1945, Japão.
Chuva. Era irônico que no meio de um cenário desses ainda pudesse chuver, num ato tão inocente, puro e belo que era a chuva. Mas ela se condensava entre a terra que deveria estar por de baixo do asfalto a muito retirado. Havia corpos no chão.
Frios, sem vida, mortos.
Eles eram apagados pelo chuva que não os queria ali, eram encobertos por lama, e era como se nunca estivesse ali. Eram tempos de guerra, sempre era tempos de guerra. Mas ali as bombas era desperdiçadas em locais que nem havia alma viva, mas ali, em meio a isso tudo havia uma mulher peculiar, andando como se fosse ir ao mercado novamente enquanto segurava firmemente um guarda-chuva. Havia outra, menor e visivelmente mais nova segurando uma porta e tomando chuva.
- Mais rápido senhora! - ela tentava ver entre a luz que as bombas faziam.
As longas madeixas loiras esvoaçavam pelo vento trazendo chuva, a lama espirrava para todos os lados, e ironicamente nenhuma gota espirrava nela. Ela por um momento viu pela lateral do olho olhos a observando.
- Interessante... - ela murmurou, então olhou para a outra - Shizune, por favor comece sem mim, preciso resolver algumas coisas.
- Hai, Tsunade-sama - Shizune antão fechando a porta. Tsunade voltou seus olhos para a floresta e seguiu para onde os dois olhos dourados sumiram.
Ela começou sua caminhada para aqueles arbustos que não foram destruídos, a luz que estava no chão chamou a sua atenção, e ao ver percebeu ser uma bomba, ela semisserrou seus olhos e a bomba se desfez com um kanji escrito em seu nariz, ela se desintegrou em um pequeno buraco negro, pra onde foi ela não sabe. E então voltou a sua rota.
O mamífero saiu dentre os arbustos, seu pelo branco puxado para o cinza denunciou que era um lobo, ela pode ouvir seus ossos se quebrando e se realocando formando membros humanos, um homem apareceu a sua frente por detrás de arbustos, não vestia roupas, uma vez que na forma de lobo suas roupas se rasgavam.
- Faz tanto tempo que não lhe vejo, mas sua estupidez deve ser a mesma! Nossa, como você engordou, parece acabado - a risada nasal veio logo em seguida do homem que com um olhar arrogante encarou a mulher.
- De você não posso dizer algo bom. - sua risada foi contagiante, até que ele foi acertado por um galho junto das poucas folhas sobreviventes do outono. Tsunade perdeu seu guarda-chuva no processo e ao olhá-lo ela percebeu que já estava cheio de lama. O homem se levantou com certa dificuldade - O temperamento difícil não mudou nada! Sempre muito explosiva.
- Baka!- a mulher cruzou os braços- Fala logo o que você quer Jiraya. Sabe, tenho pressa. - a loira fez pouco caso, mas por dentro estava nervosa para isso acabar logo. Pôs uma mão no quadril.
- Bem, - seu olhar se tornou sério - Fungaku pediu-me para lhe chamar, o grande mestre está em revisão e quer, ele precisa - se auto-corrigiu - da sua ajuda. Ele precisa encontrar a criança da profecia. - o último "precisa" foi dito com urgência.
Depois que o antigo mestre morreu, o mestre Jin de ano em ano passa por alcatéias, clãs, famílias reais e tudo o mais apenas em busca da criança que poderia salvar ou destruir tudo, e como sempre foi perda de tempo.
- Jogou seu tempo fora. Não estou em condições de ir, estou com um problema nas mãos nesse instante, se virem. - a loira iria seguir seu caminho atrás de Shizune, mas Jiraya segurou seu braço, sem forca alguma, apenas um toque que mesmo naquele temporal era quente.
- Você sabe que não tem opção, és a última portadora do Byakugou, a única que sabe e pode desvendar o oráculo! - ele gesticulou em desespero, estava levando mais tempo do que queria. - Tsunade, precisamos achar a criança, ele ou ela, e só ela pode salvar tudo o que somos, o mundo sobrenatural que conhecemos. - ele praticamente lhe implorou - Eu não quero morrer ainda.
