Capítulo 1

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*Louis POV*

Já passam cerca de 8 anos desde que estou neste hospício. Eu sinto-me um doido embora não o seja. Eles aqui trata-me mal, eu não mereço isto eu juro que não mereço. Ainda me lembro do primeiro dia que aqui vim, tinha 13 anos e eu ainda era um miúdo.

~Flashback On~

Saí agora de um coche preto com as mãos algemadas como se eu fosse algum tipo de monstro e mal coloquei o pé na terra firme, olhei em volta e senti uma data de olhares sobre mim.

Fui logo levado para uma sala qualquer onde me tiraram as roupas por completo e deram-me um banho de água gelada. Naquele momento senti lágrimas a cair sobre a minha cara e agradeci mentalmente por ter o corpo molhado, já que assim ninguém iria notar.

Depois desse banho que foi o pior da minha vida, vesti uma bata qualquer e levaram-me para um quarto, olhei-o em volta. Aquilo parecia mais uma cela e as janelas até tinham grades.

~Flashback Off~

Foi a partir de esse dia que a minha vida mudou completamente. Estamos em pleno século 19, eu devia sair daqui eu não faço mal a ninguém!

Eu consigo vê-los, eles rodeiam-me a toda a hora, não lhes vejo o rosto mas consigo ver sempre uma pequena mancha e sei que são eles. Eu apenas quero que eles saíam de mim, quero que eles desapareçam para sempre já que eles são a razão de eu estar aqui.

- Tomlinson… - A enfermeira entrou no meu quarto, se é bem que não se pode chamar um quarto, com um tabuleiro nas mãos e logo os “meus” espíritos desapareceram num piscar de olhos já que eles só se mostram quando eu estou sozinho pois têm sempre medo de ser vistos. O tabuleiro que a enfermeira trazia, continha um copo de vidro com água e ao lado uma caixinha de comprimidos que eu vou ser obrigado neste preciso momento a tomar.

Ela fechou a porta já que como me vai soltar da cama, sim eu passo o dia inteiro atado a uma cama menos quando vou ter com o médico, tomar banho ou ter com o psicólogo. Senti ela aproximar-se lentamente de mim como se tivesse medo. Caramba, eu não faço mal a ninguém, nem aos próprios espíritos que estão a rondar à minha volta a toda a hora.

- Fogo, saíam dos quartos! – Ouviu-se alguém a gritar dos corredores e tenho a certeza que era a empregada de limpeza. A enfermeira que neste momento estava a tirar-me a única fivela que me faltava com a chave que elas usam, correu logo para fora do quarto deixando-me ali.

Cerca de segundos depois comecei a tossir por causa do fumo que enchia rapidamente os corredores e também os quartos, neste caso celas. É a minha oportunidade, eu preciso de ser desatado para correr e sair. A porta está aberta. Acho que neste momento tenho duas opções: ou arranco a minha perna ou fico aqui a arder quando o fogo chegar. Comecei a tentar a todo o custo arrancar aquela maldita fivela da minha perna mas eu não conseguia, tinha um cadeado por cima.

Quando eu tentei respirar fundo por causa do fumo que começava a chegar em cada vez mais quantidade ao meu quarto senti os espíritos a dirigirem-se ao meu pé e a retirarem aquilo em três tempos. Agradeci mentalmente e levantei-me daquela cama horrível começando a correr pelos corredores enquanto colocava a mão na boca para não inalar o fumo.

Sentia-os a virem atrás de mim mas eu não liguei e continuei o meu caminho pelos enormes corredores até às escadas. Acho que nunca senti tanta adrenalina na minha vida como senti naquele momento. As portas estavam todas abertas para que toda a gente pudesse sair mas eu tenho a certeza que quase todos os “malucos” como eu ainda estariam presos nas suas camas e “celas”, assim digamos.

Depois de vários minutos para chegar ao final daquele enorme edifício, acabei por passar a porta de saída e respirar o ar puro pela primeira vez nestas duas semanas. Senti a minha cabeça à roda e acabei por me aperceber que se não aproveitasse a confusão para escapar iria voltar para lá para dentro ao fim do incêndio.

Várias pessoas tentavam levar água lá para dentro enquanto eu começava de correr por entre uma pequena mata assustadora. Era de noite e quase não se via nada e à medida que eu corria voltava a senti-los atrás de mim.

Sentia o meu corpo a desgastar-se completamente pois eu já não corria assim há uns bons anos. Ao fim de atravessar aquela pequena mata que parecia enorme parei de correr e dei por mim a sorrir. Sim, a sorrir, eu à anos que já não sorria e eu agora poderia estar contente por ter saído daquele lugar horrível. Rapidamente respirei fundo e olhei o céu fechando os olhos.

Segundos depois começou a chover repentinamente mas eu não me importei. Eu sempre adorei chuva, mesmo que ela tivesse a molhar o meu corpo e o meu cabelo assim como a bata horrível que eu trazia vestido.

Agora eu gostava de saber para onde ir, os meus pais provavelmente já não devem estar vivos e mesmo que estivessem eu não iria ter com eles pois levaram-me para aquele lugar horrível e não me consigo lembrar onde era a minha antiga casa.

- Louis… Por aqui… - senti alguém a sussurrar ao meu ouvido e virei-me rapidamente, mas era só um foco branco, um espírito quero eu dizer. Ele mexeu-se e começou a passar rapidamente por entre as árvores. Eu não sei se deva ou não confiar nele, eles nunca foram tão bons para mim como foram hoje.

Vou seguir o meu instinto e confiar neles. Comecei a correr atrás deles já que eles eram bastante rápidos.

Quando dei por mim, ao fim de vários segundos a correr, estava em frente a um portão velho onde dava para ver uma enorme mansão uns metros mais à frente. Deveria ou não entrar? A porta assim do nada começou a abrir-se sozinha e eu senti o meu corpo a ser puxado para a tal mansão.

Comecei a caminhar à medida que olhava em volta e via folhas no chão molhado e lama a prender-se nos meus pés descalços e gelados. Senti o meu corpo a arrefecer devido à chuva e então dei uma mini-corrida até à porta de entrada da casa.

Eles iam à minha frente e eu ia atrás. Rodeei o meu corpo com os meus braços e cheguei mesmo a porta e coloquei a mão na maçaneta rodando a mesma e a porta abriu-se rapidamente.

Apercebi-me de que a casa era habitável logo depois de ter entrado na mesma e ver uma lareira acesa uns metros à frente. Antes que eu pudesse recuar os meus espíritos fecharam a porta.

- Estava à tua espera Louis Tomlinson. – Uma voz rouca soou de não sei onde e eu senti o meu corpo congelar.

Maniac Love. || {Larry Stylinson - PT}Onde histórias criam vida. Descubra agora