Hug me

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Jennie's P.O.V

- Tem certeza de que está se sentindo bem? - Chaeyoung me perguntou pela terceira vez só aquela manhã.
- Sim, tenho certeza. - forcei um sorriso. Estava recuperada do resfriado, mas o motivo da minha inquietação não tinha nada haver com a minha saúde.
A mensagem de Taehyung não saía da minha cabeça. De todas as pessoas, ele era a última que eu achei que iria me procurar. Tinha esperanças até mesmo de Jungkook falar comigo. Bom, parece que eu estava errada.

"[TaeTae: Precisamos conversar.]

[Jennie: Jura? Porque a última coisa que eu quero é olhar na sua cara.]

[TaeTae: Desse jeito parece que o beijo foi só culpa minha. Quem deu passagem foi você!]

[Jennie: Quer saber, eu nem sei porquê eu ainda estou falando com você. Adeus!]

[TaeTae: ESPERA!]

Bufei. Por que ele estava tão desesperado para falar comigo?

[Jennie: Cinco minutos.]

[TaeTae: É mais do que eu preciso.]

[TaeTae: Me encontre amanhã na praça perto da sua casa.]

Lembrei que foi lá que nos conhecemos. Ok, aquela não foi a primeira vez que nos encontramos na vida. Mas foi quando o encontrei depois do acidente. Onde começamos uma amizade.
Ainda não acreditava que ele havia feito o que fez no festival.

[Jennie: Quem te garante que eu vou?]

[TaeTae: Se você não for, eu vou até a sua casa.]

[Jennie: Acho que você não está em posição de exigir nada aqui, Taehyung.]

[TaeTae: Não estou exigindo, eu só... Preciso falar com você. Por favor.]

[TaeTae: Jennie.]

  Me assustei por um segundo. "Ele nunca me chama de Jennie". Então, a imagem de Taehyung se formou em minha mente. Aquele sorriso doce, a expressão serena. O outro lado da personalidade dele que conheci a pouco tempo.

[Jennie: Tudo bem, eu aceito. Mas isso não quer dizer que eu te perdoei, entendeu?]

[TaeTae: Obrigado!]

[Jennie: Para de ser legal comigo, está ficando estranho.]

[TaeTae: Te vejo amanhã às 10:00 AM?]

[Jennie: Tá.]

Desliguei o celular antes que ele começasse um novo assunto."

