POV Marco
A sensação de ter Victoria por perto me trouxe novamente a paz. Ao chegar em casa Igor e meu pai estavam no sofá, ele teve alta poucas horas depois do procedimento.
— Como foi, filho?
— Nós colocamos o papo em dia e ela parece feliz.
— Você vai tentar concertar tudo que fez?
— Não, Igor, eu só quero voltar a ser o melhor amigo dela. Eu já vacilei demais, ela merece alguém que a faça feliz como eu nunca pude.
— Marco, você errou, mas também a fez feliz, eu e sua mãe sempre notamos o sorriso verdadeiro e o brilho nos olhos que vocês dois tinham quando estavam juntos desde crianças, só você que nunca percebeu isso e deixou aquela garota incrível escapar por causa de um bando de abutres.
Eu respirei fundo, sabia que ele estava certo, e o pior é que eu a tratei como qualquer uma quando deveria tê-la tratado como única.
— É, pai, mas parece que o noivo dela a trata como a mais especial das mulheres e ela merece isso.
— Mas que ela ficou mexida com sua presença, isso ela ficou — Igor falou dando de ombros.
Fui pro meu quarto e peguei um velho álbum de fotos, ela sempre esteve lá, eu não posso impedi-la de ser feliz, eu a amo demais pra isso.
— Ela sabe que você foi até o aeroporto? — meu irmão entrou no quarto, me assustando.
— Não, eu não contei e nem contarei.
— Marco, você tem que lutar pelo amor dela.
— Não, eu tenho que vê-la feliz, mesmo que não seja comigo. Eu não sou homem pra ela.
Igor saiu do quarto, me deixando finalmente pensar, eu quero tê-la pra mim, mas ela merece ser feliz de verdade.
...
— O que está fazendo? — ela perguntou quando me aproximei dela e toquei seu rosto, tinhamos 12 anos, ainda não havíamos dado nosso primeiro beijo e, não sei porque, eu queria que fosse com ela — Marco...
Não dei tempo para que ela falasse, tomei seus lábios, ela deu um passo atrás com a surpresa, mas eu não iria deixá-la sair dos meus braços. Quando ela cedeu ao meu toque eu abri e boca e pedi passagem com a língua, tinha conversado com meu irmão e ele me explicou mais ou menos como se faz isso.
Ela abriu a boca também, nossos movimentos eram lentos, carinhosos, o beijo era algo estranho, mas um estranho bom. Eu senti partes do meu corpo se acenderem, me afastei lentamente dela.
— Isso foi, uau — falei sorrindo, ela ainda me olhava um pouco assustada, fiquei preocupado — O que foi, Vic, não gostou?
— Ah, não, Marco, nada disso — ela disse meio confusa — É só que... Isso foi estranho — ela não gostou? — Mas um estranho bom, é que ninguém nunca tinha colocado a língua na minha boca — ela disse divertida, me fazendo rir.
— Você é incrível, sabia? — toquei seu rosto e a beijei mais uma vez.
Duas semanas depois eu comecei a beijar outras garotas, não posso diz que não sabia o que estava fazendo, pois eu sabia.
Eu só não percebi que estava magoando a única mulher por quem eu realmente me apaixonei. Victoria me observava saindo com infinitas mulheres, eu contava a ela cada uma das minhas conquistas. Isso nos aproximava como amigos, mas nos afastava como amantes.
— Vic, peguei a Isabele, sabe aquele gata da outra sala? — tinhamos 14 anos e eu estava começando a fazer sucesso com as garotas mais velhas, Isabele tinha 15.
— Sério? — ela perguntou saindo do banheiro com um roupão e secando o cabelo na toalha — Ela é mais velha, ne?
Me levantei de sua cama e passei os braços em volta de seu corpo, ela estava sentada em frente a penteadeira.
— Não, Marco — eu cheirei seu cabelo e beijei seu pescoço — Para, eu não vou te beijar, não quero pegar baba da Isabele — ela falou o nome com nojo, eu ri e voltei a me sentar na cama, tinhamos essa liberdade.
— Eu vou dormir com ela — vi seus ombros caírem — Hoje a noite.
— É melhor você ir, não vai querer deixar a Isabele esperando.
— Está tudo bem? — perguntei preocupado.
— Ta, Marco, eu só quero deitar e dormir.
— Tem certeza? — acariciei seu rosto e ela fechou os olhos apoiando a bochecha na minha mão — Sabe que pode me falar se algo estiver te incomodando.
— Eu sei, mas agora só quero deitar um pouco, minha cabeça está doendo, não esquece de se depilar, porque ninguém merece ficar com gente peluda — ela disse divertida e deu uma risada fraca.
— Pode deixar — beijei sua testa e fui embora rindo.
No dia seguinte acordei cedo e fui até a casa dela.
— Bom dia, senhor Tomas, Dona Luísa, Ana — cumprimentei seus pais e sua irmã — Ela ainda está dormindo?
— Ta sim, Marco, vá lá acorda-la e desçam para o café — sua mãe disse me dando em beijo na bochecha.
Subi as escadas correndo, entrei em seu quarto e a encontrei linda, um pijama curtinho, deitada de bruços com o rosto sereno, eu ainda estava com sono, então tirei a camisa e me joguei na cama ao lado dela.
— Marco? — ela sussurrou com a carinha amassada.
— Eu tenho muita coisa pra te contar.
— Não, só me diz se foi bom, me poupa dos detalhes.
— Foi incrível, você tem que experimenta.
— Dispenso — eu a puxei para os meu braços, ela se aninhou em meu peito e dormimos.
— É quase hora do almoço, levantem — dona Luísa entrou no quarto e abriu as cortinas — O café ainda esta na mesa, mas comam pouco pra não perderem o apetite do almoço.
Ela fechou a porta do quarto e eu me levantei.
— Marco, suas costas — Vic disse assustada.
— Ah, isso — olhei por cima do meu ombro — É normal, as unhas dela eram grandes.
Vic passou uns dias estranha comigo, ela parecia distante, eu sabia que estava sofrendo, mas não sabia porque, então minha mãe adoeceu.
...
— Merda, eu sou um idiota — bati em minha própria cabeça, era muito obvio que ela estava apaixonada por mim, mas eu estava preocupado demais em pegar o máximo possível de mulheres para pagar de fodão pros garotos da escola. Vic sempre foi linda, mas ela nunca foi aquele padrãozinho que a gente pega no ensino médio, caralho, eu sou um idiota por ter me importado com isso.
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Ainda Sou Eu - Marco Asensio
FanfictionQuando o destino decide que você pertence à alguém, não importa quantas voltas a vida dê, você sempre parará no mesmo lugar. É como um rio, você pode atirar pedras causando ondulações, mas a corrente sempre se corrige. ATENÇÃO: O Wattpad alterou a o...