiam ver através de seu corpo, capazes enxergar sua alma. Era apenas a hóspede da vez, alguém que em breve partiria, proibida para aproximação.

Ela a odiava, cada ação sua era seguida de uma reclamação por parte da adolescente. Não soube explicar, quando depois de todo o tempo, algo nasceu em meio aos sentimentos caóticos que cultivou.

O arrependimento caiu sobre seu coração, porque ela deveria saber que era melhor morrer, do que falar.

Talvez toda a tristeza que conheceu, havia decidido de repente convergir naquela. Precisava lutar contra aquilo.

— Sansa... — Ela começou, depois de um momento. O estômago dava voltas, não era justo que ainda sentisse tanto em relação a Dany, porque era óbvio que a loira não era afetada da mesma maneira. Arrumou sua postura, e esperou. — Sou como você. Eu me lembro de tudo.

Parou por um instante. Seu mundo eram aqueles minutos, nada importava além deles. Se você lembra de tudo, quis dizer, me diga como era a cor do céu no dia em que a levei ao meu lugar secreto — agora, e para sempre, será nosso — e você enfim me beijou. Me fale como foi a primeira vez que me teve em minha cama, ou como foi quando passei a evitá-la até me enfeitiçar novamente, me mantendo por perto sempre que podia. Conte como foi quando me deixou tomar o controle e como gemeu aquela noite. Se realmente gosta de mim, continuou em sua mente, então fale aquilo! Seja brincadeira, ou ainda que com um adendo que signifique tudo para mim, e como naquela vez, volte para casa, volte para o meu quarto, nem que por um dia, esqueça esse homem, me beije como na primeira vez, com a mesma luxúria, olhe nos meus olhos, sustente meu olhar, e me chame pelo seu nome.

— Adeus. — Sansa disse, desligando a chamada, utilizando toda a coragem que ainda possuía em seu corpo.

***
N/A: Esse é, sem duvidas, um casal bem pouco conhecido, mas é o meu xodó. Precisei juntar meu livro favorito com eles, foi impossível de se resistir.

Escrever essa one meio que "quebrou" meu bloqueio, e eu me sinto bem melhor agora. Enfim, posso continuar meus trabalhos (cof, cof, oito rascunhos)

Por favor, quem leu e gostou, espalhe a palavra do verdadeiro significado de "A song of ice and fire"

skinny love/: daensa Onde histórias criam vida. Descubra agora