Continuei perdida em pensamentos durante o caminho para a cafeteria. Por mais que eu tenha aceitado encontrá - lo, eu não queria vê - lo.
Eu sei que eu estava errada em ter beijado ele. Mas ele não deveria ter feito o que fez. Ah, por que tudo isso tinha que acontecer?
- Jen.
- Hum?
- Já chegamos.
Quase dei de cara na porta da cafeteria. Estava tão distraída assim?
- Ainda acho que você deveria ter ficado em casa. - disse Chaeyoung.
- Não foi você quem disse que eu não podia fugir dos meus problemas?
- Sim, mas...
- Chae. - segurei - a pelos ombros, olhando em seus olhos. - Eu vou ficar bem. Agora eu tenho que ir.
- O que? Mas acabamos de chegar. Você vai realmente encontrar o Taehyung?
- Sabe que vou. É sério, vai ficar tudo bem.
Chaeyoung forçou um sorriso, derrotada. Já tinha dito que sim, o mínimo que eu poderia fazer era cumprir o que prometi.
Sem nem mesmo terminar meu café, saí do estabelecimento. O ponto de encontro não estava muito longe.
Olhei ao redor, procurando - o. Será que ele havia desistido?
- Kim.
Tive um sobressalto ao ouvir meu nome ser chamado. Me virei, me deparando com Taehyung.
Sua expressão estava diferente da de sempre. Parecia perdido, cansado. Seja lá o que estivesse o atormentando, havia lhe tirado algumas noites de sono.
- Bem, estou aqui. O que você quer?
- Primeiro, que pare de falar assim comigo.
Dei uma risada debochada.
- Você me magoa e agora quer que eu seja legal com você?
- Vai continuar jogando isso na minha cara?
- Sim! - eu disse, quase gritando.
Ele recuou um pouco por conta da minha mudança de tom. Então, suspirou.
- Isso vai ser mais difícil do que eu pensei... - ele disse.
- Isso o que?
- Olha, eu não costumo fazer isso mas... Me desculpe, ok? Eu agi como um imbecil.
Olhei para ele, incrédula.
- É assim? Você acha que um simples pedido de desculpas vai resolver tudo? Jungkook deve estar furioso comigo!
- Deve? Vocês não se viram depois do que aconteceu?
- Como você acha que vou aparecer na frente dele?
- Eu sei que não deveria ter feito aquilo, por isso estou pedindo desculpas!
- Por que você fez isso, afinal?
Ele mordeu o lábio inferior, baixando a cabeça.
- Se não ia ser sincero comigo, era melhor nem ter me chamado. Não me procure mais. - dei as costas para ele.
Estava quase indo embora de vez, quando ouvi sua voz novamente.
  - Lembra quando eu disse que você se fazia de durona mas chorava todas as noites? - ele perguntou. Sua voz praticamente  implorava para que eu ficasse, mas tudo o que eu queria era ir.
- O que tem isso? - disse, exasperada. Ele ia começar a desenterrar o passado agora?
- Eu menti. Era eu. Eu era o fraco que chorava todas as noites.
 Franzi o cenho, confusa, finalmente me virando para ele. Sua expressão relaxou quando viu que conseguiu prender minha atenção, e então ele continuou.
- Você estava certa, eu sofri por minha mãe ter me deixado. E você se sentia abandonada pela sua família. Nós dois estávamos sentindo a mesma dor, então  decidimos consolar um ao outro.
Ele suspirou mais uma vez. Parecia que dizer tudo aquilo era difícil para ele. Porém, ele continuou.
- Eu ficava impressionado com a facilidade que você tinha em ver através de mim. Através da máscara que eu vestia para as pessoas. Então, passei mais tempo com você. E, sem perceber, acabei me apegando demais.
- Taehyung...
- O pedido de namoro? Eu menti sobre isso também. Não foi você quem tomou iniciativa... Fui eu.
- Eu não entendo. Por que está me dizendo isso tudo agora?
Ele riu fraco.
- No fundo, eu sempre soube que você gostava do Coelho. Isso ficou claro quando voltamos para Seoul. Mesmo que estivéssemos namorando, eu sabia disso. Mas eu ignorava, porque só precisava de você ao meu lado, ainda que você não me amasse.
- Tae, você...
- Sim, Kim. Eu amo você.
As palavras dele me atingiram com força. Nunca imaginei que ouviria isso dele. Kim Taehyung estava me mostrando seu lado mais sincero novamente.
- Foi por isso que terminamos? - perguntei, receosa.
- Sim. Eu decidi que não podia mais te manter comigo enquanto você amava outro cara.
Sem perceber, comecei a chorar.
- Por que está chorando? - ele perguntou.
- Eu sinto muito, Tae...
- Sente pelo o quê?
- Por não poder retribuir seus sentimentos.
