Chaeyoung's P.O.V
O relógio na parede marcava 6:00 AM. Teria de espantar a preguiça e levantar se não quisesse me atrasar para o trabalho. Saí do quarto de hóspedes e parei em frente ao quarto de Jennie, que ficava duas portas depois do meu. Ela ainda dormia tranquilamente, o que me deixou aliviada.
As últimas semanas, sem dúvida, foram as piores da minha vida. Toda essa história do acidente já havia me tirado várias noites de sono. Agora minha maior preocupação era mantê-la feliz, confortável e bem longe da minha mãe.
Park Soomi não era sinônimo de pessoa amável e simpática. Muito pelo contrário, era a pessoa mais azeda e superficial que conheci, e eu sou filha dela!
Por esse motivo meus pais assinaram o divórcio. Eu tinha nove anos, e foi nessa época que conheci a família Kim. Como amiga próxima do senhor Kim, minha mãe vinha quase todos os dias até a casa dele, chorar as pitangas sobre o fim do casamento (que ela mesma provocou). E eu, claro, sempre vinha com ela. Foi quando conheci a pequena Jennie, e passamos a brincar juntas e nos tornamos amigas.
Kim Sun hee era o completo oposto de minha mãe. Era a mulher mais doce que eu já conheci, e era muito forte também. No fundo, ela não deveria estar gostando da aproximação de Soomi de Dong - Sun, mas ela fechava os olhos para o que acontecia entre eles e focava sua atenção em Jennie e eu. Foi dela que recebi o carinho que minha mãe nunca me deu.
Lembro - me de cada detalhe do dia em que Sun hee morreu. Eu abraçava Jennie com força, tentando acalmá - la enquanto eu mesma segurava minhas lágrimas. Nós, duas pobres meninas, sozinhas no corredor daquele hospital frio, esperando Sun hee sair de um sono do qual jamais acordaria.
Meses depois, Soomi e Dong - Sun assumiram seu relacionamento publicamente. Às vezes sinto falta de minha inocência, pois naquela época não passava pela minha cabeça a ideia de que os dois estivessem tendo um caso desde antes de Sun hee morrer.
- Vocês me enojam... - pensei alto enquanto prendia meus cabelos em um rabo de cavalo alto.
O ponto alto de toda essa história, foi eu ter ganho uma irmã mais nova. Dong - Sun estava muito ocupado com o trabalho para consolar a filha de luto, então eu e Naomi ajummah tentamos sempre fazer Jennie se sentir segura e amada, mesmo que isso nunca fosse preencher o vazio deixado pela mãe.
Suspirei pesadamente. Agora que perdeu a memória, Jennie parecia ter recuperado um pouco do brilho nos olhos de quando tinha apenas oito anos. Parecia uma criança tentando entender como o mundo funcionava.
Queria que permanecesse assim, inocente, e não tivesse que lembrar das coisas ruins de seu passado.
- Como você é egoísta, Park Chaeyoung. - disse para meu próprio reflexo.
Desci as escadas e fui direto para a cozinha.
- Bom dia, ajummah!
- Bom dia, minha pequena! - ela me cumprimentou com o sorriso doce de sempre. - Dormiu bem?
- Acho que foi a melhor noite de sono que tive há dias.
- E Jennie, como está?
- Dormindo como um bebê.
- Menos mal. Aqui, fiz seu café - da - manhã, não vá se atrasar.
- Obrigada, ajummah. - comecei a comer. - Viu a minha mãe hoje?
- A senhora Park saiu cedo, disse que precisava fazer compras.
- E ela faz outra coisa da vida a não ser gastar o dinheiro do senhor Kim?
- Chaeyoung...
- Desculpe.
- Soomi não é a melhor pessoa do mundo, mas ainda é sua mãe.
Não respondi, apenas terminei meu café e me despedi de Naomi, indo direto para a cafeteria.
Apesar de muito cedo, alguns clientes já ocupavam as mesas. Vesti meu avental e comecei a anotar os pedidos. Uma pessoa conhecida dormia sobre uma pilha livros espalhados pela mesa. Sacudi seu braço de leve.
- Vai acabar ficando com dor no pescoço, pirralho.
- Ah, bom dia, Chaeyoung noona... - respondeu Jimin, a voz meio embargada pelo sono. - Chegou cedo hoje.
- Parece cansado, tem dormido mal ultimamente?
- Bem, sim. Muita leitura para colocar em dia. - ele gesticulou para a pilha de livros, agora organizada.
- Me desculpe. Por ter trocado de turno comigo, você acabou perdendo aula.
- Não precisa se desculpar. Como eu disse antes, não negaria um pedido seu.
Sorri em resposta.
- Aqui, coma. - coloquei um croissant e um copo de café na mesa dele. - Está no seu tempo vago, não é? Apenas come e descansa.
- Mas...
- Nada de mas! Se você não comer e ficar doente, eu vou te dar uma surra!
- Nossa, como você é amável...
- Eu sei. - ri, bagunçando os cabelos de Jimin, que sorriu.
- Que sorriso lindo... - cobri a boca ao me dar conta de que havia pensado alto. Por sorte, Jimin estava focado em sua refeição, então não deveria ter ouvido. Suspirei, voltando ao trabalho.
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Who are you?
Fanfiction"- Você é muito ingênuo, Jungkook. As coisas mudam, não somos mais crianças. As fantasias acabaram, isso é vida real. Eu mudei, mas parece que você continua vivendo naquela época! - ela cuspiu aquelas palavras com toda a raiva que sentia, como se es...