Capítulo 5

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Após ouvir Normani deixar o andar, Camila passou longos minutos encarando o nada. Não tinha muito que fazer no momento, apenas ao olhar pela sacada já notava o quão segura a casa era, o que a faz temer mais ainda imaginar o que aconteceu com sua sósia. Não levou na brincadeira sobre o aviso de John, não precisaria ouvir dele as ameaças para acreditar. Ele por si só já tinha uma áurea pesa o suficiente para ser ameaçador.

O suspiro que quebrou o silêncio do quarto foi saudoso, pelo pai. Tinha medo de como o mesmo iria viver agora, como se sentira tendo que enterrar a filha. Ele não sobreviveria a mais uma perda, isso ela sabia. Lembrou-se do pai na cozinha todo sujo de farinha, enquanto tentava cozinhar para a mais nova, ou quando sobrava dinheiro e ele podia leva-la para comer fora ou ao cinema.

Lembrou-se das tardes em que passava com Ally e Troy. Das vezes em riam de algo totalmente idiota. A cada lembrança, Camila se encolhia mais na cama, desprotegida e com medo. Apertou o medalhão em seu pescoço, lembrando-se de sua amada mãe. Esse havia sido a ultima coisa que ela lhe dera antes de falecer. Com o pouco de fé que ainda tinha, ela rezou e no final da oração, chamou por sua mãe.

"Por favor, mama. Me ajuda, por favor... eu..." Pedia em meio às lágrimas, ou ao menos tentava falar em meio aos soluços que ficavam cada vez mais forte, e depois de um tempo, ela apenas desistiu. Se entregou ao choro, tentando ao máximo não fazer barulhos, seu corpo balançava conforme seu choro se intensificava.

"Cami... Oh deus!" Normani se sensibilizou com a imagem da outra encolhida na cama, chorando. Correu até a latina e sentou-se ao seu lado, acariciando seus cabelos. "Eu sinto muito por isso, eu juro que se pudesse fazer alguma coisa, eu faria. Eles não irão te machucar se pensarem que você é Karla, essa é a única forma de sobreviver aqui, entrar no jogo deles e seguir as regras... Por favor, Camila pare de chorar. Sofia não pode te ver nesse estado."

A menção a menina fez Camila se acalmar um pouco, limpou o rosto e encarou Normani.

"Ela já chegou?"

"Sim, está tomando banho que é o que você deveria estar fazendo."

"Nunca vou me acostumar com isso." Suspirou, secando as lágrimas.

"Você vai ver que se torna mais fácil ao passar do tempo. Eu vi e ouvi coisas dentro dessa casa e ao redor dessa família que me fizeram pensar o mesmo. Enfim, vá tomar banho, que eu vou separar uma roupa pra você."

"Não quero me vestir igual a ela."

"Não se preocupe, não vai ser nada muito extravagante. E com o tempo, você pode ir mudando de estilo que eles nem vão reparar."

"Obrigada, Normani."

"Eu te meti nisso, me sinto na obrigação ajudá-la" Camila não disse nada, apenas levantou e seguiu para o banheiro.

O banho foi longo, e nada relaxante. Não tinha como se sentir bem quando nem mesmo sabia o que aconteceria dali em diante. Quando achou que havia ficado o suficiente, ela saiu da banheira, se secou e com um roupão deixou o banheiro. Vestiu a roupa que Normani separou, penteou os cabelos e enquanto Normani não aparecia com sua mais nova irmã, ela foi até a varanda encarando a vista, que em quaquel outra circustancia seria explendida. Mas nessa noite, apenas reafirmava que ela estava muito longe de casa.

 Se perdeu em pensamentos, até ouvir as portas do elevador abrirem. Normani entrou com uma pequena criatura colada em suas pernas. Camila se aproximou à medida que Sofia se escondia mais. A latina olhou para Normani tentando entender o que estava acontecendo, mas não conseguiu decifrar o olhar da negra.

"Qual é problema, Sofi?" Perguntou, fazendo a menina arregalar os olhos.

"Você não é a Karla." Camila arregalou os olhos e olhou para Normani.

"Karla nunca a chama de Sofi. Ela nem mesmo olha para a menina, a não ser para maltratá-la. Eu devia ter dito, mas..."

"Eu não vou maltratá-la!"

"Eu sei..."

"Mani, podemos ir embora?" Sussurrou Sofia, mas antes que Normani pudesse responder, Camila se ajoelhou em frente à garota.

"Não quer ficar aqui comigo?"

"Você não gosta quando eu entro aqui."

"Errado. Eu não gostava, mas fiquei com saudades de você."

"Ficou? Você fala diferente..."

"Fiquei sim, porque não se aproxima para que eu te veja melhor?"

"Não vai me machucar?" Camila olhou rapidamente para Normani chocada, e voltou a olhar para a pequena assustada a sua frente.

"Nunca mais, é uma promesa!" Alguns segundo se passaram enquanto a pequena Sofia decidia se aproximar ou não. Mas com um leve incentivo de Normani, a pequena deu leves passos em direção a irmã. "Posso te abraçar?" Sofia apenas acenou com a cabeça e no segundo seguinte Camila tinha a menina em seus braços.

Camila percebeu que Sofia era muito carente pelo pouco tempo em que conversaram. A mais nova amava a irmã mesmo que Karla não a tratasse bem. Ela ficou o tempo todo no colo da latina e contou tudo o que aconteceu durante esse tempo em que ficou na casa de sua avó.

Nesse momento, em seu novo quarto, com Sofia, ela pode relaxar um pouco. Estar com a menina a fez esquecer as últimas horas, a fez pensar que talvez ela pudesse ter um pouco de conforto.

Enquanto fosse obrigada a morar ali, Camila resolveu que iria focar em Sofia. Iria dar amor e carinho a essa menina renegada. Essa seria sua vida de agora em diante. Cuidar de Sofia, dar tudo o que os pais e a irmã aparentemente não quiseram dar.

Até claro, descobrir uma forma de pedir ajuda.

Surpresas do Destino (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora