Capítulo 4 - E agora, para onde?

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Os momentos seguintes passaram como um borrão diante de mim. Conversamos sobre meu nome, sobre meu antigo planeta. E descobri, para minha surpresa e admiração, que estava diante de uma celebridade entre nós: Vida nas Estrelas, Cavaleira da Besta. Se eles sabiam sobre isso, sabiam o que nós podíamos fazer. Será que... Não, não era possível.

— Você viveu na segunda cidade de cristal, suponho – disse ela

— Vivi, sim. Ouvi a história tantas vezes...

— Você gostou de ser Urso, Sunny? Era feliz quando estava lá?

Oh, não!

Lágrimas rolaram por meu rosto quando eu olhei para Kyle e finalmente entendi o que ele queria.

— Sinto muito – ela se desculpou, confirmando minhas suspeitas.

Ele tocou meu braço e se desculpou também, à sua maneira:

— Não tenha medo. Ninguém vai machucar você. Prometo.

A dor me atingiu em cheio, como um empurrão forte capaz de te derrubar no chão a metros de distância de onde você está. Como um atropelamento.

Ninguém vai me machucar, é?

— Mas eu gosto daqui. Quero ficar.

Minha tentativa patética de convencê-los só conseguiu que minha amiga tivesse ainda mais pena de mim e que Kyle trouxesse meu rosto para perto do peito dele, para me consolar. Seria preciso mais do que isso, entretanto.

O homem com a arma, Jeb, propôs que fôssemos ver um tal de Doc. Fiquei contente por ter um tempo para organizar minhas idéias, mas quando expulsaram o garoto como se fosse acontecer algo que ele não podia ver, eu me agarrei ainda mais a Kyle, como se pudesse literalmente me segurar neste mundo.

— Kyle?

— Sim?

— Eu não quero voltar para os Ursos.

— Você não é obrigada. Pode ir para algum outro lugar.

— Mas não posso ficar aqui?

— Não. Sinto muito, Sunny.

A escuridão do corredor que atravessávamos não era nada se comparada à escuridão que se abateu sobre mim.

A Hospedeira - Luz do Sol Através do GeloOnde histórias criam vida. Descubra agora