Capítulo 10

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Seis meses.

Camila estava naquela situação há seis meses. Tudo o que ouvira de Lauren aquele dia ainda assombra seus dias. Ela passou a prestar mais atenção em Sinu, tentando pegar algo no olhar de sua mãe postiça, era tão vazio quando seus olhos se encontravam.

Seu pai e melhor amiga nunca deixava suas lembranças, ela tentava se manter sempre ocupada, para não cair nesse em recordações que lhe fariam afundar em um abismo sem volta. Apenas rezava para que eles estivessem bem, apesar de ultimamente, não acreditar muito em rezas.

Agora ela estava cursando psicologia em uma das melhores faculdades de Londres, onde não deixava de ser monitorada. Em um dos jantares em família, Richard comentou que ela poderia começar uma faculdade, o que deixou Sinue bem contente. Camila achou que ela estava bem lúcida quando falou que podem tirar tudo de alguém, exceto o conhecimento que foi adquirido ao longo de sua jornada.

Não foi difícil escolher o curso. Mas significava segurança dobrada. Segurança por toda parte, e Normani chegou a cogitar que um ou dois em suas aulas era um segurança disfarçado.

..

Estava sonhando com seu pai, os dois estavam em sua pequena e aconchegante casa. O sonho era rotineiro, por isso acordava com lágrimas em seu rosto. No sonho, eles apenas se moviam pela casa, arrumando, comendo, assistindo televisão, cuidando das plantas que pai tando amava... Eles apenas viviam suas vidas.

Era tudo o que ela queria de volta. Nesse momento, ela estava sentada na pequena varanda observando Alejandro aguando uma de suas plantas, e foi quando um grunhido chamou sua atenção. Virou o rosto para trás e acabou acordando no susto, se deparando com uma figura agachada em frente a sua cama.

Estava prestes a gritar, quando o som que lhe acordou se repetiu, e aos poucos, com seus olhos já acostumados com o escuro, percebeu ser Sinue. Mais que depressa ela saiu da cama e foi até a mesma, se ajoelhando ao seu lado.

"Sinu? Você está bem? Está ferida?"

"Não... eu não sei onde eu estou. Não sei onde Rich está, e Kaki não sei mais quem eu sou..." O voz de Sinu veio chorosa, tremida e Camila sentiu dor ao ouvi-la. A figura curvada a sua frente parecia tão frágil, que foi de forma automática que Camila a abraçou.

"Shii, está tudo bem. Venha deitar com a gente." Com alguma dificuldade , Camila conseguiu leva-la para a cama. Dentando-a na mesma, e sem querer, acabou acordando Sofia.

"Mamãe?" A pergunta veio receiosa e baixinha.

"Sofia? Como você cresceu... Lembro-me de você pequenininha." Acariciou o rosto da filha mais nova, que tinha os olhos receosos.

"A senhora não está brava por eu falar?" Camila sentiu seu coração apertar ao ouvir isso, mas se surpreendeu quando Sinu abriu os braços chamando a mais nova para seu colo. Sofia , mesmo com certo receio, foi para os braços da mãe. 

Desde que nasceu, ela nunca ficou em seu colo por muito tempo, eram sempre as empregadas, Clara e Lauren que cuidava da mais nova.

Essa noite foi diferente, e Camila estava rezando para que desse tudo certo.

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A latina acabou despertando no meio da noite mais uma vez, havia tido um pesadelo e resolveu andar um pouco pelo jardim. Sinue e Sofia dormiam de forma tranquila. No primeiro andar, enquanto caminhava tentando tirar as imagens do pesadelo de sua mente, ela reparou que o escritório de Richard estava aberto. 

Ele nunca deixa a porta aberta.

Olhou em volta antes de ir sorrateiramente até lá. Apenas um abajur iluminava o ambiente. Depois de checar se estava vazio, a latina entrou rapidamente. O escritório cheirava a charuto e perfume caro, a luz baixa deixava o ambiente pesado, mas era sua chance. Não sabia o que estava procurando, mas remexeu nos papéis passando rapidamente os olhos.

Surpresas do Destino (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora