• injustice

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Depois do ocorrido eu apenas me tranquei em minha sala e me concentrei para não surtar ali mesmo. Estava em choque e talvez assustado demais até para deduzir o que tinha acontecido mas mesmo assim me culpava.

Me questionava o porquê dele ter entrado naquele estado de uma hora para outra; sera que foi o contato comigo? sera que eu esqueci de fazer algo? sera que não se pode mexer muito nele?

Nenhuma delas tinham respostas e todos os "porquês" acabavam em mais "porquês".

Será que o pequeno Harry está bem?

[...]

Hoje me levantei da cama com um ar tristonho e preocupado, eu pouco consegui dormir pensando naquele garoto de traços tão belos que me levaram ao céu. Então, me pergunto em silêncio, como aquele anjo vaga tão sozinho por esta terra nojenta?

Novamente o motorista parou no trânsito e eu deixei o dinheiro e apenas sai em silêncio. Desta vez, não tinha um sorriso no rosto e ao menos falei com as atendentes boazinhas que sempre estavam dispostas a me entregar café e soltar seus sorrisos bonitos.

No fundo, acho que estão tentando me dar uma cantadas mas eu sou lerdo demais para perceber.

— Ahn.. Tomlinson? podemos conversar na sua sala? - Murmurou o mais velho enquanto puxava levemente meu braço para que eu pare de andar.

— Tudo bem.

Fudeu.

Senhor Davis se colocou apoiado em minha mesa e eu apenas me joguei na cadeira, deixando as pernas esticadas e a mão "caída" em traços delicados que eu ao menos tinha noção de que fazia.
Zayn, o moreno a qual chamo de melhor amigo, sempre que anda comigo fica rindo de minha mão e eu apenas lhe mostro o dedo do meio.

— Fiquei sabendo do acontecido ontem com um paciente da ala ao lado - Seu tom era sério e ele nao desviava os olhos de mim por um segundo. Então, completou - Fiquei sabendo que você foi completamente rápido e eficaz para cuidar de um paciente que não è nem de sua responsabilidade. Foi uma atitude heróica.

— Eu apenas ouvi os aparelhos apitando, senhor. - Respondi. Eu sou um ótimo mentiroso.

— Não, não vem ao caso como ou porquê. Apenas quero parabeniza-lo por seu ato e pedir que não volte a se aproximar daquele quarto, uh?

— O que? obrigado mas.. por quê? - questionei com uma completa feição intrigada.

— Porque o 033 não é um problema de ninguém neste hospital, é um problema do estado e já estamos providenciando a desligada dos aparelhos.

— Você é louco? - meu tom agora saiu alto.

Ja estava em pé ao lado do homem, os braços cruzados e o semblante irritado.

— Eu administro um dos maiores hospitais de Londres, eu apenas dou as ordens, entendeu pequeno Lou? Precisamos de mais leitos e aquele ali já está ocupado por tempo demais. 3 Fucking anos.

— Isso é nojento e injusto. - Cuspi as palavras contra o homem e peguei meu café sobre a mesa.

Meus passos foram até a porta e sem pensar duas vezes, puxei a maçaneta e deixei-a entreaberta em minha frente.

— O que esta fazendo? - perguntou

— Te expulsando. O hospital é seu mas a sala é minha e..bom, eu preciso trabalhar. Tenho dois plantões hoje.

O homem me fitou com certa indignação mas nada disse, apenas saiu dali e seguiu pelos corredores até sumir.

[...]

Hoje "atendi" dois pacientes. Uma garota de seus 27 que esta em observação com suspeita de alguma doença que eu ao menos sei dizer o nome e um jovem, alto e musculoso. Seu nome era Liam Payne e ele precisou tomar remédios na veia para o que deduzi ser hemorragia.
Tinha uma postura máscula e rude mas era o contrário, ele segurou minha mão para ser furado e eu juro que vi uma lágrima escorrer por seu rosto.

Depois de todo o procedimento, sai da sala tendo a perfeita visão do hospital pouco iluminado pelas luzes fracas e sorri com isso. Sabe-se la porquê mas estava feliz em estar sozinho.

Meus passos tiveram um único foco, um único rumo e este tinha a porta entreaberta desta vez.
Olhei para os lados para conferir e por fim empurrei a porta, tendo a visao da enfermeira tarada ao lado dele.

— Ah..oi tomlinson. Soube que salvou a vida deste garotão aqui.

— Você è uma vadia - respondi com ar grosseiro, interrompendo sua falsa sensibilidade pelo homem.

— O-O que? Está me chamando de vadia, Louis? - Qual é? ela é surda?

— Sim, eu estou e se precisar eu ainda vou repetir. - me aproximei um pouco da mulher e sussurrei tão proximo de seu ouvido - Uma vadia que se satisfaz com um homem quase morto para encobrir o vazio de seu peito, óh ceus.

— Você não pode me chamar de vadia por eu ser solteira - Respondeu mexendo seu pescoço e me apontando o dedo. Apostava que tinha enfiado ele em um lugar bem..estranho poucos minutos atras.

— Não mesmo mas eu te chamo de vadia por precisar fazer isso com Harry para se "divertir". - Não consegui evitar e imitei a "remexida de pescoço da loira - Ele nao se mexe mas tem sentimentos, esta vivo. Ouça, seu coração ainda bate.

— Ainda.

Ela gargalhou e saiu levando as malas. Vadia desaforada.

Estava decidido, eu não deixaria aquele homem morrer até saber por completo o que aconteceu com ele e começaria isso hoje, assumindo o plantão dele.

Tão pouco prestei atenção em Harry que apenas depois de toda a discussão pude notar seu estado. Tinha os fios completamente bagunçados, as mãos sempre fechadas e a máscara de oxigênio em seu rosto; resultado da noite anterior.

— Hey? você ta me ouvindo? eu sou Louis...e..eu sou novo aqui no hospital. Quero que você saiba que não esta sozinho, tudo bem? eu não vou deixar você morrer, Harry! - sussurrei proximo de seu ouvido.

Não esperava que tivesse algum sinal mas fiquei meio desapontado por não ter ao menos uma batida de coração mais rapida, uma mexida de dedo. O pequeno Styles continuava estático ali, com sua feição angelical parte tampada pela máscara.

Me aproximei do mesmo novamente, levando minha mão ate a sua e puxando cada um de seus dedos longos até deixa-lo com a mão aberta e relaxada sobre a cama.

E como na noite anterior, as batidas aceleraram como um corredor de maratora. Harry Styles não gostava de contato ou se acostumou tanto com um contato "indesejado" que agora tem medo de ser tocado.

— Hey? Hey? Harry? sou eu..o Louis. Eu não vou te machucar, acalme-se.. shhhh - levei minhas mãos tão pequenas próximas de seu rosto e passei meu polegar por todo o traço marcado de seu maxilar. - Estou aqui, uh?

As batidas voltaram ao normal.

just a heartbeat ( l.s ) Onde histórias criam vida. Descubra agora