Capítulo três

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Terminei de guardar o suco na geladeira e virei para Camille.

-Você não pode de forma alguma contar pra mamãe. – falei e Camille engoliu em seco e respirou profundamente, parecendo incomodada – Ela vai ficar preocupada e vai querer vir pra cá! Vai querer investigar e ainda assim...

-Vai ficar com medo de te perder. – Camille completou e assentiu – Ela sente como se te tivesse desde que nasceu e é muito ciumenta.

-Por isso me impressionei quando ela me deixou vir pra tão longe. – falei olhando para a pequena casa que eu dividia por enquanto com Camille, então voltei meu olhar para o seu azul como o céu – Estou falando sério...

-Eu não vou falar nada, mas se você descobrir quem é sua família, você terá que falar pra ela. – Camille disse e eu assenti – Acha que seja alguém do clã Medved?

Revirei os olhos.

-Impossível. – falei e sentei no sofá verde, cafona, da sala – Deve ser de algum outro clã ao redor de Banff. Quero dizer... Não falando que eu não quero saber quem é minha família, mas... Está tudo tão bem... E o jeito que eu fui achada na Rússia, vai saber o que aconteceu!

Camille ficou na minha frente, me encarando de cima, enquanto eu me joguei no sofá. Estando usando apenas uma calça de moletom verde musgo e uma blusa branca do Blink, eu não conseguiria levar ela a sério, se o assunto não me fizesse ficar tão nervosa.

-Medved é um clã grande Micaela. – Camille falou e eu olhei pra ela com medo – Não adianta ficar com medo. Se seus pais forem de lá, é bom você ir visitar. Você tem que encarar a realidade!

-Mas você sabe como eu fui achada! – gritei levantando do sofá – Ensanguentada, machucada, infernos! Sabe-se lá o que aconteceu! Como eu fui parar na Rússia?!

-Vamos falar disso amanha. – ela suspirou – Mas você tem que ir para o clã Medved Micaela... Ou eu te chamo de Anya?

Gritei e bufei.

-Eu não sei! – senti a frustração dentro de mim, enquanto senti minha ursa acordar durante um instante, mas então some – Merda!

-O que foi? – perguntou e eu olhei com vontade de chorar.

-Minha ursa finalmente está reagindo a algo. – falei e comecei a tremer – Apesar de sempre sentir minha ursa, ela nunca se manifestou, eu nunca consegui me transformar, mas agora, quando relacionado a esse assunto, ela parece ter uma reação... E eu estou com medo do que isso significa!

-Vamos dormir descansar, pensar melhor e amanhã nós conversamos. – ela me puxou em um abraço e eu segurei as lágrimas – Se acalme.

-Eu... Eu me lembro de acordar com medo, chorando, triste... – falei engolindo em seco – No hospital eu estava apavorada e eu nem sabia por quê. A sensação me matava por dentro e eu chorava sem parar e o pior é sem saber por que! Mas agora... Talvez com a resposta... Estou tão confusa!

-Vou preparar um chá pra você se acalmar. – ela disse e se afastou – Estou aqui por ti, tudo bem?

Depois de ferver a água, as folhas, e esperar então mais uns vinte minutos, minhas irmã voltou com uma xicara de chá de erva-cidreira e camomila.

-Quando você decidir ir ver o clã Medved eu vou com você. – ela apertou uma mão minha e eu olhei para seus olhos – Somos irmãs e eu vou te apoiar.

Tomei o chá em silêncio, encostando minha cabeça no ombro da minha irmã.

Senti o cansaço que tive do dia me alcançar e graças ao chá me acalmei o suficiente pra conseguir sentir sono.

Redenção - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora