8º Capitulo

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A famosa ponte de Londres, lembro-me de quando era pequeno, quando o meu pai me batia, fugia sempre para aqui. Talvez porque sentia-me seguro, a observar tudo o que se passava lá do topo, ou então era apenas uma mania para chorar em silencio.

Comecei por subir as escadas, em passos rápidos, ela seguia-me mantendo-se em silencio. Sem duvida que ele me estava a afetar, só queria ouvir a sua voz, que não ouvia a algum tempo. Quando finalmente chegamos ao topo, ela fitou o horizonte das sete da tarde. Quando dei por mim, estava a sorrir que nem um tolo.

- Isto é lindo. – ela sussurrou.

- Eu sei. –murmurei.

Agarrei no seu braço, puxando-a mais para mim, e sentei-me com as costas encostadas a um pilar de suporto da torre, ela sentou-se á minha frente, com as pernas cruzadas observando a paisagem que se via dali, era bastante assombrador.

Ela era mesmo bonito, metade do seu rosto estava coberto com o sol, enquanto o seu cabelo esvoaçava para trás, os seus lábios meio que abertos pintados num tom cor-de-rosa claro, e os seus olhos estavam fechados. Passei os meus dedos pelo meu cabelo, voltando a completar aquela paisagem, o sol já se ponha, e as aguas do rio estavam calmas, e com a cor do por do sol, laranja, meio rosa, e amarelo.

- Amas mesmo o Calum ? – tapei a boca, quando dei por mim a falar do que não devia.

- Sim, acho que sim. – ela murmurou.

Não tenho nenhuma sorte com nada. Voltei a olhar para o horizonte, agora alguns pássaros decidiram passar á nossa frente. Nunca na minha vida, pensei encontrar-me aqui com uma rapariga, principalmente a Katherine.

Ela desviou o seu olhar para mim, e logo um mar de cinzento claro se misturou com um mar de verde-esmeralda. Um sorriso desenhou-se nos seus lábios, e dei por mim a querer sentir o seu sabor novamente. O seu olhar não se desviava do meu, apenas me aproximei dela, colocando uma madeixa do seu cabelo longo atrás da orelha. Senti uma enorme electricidade a aumentar entre nós, os nossos rostos estavam tão próximo, que o meu nariz roçava no dela, e os meus lábios estavam apenas a escassos centímetros dos dela. Consegui reparar na sua língua entre os seus dentes, e voltei a sorrir. Só hoje, já devo ter sorrido cerca de umas cinquenta vezes. Aproximei-me cada vez mais dela, e os seus olhos fecharam-se quando os meus lábios roçaram nos dela. Passei a língua pelo seu lábio inferior, colocando uma mão no seu rosto, e outra na sua cintura. Puxei-a para o meu colo, com alguma dificuldade e beijei-a em movimentos tão lentos, quanto possível.

Os meus lábios, moldavam os dela com pouco dificuldade, visto que a mão dela agarrou no meu rosto, aprofundando o beijo. A sua língua deslizou por entre os meus lábios, e logo abri a boca dando-lhe acesso á mesma, assim que ambas as línguas se entrelaçaram, começaram por fazer movimentos lentos uma com a outra. Mas eu sentia necessidade de mais, eu queria, eu desejava-a. Apenas tinha medo que ela fosse mais uma, em todas as vezes que fodia com alguém, engatava-a, fodia-a, e provavelmente deixava-a nua no meio da rua, visto que nunca a mais a queria ver na minha vida.  

- Vamos para tua casa. – ela sussurrou na minha boca.

Assenti com a cabeça, e ela saiu do meu colo, levantei-me e seguia enquanto descíamos as escadas, que pareciam nunca mais querer acabar.

Quando finalmente chegamos ao meu carro, abri a porta e ela entrou do lado do passageiro. Logo o meu carro deu vida, e guiei até minha casa.

Não sei porque estava nervoso, isto não era normal. Talvez pelo facto de a ir tentar foder, mas mesmo assim, nunca fiquei assim com outra rapariga. Mas ela não é outra rapariga. Foda-se odiava-me como o caralho quando isto acontecia, eu não gosto dela e estou longe de gostar porra. Não irei cair novamente no mesmo erro e apaixonar-me.

Quando finalmente estávamos dentro de minha casa, senti a sua respiração a mudar, será que ela pensava que eu a ia foder? Revirei mentalmente os meus olhos, enquanto agarrava em dois copos, despejando para lá um pouco de vinho. Fiz um sinal com a cabeça, para que ela me seguisse até á sala.

A lareira estava acessa, e o calor da mesma inundava a sala. Era tão bom lá estar, sentei-me sobre o sofá, bebericando o meu vinho, voltei a olhar para ela, e logo os nossos olhos se voltaram a encontrar. Logo os seus olhos tornaram-se brancos, e eu sabia o que vinha a seguir.

– hm, hm. – a sua voz saiu que nem um murmúrio.

Ri-me baixo levantando-me, recomecei-me a vestir e ela fez o mesmo. Porra, como aquele vestido lhe assentava. Ela ficava mesmo linda vestida com aquele vermelho vivo. Ajeitei o meu laço em frente ao espelho do quarto onde estávamos e beijei-a uma ultima vez. Abri a porta logo de seguida saindo pela mesma.

- e onde vais trabalhar agora? –murmurei.

- Vou trabalhar numa empresa em Seattle. – ela sorriu, orgulhosa.

- boa sorte com isso. – murmurei.

- bem, vou precisar. Apesar de o Mathew continuar em Portland, ele não quer vir comigo. – ela suspirou.

- Ele é um otário. –murmurei.

- não fale dele assim. – ela olhou-me.

Não prolonguei mais a conversa, claro que o facto de aquele filho da mãe ir para Seatlle com ela, me facilitava a vida. Nunca confiei nele, não percebo qual a cena da minha irmã ter visto aquelas fotos, era privadas e já estou a ver a merda que aquilo vai gerar quando sair o álbum das fotografias.

- kate ? – ouvi uma voz por detrás de nós. Só aquela merda lhe chamava disso, Mathew. – onde andaste, este tempo todo ?

- Por ai. – ela respondeu simplesmente, voltando-se para ele.

- Andaste enrolada com este caralho, não foi ? – ele gritou olhando-a com nojo.

- Tu achas ? – ela gritou de volta.

Ele num movimento rápido afastou-lhe o cabelo, dando-lhe a perfeita visão do chupão que antes tinha feito. Merda.

- merda.. – as palavras surgiram da minha boca.

- tu prometes-te que não fazias isto ! – ela gritou-me, ainda mais alto.

- Afinal foi verdade sua puta de merda. – ele gritou olhando-me.

Ele levou uma mão a trás, dando-lhe uma chapada acertando em cheio na sua bochecha. Ela gritou, logo começando a chorar. Os meus pés ficaram colados ao chão, eu não me conseguia mexer.

- Nunca mais me fales, tu morreste! – ela gritou-me.

E eu senti-me a morrer.”

Senti a minha visão a ficar turva, estava tudo a rodar, tudo. Os seus olhos esbugalharam-se, o meu copo de vinho caiu no chão, produzindo o som do vidro a partir-se. Fechei os meus olhos, e senti o meu mundo a cair ás ruínas, deixando-me cair no chão completamente desmaiado. 

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