Ele sorriu sem mostrar os dentes e me abraçou. Por um momento, ignorei o fato de estar brava com ele e deixei que ele me acalmasse.
- Você não precisa sentir. Apenas não se afaste de mim. É tudo o que eu peço. - ele disse, tirando uma mexa de cabelo do meu rosto.
Não respondi, apenas continuei chorando.
O Kim Taehyung que todos conheciam não era o que estava em minha frente. Com memórias ou não, eu fui a única que conheceu seu lado gentil e sincero. Devia ficar ao lado dele, mesmo que como amiga.
- Agora para de chorar! - ele apertou meu nariz.
- Ai, seu idiota! - o Taehyung imbecil havia voltado. Eu jamais saberia lidar com a dualidade desse garoto.
- Então, estamos de bem? - ele estendeu a mão para mim.
- É... Pode ser. - sorri, apertando sua mão.
Ele abraçou meus ombros e passamos a caminhar até o prédio da faculdade. Apesar de estar feliz por ter meu amigo de volta, ainda estava apreensiva.
- O que foi? - Taehyung perguntou.
- Estou com um mal pressentimento. Como se algo ruim estivesse para acontecer.
- Se é por causa do Coelho, não se preocupe muito. Qualquer coisa, eu dou um soco nele.
- Eu não quero que vocês briguem de novo!
Taehyung riu. Eu sabia que ele estava brincando, mas a possibilidade dele realmente cumprir o que disse era alta, então preferi não arriscar.
  A cada passo que eu dava, mais aquele pressentimento aumentava. O que estava me incomodando tanto?
De repente, Taehyung parou de andar.
- O que foi, Tae?
- Sabe, acho que não tem problema faltarmos hoje. Já sei, que tal irmos até a sorveteria? Vamos comemorar nossa reconciliação.
- Ficou doido? O ano letivo já está acabando, não podemos perder mais nada, principalmente você.
- Um dia só não vai nos matar. - ele segurou minha mão, me puxando para a direção oposta à faculdade.
- Qual o seu problema, por que não podemos ir? - perguntei.
Taehyung parecia ansioso, como se estivesse tentando achar um motivo para não irmos à aula.
- Vamos, assistir a aula um dia não vai te matar. - disse, me virando em direção aos portões que estavam logo em frente.
Travei ao ver Jungkook logo na entrada. E ele não estava sozinho.
Uma garota, aparentemente mais nova do que eu, sorria jogando seu charme para cima dele.
Aquela cena me deu náuseas.
Então, ele me viu. Nossos olhares se encontraram e ficamos nos encarando por um tempo. A tensão entre nós era palpável.
A garota seguiu o olhar de Jungkook até Taehyung e eu. Então, sorriu docemente, indo até nós em seguida. Jeon a seguiu.
Apertei a mão de Taehyung involuntariamente. Ele percebeu meu nervosismo e devolveu o aperto. Saber que ele estava ali me deixava um pouco mais tranquila, mas não o bastante para conseguir encarar os dois que se aproximavam.
- Oi! - a voz fina da outra me tirou do meu transe.
- Oi. - respondi, sem muito ânimo.
- Ah, Jennie. - Jungkook se pronunciou, ainda sem olhar para mim. - Essa é Park Kyung - Soon.
- É um prazer conhecê - la. - ela estendeu a mão para mim. Devolvi o cumprimento.
- Ela vai começar a estudar aqui ano que vem. - Jeon continuou.
- Estávamos fazendo um tour pelo prédio. O diretor estava certo, Jungkook foi um ótimo guia! - a tal de Kyung - Soon sorriu para Jungkook, que retribuiu.
Espera, ele sorriu de volta para ela?
Taehyung limpou a garganta, chamando a atenção de todos para si.
- Ah, e esse é Kim Taehyung. - Jungkook foi muito breve em sua apresentação.
- Oi, novata. Boa sorte ano que vem. Agora, se nos der licença, precisamos ir. - sem dizer mais nada, ele me puxou para dentro.
Assim que nos distanciamos, soltei o ar dos pulmões.
- Kim, não começa a chorar agora.
- Não estou chorando. Estou indo para a aula.
- Kim, espera...
- Eu estou bem! - esbravejei, mas logo diminui o tom. - Me desculpe.
- Tudo bem. Só tenta controlar esse seu ciúmes.
- Não estou com ciúmes.
Taehyung assentiu, mas algo me dizia que não estava acreditando em mim.
- Apenas esfria a cabeça, ok?
Não respondi, apenas segui em direção à minha sala.
Eu não estava com ciúmes. Jungkook poderia ver a garota que quisesse, eu não tinha nada haver com isso. Eu apenas precisava conversar com ele e resolver nosso problema.
Eu espero que ele queira me ouvir...

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