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Hospício
Uma palavra tão pequena, fácil de pronunciar, mas com um peso tão grande.
Hospício
Capaz de mudar vidas, rumos, histórias, destinos.
Quando eu era menor ouvi dizer algo sobre lá. Uma casa grande e velha, caindo aos pedaços. Onde pessoas malucas ficavam. Papai ja me tentou colocar la, mas por algum motivo não deu. Fico agradecida por isso. Não sou maluca! Não mesmo! Não quero ir pra lá! Vou fazer de tudo para que isso não aconteça!

Acordei no outro dia já dentro do carro, enquanto vovô e Tio Ricardo brigavam baixinho do lado do mesmo.

- Não faça isso, Ricardo! Eu imploro! Deixe-me cuidar deles!

-Já está decidido, pai. Ao chegarmos na cidade vou deixar Ravi em casa com Marlene e levar essa garota ao lugar de onde ela nunca deveria ter saído. Por negligência de Cristhofer, ele e minha queria irmã morreram e não tenho duvidas de que foi ela quem matou minha mãe e aquele policial também. Já está decidido, por favor não insista!

- Foi um acidente, Ricardo!

- Quem pode provar? 

- Ricardo...

-Chega! Temos que ir! Fique com Deus e me ligue se algo acontecer.- ele beijou a testa de vovô- Eu te amo, pai, e só quero te proteger! Não posso perder você também.

 Agora, minhas costas pareciam pesar uma tonelada. Lágrimas caiam de meu rosto e eu mal sabia o motivo. Papai e mamãe. Esse era o motivo. 

Fingi dormir a viagem inteira, pois não queria encarar as acusações de Ricardo contra mim. O carro parou e Ricardo chamou Ravi para descer.

- Venha, com calma para não acordar sua irmã.

Ele desceu eu eu pude ver a linda casa onde ele iria ficar. Era gigantesca e tinha árvores e flores para todos os lados. Ela linda demais. Dei um sorriso ao saber que ele estaria em um bom lugar, agora eu...

Depois de deixa-lo na porta com uma mulher linda, ele voltou ao carro e o ligou. O motor rangente me fez arregalar os olhos num susto. 

- Que bom que acordou.- disse ele - Estamos quase chegando à sua nova casa.

- Casa? Achei que me levaria ao hospício.

- Quem disse isso?

- Você. - Ele engoliu seco e desviou o olhar.

- Era uma brincadeira. Lá é muito legal, você vai gostar.

- Vou?

- Com certeza!

 Olhei pela janela e vi como mudou o cenário. Aquela vista linda, limpa e colorida havia se transformado em algo rude, cinzento e grotesco. As casas eram velhas e sujas. Os gramados altos ou mal aparados. Até as pessoas eram feias e mal-encaradas. Ele parou o carro em frente a um casarão que, na minha opinião, parecia ter saído de um filme de terror mal feito. Suas paredes de madeira escura e cinzenta tinham lodo. Uma mulher velha, feia, rabugenta e medíocre  nos atendeu. 

- Entre. - disse ela com uma voz forte 

- Vamos. - falou Ricardo entrando na escuridão húmida.

- Não vou entrar ai!

A mulher pegou em meu braço com as mão frias como gelo e me puxou para dentro.

- Vai sim! - disse ela.

Lá dentro havia crianças por todos os lados. Mas não pareciam felizes. Estavam tristes, amuadas, com medo. Uma chorava sem parar, mas quando viu a senhora feia, parou na hora.

- Bem vinda, ao Lar de Crosfields.



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