Tsunade sabia que Jiraya estava coberto por razão, ao invés de roupas... o oráculo era um longo pergaminho infinito em que suas linhas já a muito gastas traçavam o destino de cada pessoa, desde o primeiro suspiro de vida até o primeiro suspiro de morte, ele surgiu depois da morte do Sábio antecessor a Jin, onde uma cerimonia de luto era realizada e uma pequena luz pálida deu origem ao pergaminho. Após o massacre de seu clã pelo Orochimaru, Tsunade jurou vingança, a mais sangrenta e dolorosa vingança que podia pensar e isso não era pouco, logo como prova se sua lealdade só ela poderia traduzir o oráculo de trás para frente e vice-versa. Mas naquele dia, naquele momento o mundo sobrenatural talvez não estivesse morrendo.
- Talvez eu... - ela pôde perceber o olhar intrigado do homem e percebeu que estava quase se denunciando - Esqueça!... como... como a Mikoto está?
- Mal, os curandeiros acham que ela só tem dias de vida, com alguma sorte. Fungaku e os garotos estão desesperados e... não importa agora, precisamos ir. - ele tentou em vão puxar a loira, mas ela esquivou - O que você tem? Antigamente você viria sem objeções. - o grisalho olhou-a profundamente como se a lê-se e descobrisse sua máscara - Sabe que pode confiar em mim. - ela sabia, mas não podia arriscar, seu olhar voltou para ele arredio.
- Isso ainda vai me custar um membro - murmurou andando de um lado para o outro, ela parou bruscamente olhando para cima, a fumaça e a chuva, se deu conta de como estavam encharcados e se martirizou por isso. Não queria ficar doente. Suspirou - Hoje eu deixarei de ser a última portadora - enquanto se vira pode ver a expressão chocada do homem - Consegui ler o oráculo, a criança nasce hoje, já deve ter nascido. - Jiraya estava surpreso e não disse nada, a loira apenas observava a espera de alguma reação que mal conseguia formar uma palavra
- Tsunade... mas como...você, quem... droga Tsunade isso é traição e das graves! Precisamos contar imediatamente ao Jin-sama - Jiraya se virou para avisar ao Jin- sama.
- Nem se atreva! - Tsunade segurou seu pulso firmemente. Talvez a pele pudesse ficar roxa.
- Não podemos esconder isso! Essa criança pode muito bem ser uma arma! - o tom de voz de Jiraya era urgente.
É isso que eu eu temo... - Jiraya ficou surpreso logo prestando mais atenção - Por um único e mísero momento alguém pensou que se tratava de um bebê? Um que o destino foi cruel pondo esse fardo nele? Ele não tem culpa por isso! - Jiraya estava surpreso, conhecia Tsunade a tanto tempo e sabia tudo o que houve com ela, como a herdeira de seu clã fracassou em protegê-los. Mas ali foi a primeira vez que ele a viu temer por algo - Jiraya, se entregarmos a criança... ela nunca pode ter uma vida, só vai saber matar por algo nunca irá entender. E depois? Irão abandoná-lo? Jiraya, e se fosse seu filho?
Ela tocou na ferida, ela sabia que isso iria machucá-lo, Jiraya a muito teve um filho com sua companheiro, ambos foram arrancados de seus braços, por mais uma vez o culpado era Orochimaru.
- Se fosse meu filho... eu lutaria por ele, mesmo que isso custasse meus braços, pernas ou minha vida eu iria matar por eles e morrer por eles. - o que mais surpreendeu foi o que ele terminou com um ponto final - O que tenho que fazer?
- Apenas confia em mim... - Tsunade disse, ela poderia apelar para o sentimental, mas não tinha tempo.
- É o que venho fazendo durante a minha vida inteira!
E naquela sangrenta guerra, com bombas caindo sobre o barro, desafiando a chuva a apagar suas chamar, com o inverno chegando cruelmente, eles se encaram por breves segundos até que Tsunade foi embora. Jiraya se transformou em lobo novamente e a seguiu.
...
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MY WOLF
WerewolfA muitos anos o grande profeta, previu uma época de caos e guerra por apenas um homem sedento por poder jurando controlar o mundo sobrenatural, mas aquele cujo nascera no nascimento de Cristo poderia salvar todos eles, a criança escolhida e sua sina...