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4th august

Desci a rua envolvida nos meus pensamentos. Normalmente adorava passear pela vila e ver o mar, mas hoje não estava em mim.

As minhas aulas terminaram há dois meses. Pensava que este verão ia ser um dos melhores da minha vida, mas até agora não estava a correr muito bem.

Continuava a manter-me otimista, no entanto. Tinha mais um mês para tornar o meu verão inesquecível e não ia deixar que tudo isto se metesse no caminho.

Senti o telemóvel a vibrar no bolso de trás das minhas calças de ganga.
Era a Maya.

"Estou?"

"Daisyyyy!! Estás na vila?" - a sua voz soava extremamente alegre do outro lado da linha. Sorri.

"Sim, estou! Está tudo bem?"

"Está tudo! Queria perguntar-te se querias vir connosco ao 23 hoje à noite."

"Huh... connosco?" - pergunto, já relutante.

"Sim, tu sabes. O pessoal do costume. O grupo da praia."

"Maya, sabes que eu não gosto nada de lá ir. Eu detesto sítios ass-"

"Sim, sim, já sei, já sei. Odeias sítios fechados e cheios de gente. Mas hoje prometo que te vais divertir. E preciso de falar contigo, por isso por favooooorrrr, vem!! E passa cá em casa se quiseres, o Jack também está cá."

"Hmmm... Oh Maya..." - lamuriei, como se fosse uma criança.

"Daisy... Vou ficar seriamente chateada se não vieres cá pelo menos. É mesmo importante."

"Ugh... Sabes que eu odeio que me digam isso!! Mas está bem. Passo aí por casa e depois acabou."

"Yaaayyyyy!!" - exclamou, como se também fosse uma criança. - "Ah e Daisy?" - a voz de Jack sobrepôs-se à de Maya.

"Sim?"

"Avisa quando estiveres a 10 minutos daqui, por favor."

"Porquê?"

"Não queremos que vejas o que não deves" - em seguida, ouvi um " Jack!!" abafado e uma gargalhada vinda dele. Revirei os olhos.

"Ew. Nojento."

Soltei uma pequena gargalhada e desliguei a chamada. Enquanto caminhava para a paragem de autocarros liguei aos meus pais a avisá-los onde estaria. Apesar de estar quase a completar 18 anos, os meus pais ainda me viam como uma bebé. Por um lado era irritante, para dizer a verdade, mas por outro também era bom ser tratada assim.

A viagem até casa de Maya não demorava mais que 10 minutos. Assim que me sentei num dos lugares no fundo do autocarro, coloquei os fones nos ouvidos, com a sensação de que iria reencontrar alguém conhecido.

Quando o autocarro parou no que seria a sua quinta paragem, os meus olhos dirigiram-se para a porta do veículo. E não é que tinha razão?

Reconheci aquele rapaz no segundo em que colocou um pé no autocarro. Era o Will. O Will anda na mesma escola que eu e tinha uma aula em comum comigo. Não somos muito próximos, mas damo-nos bem.

Cruzámos olhares e ele sorriu de maneira envergonhada. Só depois disso é que percebi que ele se vinha sentar ao meu lado.

Engoli em seco ao lembrar-me de quando o Dylan sentia ciúmes do Will. O meu coração apertou quando pensei nele, e na forma como ele me queria só para si mesmo.

"Hey Daisy." - cumprimenta, enquanto guarda o passe na capa do telemóvel.

"Olá." - sorri. - "Vejo que a praia tem andado a render." - comento, ao notar a sua pele bastante bronzeada.

Ele ri-se ligeiramente.

"Oh, isto não é nada. Devias ver o Ethan. Parece que dorme no solário."

Gargalhei com o seu comentário e desviei o olhar para a janela. A minha paragem aproximava-se.

Passámos uns segundos em silêncio, ouvindo as conversas dos outros passageiros em plano de fundo, até que Will decide falar.

"Olha Daisy, estás bem?"

Voltei a olhar para ele. Imediatamente percebi o porquê da sua pergunta.

"Sim." - olhei para os meus pés e clareei a garganta. - "Estou ótima."

"Eu sei que já passou algum tempo, mas não imagino o quão fodido deve ser para ti. Eu sei que tu e a Beatrice eram muito próximas e que tu gostavas imenso do Dylan." - afirmou. Senti pena na sua voz. Aquilo irritou-me e queria dizer que não me apetecia falar desse assunto, mas sei que ele está só a ser simpático.

"É. A vida tem destas coisas." - carreguei no stop. - "Só quero que eles sejam felizes."

Ele assentiu e deu-me espaço para passar.

"Oh, vais ao 23 hoje à noite?"

Pensei na sua questão.

"Claro. Vemo-nos lá." - sorri-lhe e virei costas. Tinha de lhe agradecer por me pôr aquele assunto novamente na cabeça ao ponto de a querer arrancar.

Subi a rua da casa de Maya e toquei à campainha.







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