1 - ÂNCORA DA SOLIDÃO

15 1 0
                                    



Sempre sonhei em fazer poesia.

Expressar a magia,

Saber encantar,

Em palavra e verso,

Mesmo o reverso

Que a vida nos dá.


Mas, por quê? Por que não disseram,

Poetas antigos, 

Monstros sagrados,

Mestres e amigos, 

Que poesia é amor,

Mas também vem da dor?

Por que se calaram?

Brincaram comigo?


Teu inferno, Oh, Dante,

Tão quente e distante,

Se faz bem presente,

No coração de quem tente,

Em versos, dizer 

O amor tão sonhado

Que teu céu o inspirou.


Descrever o amor,

mas sentir tanta dor:

O purgar da emoção,

De um ser que expressa

Da alma, a paixão,

É labor tão sofrido,

Faz do poeta um porto,

Âncora da solidão.


Deus dos desgraçados,

Q' Castro Alves invocou:

Misericórdia te peço,

Imploro o favor!

Do desterro minh'alma

Liberta, Senhor!

Quero ser poeta,

Mas não quero essa dor!


Não deixe que a nau,

Neste Nauta a navegar,

Se choque nas penhas

Das águas tão rasas,

Que rolam nas faces:

Prantos d'alma.

Só quero de novo, seguro,

Ao cais retornar.


Oscilando entre o céu:

Almejado amor,

E o inferno latente:

Inferno da dor,

Resignado à frente,

Sigo minha sina.

Não há purgatório

Ao poeta, seu amor e sua dor.

POEMAS E POESIAOnde histórias criam vida. Descubra agora