Exilados - RPG [2º Temporada]

Prólogo

2:55 da manhã, dizem que daqui a cinco minutos é o horário em que os demônios saem para brincar, em zombaria a Jesus Cristo, devido à sua morte ter ocorrido exatamente às 3 da tarde.

Quer você acredite ou não, o fato é que algo mais físico agiu nessa hora, eu ouvi o alarme, alguém ou foi muito ousado ou muito imbecil de se infiltrar na minha casa, pior, foi direto para a minha sala de troféus.

Eu rapidamente me levantei e fui correndo, esperando encontrar um cadáver, afinal, a maior ladra do mundo obviamente saberia que tipo de sistema usar na hora de investir em segurança. Um do qual somente ela poderia ultrapassar.

Mas para a minha surpresa, conforme fui passando as 50 salas que separam o cômodo principal da minha humilde mansão do meu cofre, nada. O pior é que ele não desativou o sistema, ele simplesmente passou por todos os cursos! Físico? O que quer que tenha vindo aqui parecia um fantasma!

Grades de laser, balas, salas que enchem de água, chuva de ácido, sons extremos, diabos, investi pesado num túnel do qual transporta a vítima para 65 milhões de anos no passado, caso ele não seguisse em linha reta ou sequer hesitasse, ele ficaria preso lá junto com os dinossauros e testemunharia a extinção dos dinos por conta do meteoro.

Não pode ser. NINGUÉM no mundo ou mesmo universo inteiro consegue atravessar isso. A não ser... Não! Não pode ser!

Eu cheguei no meu cofre e tudo estava no devido lugar. Menos uma coisa. E não, não porque estava faltando algo, mas sim porque havia algo lá.

O Big Ben, o grande relógio do qual era o sonho de minha vida, o roubo para acabar com todos os roubos, o roubo que me tornaria a Vicenzo Perugia dos tempos modernos. E ele estava ali, no local que há anos venho reservado.

Só duas pessoas no mundo inteiro sabem desse meu desejo...

- Não queria voltar de mãos vazias, portanto vim com um presente. Por favor, pegue leve comigo no sermão - Disse uma voz do qual nem precisava ser ouvida para se saber que era ele.

Eu sabia, mas mal conseguia acreditar, ele estava sumido havia 5 longos meses, os meses mais torturantes de toda a minha vida. Me disseram que o tinham pego quando ele tentou roubar o Golias Rubro, me disseram que era para eu aceitar e seguir em frente, que depois de tanto tempo sumido, que era certeza que ele nunca mais ia voltar.

Mas uma MÃE SEMPRE SABE quando seu filho está bem ou está mal, SABE que ele nasceu e SABE quando ele morre. Portanto por mais que me dissessem que ele estava morto...

- Olá, mamãe, me descul— Ei! Calma!

Eu SABIA que Ben, meu ladrãozinho, estava vivo! E eis que ele estava aqui, na minha frente. Eu o abracei como se nunca mais fosse soltá-lo. E não vou mesmo, nada vai conseguir tirar ele de perto de mim.

- Ben! Meu deus, meu garotinho! Meu fantasminha! Meu ladrãozinho! Onde você esteve esse tempo todo!? - Obviamente não falei com essa clareza. Estava chorando e enchendo ele de beijos, mas ele deve ter entendido o que disse.

- Mamãe... Sente-se. Vou preparar um café para a senhora ficar bem acordada. É uma LONGA história, e você provavelmente não vai acreditar em METADE dela...

Meu ladrãozinho, precavido como sempre, já estava com tudo o necessário para fazer o café do jeitinho que eu gosto, com muito leite e bastante açúcar.

- Seu pai vai querer saber disso. - Eu comentei.

- Não sei se vou ter tempo o bastante para ir atrás dele, ele está fora da cidade? - Ele perguntou. Ah, Ben...

- Mais próximo do que você imagina. - Respondi, e deixei a surpresa vir.

- Felicia, eu ouvi o alarme também, mas meu sentido— BEN!? - A cara dele foi impagável.

- PAI!? O que faz aqui? - Mas não tanto quanto a do nosso filho.

Homens. Tão previsíveis e tão fofos em suas reações.

Muita coisa acontece em 5 meses, a dor e busca incessante pelo nosso filho nos reaproximou e no fim nos fez reatar. Contar e ver nosso filho reagindo a isso foi como contar sobre a guerra do Papai Noel contra os outros feriados - liderados pelo Coelhinho da Páscoa - para uma criança.

Depois de um enorme abraço de urso, ou, devo dizer, aranha, trocado entre pai e filho, nosso ladrãozinho nos serviu nossos cafés e nos contou o que lhe acontecera nos últimos 5 meses.