Dead flowers

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Flores tão mortas quanto eu mesmo.

Hoje irei visitá-la já faz uma semana que não venho aqui nesse hospital, não é como se eu não tivesse tempo para Xayah, mas simplesmente é difícil vir até aqui, é um tanto triste, vazio... Como gostaria que o sorriso e a voz dela preenchessem esse local.

Paro em frente a porta de seu "quarto" e abro vagarosamente, como se eu não quisesse olhar, talvez. Meus olhos quando se encontram nela logo ficam marejados, vê-la naquela cama é realmente triste, de uma forma que eu não posso explicar, que eu não consigo... Está tão frágil, mas continua bela, ela parece um anjo.

Olhando para o lado, vejo o jarro de flores. As que eu coloquei antes já estão mortas, eu trouxe outro ramo, rosas vermelhas desta vez. Nossa, como ela ama essas rosas, bem, de certa forma combinam bem com ela.

Coloquei as rosas vermelhas no delicado jarro de vidro, substituindo as margaridas. Abro as janelas, fico impressionado em como um hospital particular, tem enfermeiras tão descuidadas.

Fui até o lado dela e me sentei em uma cadeira, fiquei observando por alguns minutos, peguei em sua mão macia, como sinto falta, como isso é doloroso... Quando será que você vai acordar? Na verdade, você vai acordar? Acabei deixando meu rosto cair até o seu, você mexeu sempre tanto com meus sentimentos, você me faz chorar tão fácil assim, eu nem era do tipo que costuma chorar, sempre soube o que fazer, sempre mantive os pés no chão. Mas agora, onde está meu chão?

É melhor eu ir agora.

Mas para onde eu vou? Para onde devo ir?

Beijo seu rosto o acariciando, me levanto e sigo, abri a porta do quarto e quando estava prestes a sair, retorno para te encarar uma última vez, e assim fecho a porta. Essa semana eu volto ou na próxima, eu não sei, te ver me deixa mal e bem ao mesmo tempo e eu não gosto dessa mistura.

Vou andando pelo corretor do hospital rumo a saída, olhando para os meus pés, um passo e em seguida outro, sem saber para onde estou sendo levado. Assim como minha vida, assim como meus dias.

- Hey, Heitor! Chamou uma voz um pouco distante. Me viro e vejo o meu melhor amigo, andando apressadamente em minha direção

- Carlos como é bom te ver, o que está fazendo aqui? Achei que tivesse viajado, naquele seu trabalho.Digo cumprimentando ele, com um abraço.

- Po cara não deu muito certo, você sabe que não curto coisas tão formais. O que está fazendo nesse lugar? Está doente?

Essa pergunta acabou com o pouco de ânimo que tive ao vê-lo.

- Xayah sofreu um acidente de carro, está desacordada, já faz pouco mais que cinco meses, não sei, eu nem vejo o tempo passar desde então.

- Cara, como isso aconteceu e como você está? A família dela sei lá... Vamos para um café conversar, você deve estar precisando.

Seguimos em direção ao café, nenhum de nós falou nada, ele sabe o quanto eu a amo e como ela é tudo que eu tenho, esse silêncio é um pouco desconfortável, mas me acostumei com o mesmo.

Entramos, e nos sentamos em uma das mesas, eu pedi um café e ele um capuccino.

- Me diga o que aconteceu, quem estava dirigindo o carro? Se não me engano Xayah não sabe dirigir correto?

- Sim, ela não sabe, mas fez isso naquela noite. Ela havia brigado com os pais dela novamente, Xayah é muito sensível na verdade, ela não sabe reagir bem com coisas que a deixam machucada. Não consigo nem olhar na cara de ambos, como conseguem ser tão rudes com a própria filha, agora olha onde ela está e eles já não acreditam que ela vai acordar.

- Imagino como se sente, mas calma, vamos acreditar mano, ela vai acordar, acredite e eu voltei estou aqui. Estou torcendo por vocês dois.

- Eu também estou tentando acreditar todos os dias que ela vai acordar, os médicos dizem que isso é bem incerto, isso me deixa desacreditado, mas sei que ainda tem chances, mesmo que poucas.

- Olha, não pensa nisso. Mas e como está o restaurante do seu pai, está trabalhando muito?

- Estou, isso no mínimo faz eu me distrair um pouco, mas não converso tanto com meus pais, estamos bem, não estamos brigados nem nada do tipo, mas você sabe que eles não gostam tanto da Xayah, por ela ser um tanto simples, eu pago o hospital onde ela está e meus pais dizem que estou perdendo dinheiro atoa, isso me deixa irritado.

- Que chato, mas tu mora sozinho e isso já é um começo, para eles não ficarem tanto no seu pé sobre isso, e seus pais pararam com aquilo da Beatrice? Antes de viajar, lembro que Xayah estava muito triste, pelos seus pais empurrarem tanto para cima de ti a Beatrice amiga de sua irmã mais nova.

- Faz tempo que não vejo a Beatrice, vez ou outra eles falam sobre ela, mas eu não tenho muito tempo para prestar atenção nisso.

- Heitor tenho que ir agora, mas me manda mensagem, esse é meu número novo, vou estar esperando em, não esquece.

Nos levantamos e despedimo-nos, sigo para um lado e ele para o outro. Já nem me lembrava mais como é reconfortante conversar com alguém assim. Um leve sorriso de esperança se fez em meus lábios inconscientemente, talvez seja bom eu pensar um pouco em mim agora.

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⏰ Última atualização: Jan 22, 2022 ⏰

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